"Nós estamos vivendo algumas confusões na América do Sul. Não é mais mesma de 2002, de 2004, 2006. Nós vamos ter problemas políticos. E, em vez de reclamar dos problemas políticos, nós temos que ser inteligentes e tentar resolvê-los, tentar conversar. Tentar fazer com que as pessoas aprendam a conviver democraticamente na adversidade", disse Lula -  (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

"Nós estamos vivendo algumas confusões na América do Sul. Não é mais mesma de 2002, de 2004, 2006. Nós vamos ter problemas políticos. E, em vez de reclamar dos problemas políticos, nós temos que ser inteligentes e tentar resolvê-los, tentar conversar. Tentar fazer com que as pessoas aprendam a conviver democraticamente na adversidade", disse Lula

crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nessa terça-feira (21/11), que não tem que gostar "do presidente do Chile, da Argentina, da Venezuela". A declaração do chefe do Executivo ocorreu durante evento de formatura no Instituto Rio Branco, dois dias após a vitória de Javier Milei como presidente na Argentina.

O petista defendeu, por outro lado, diálogo e acordos com os líderes mundiais afirmando que a América do Sul está "vivendo algumas confusões" e que provavelmente vai enfrentar problemas políticos. "Nós estamos vivendo algumas confusões na América do Sul. Não é mais mesma de 2002, de 2004, 2006. Nós vamos ter problemas políticos. E, em vez de reclamar dos problemas políticos, nós temos que ser inteligentes e tentar resolvê-los, tentar conversar. Tentar fazer com que as pessoas aprendam a conviver democraticamente na adversidade", apontou.

Lula não mencionou nominalmente o nome de Milei, mas citou o país como exemplo, entre outros.

"Eu não tenho que gostar do presidente do Chile, da Argentina, da Venezuela. Ele não tem que ser meu amigo. Ele tem que ser presidente do país dele, eu tenho que ser presidente do meu país. Nós temos que ter política de Estado brasileira e ele, do Estado dele. Nós temos que nos sentar na mesa, cada um defendendo os seus interesses. Como não pode ter supremacia de um sobre o outro, a gente tem que chegar a um acordo. Essa é a arte da democracia. A gente tem que chegar a um acordo. E aí é preciso ter capacidade de negociação, de convencimento, de ceder", emendou.

O presidente comparou a democracia a um casamento. "Nada é mais parecido com a democracia que um casamento porque, no casamento, quando você casa e tem filhos, todo dia, a gente faz concessão. Se não for assim, acaba o casamento e acaba uma coisa grandiosa chamada diplomacia brasileira, que, quer queira ou não, é uma das mais respeitadas e elogiadas no mundo inteiro. Se tem uma coisa que temos que ter orgulho é da diplomacia brasileira".

Por fim, disse que o Itamaraty precisa receber orientação de que, qualquer autoridade, independente da nacionalidade e viés político, será atendida pela diplomacia brasileira.

"Acho que no nosso governo, Mauro [Vieira], o Itamaraty tem que receber orientação qualquer autoridade brasileira que chegar no exterior e precisar no Itamaraty, o Itamaraty tem que atender sem saber quem é, se ele gosta do governo, se não gosta, se gosta do Lula, se não gosta. Até porque ninguém está obrigado a gostar de ninguém. Estamos obrigados a conviver de forma civilizada democrática e respeitosa entre os seres humanos. Esse é o mundo que poderemos construir", concluiu.

No último dia 19, após o segundo turno, Lula parabenizou as instituições argentinas pelo processo eleitoral e desejou sorte ao governo eleito pelo povo argentino. Sem citar o nome do candidato vitorioso, Milei, disse que o Brasil "sempre estará à disposição para trabalhar junto com nossos irmãos argentinos".