Alexandre Kalil recebeu homenagem na camara dos vereadores 06.05.2011 -  (crédito:  Bruno Cantini )

Alexandre Kalil recebeu homenagem na camara dos vereadores 06.05.2011

crédito: Bruno Cantini

Mais maduro politicamente, o ex-prefeito de BH Alexandre Kalil (PSD) aprendeu um dos dribles dos políticos, como, por exemplo, fingir-se de morto. O ‘novo posto’ de observação ampliou sua visão do jogo, convencendo-o de que, a cada eleição, nova avenida se abre, ou seja, a próxima sucessão estadual.

Kalil assimilou mais ao fazer balanço dos erros e acertos de sua fracassada campanha para governador em 2022. Ele surgiu na política como outsider e se perdeu quando associou seu nome a um político, tornando-se um dos principais cabos eleitorais de Lula (PT) em Minas. Disseram-lhe que o petista teria milhares de votos de frente no estado, mas venceu Bolsonaro por só 50 mil votos, uma vantagem do tamanho de deputado estadual.

Entre um turno e outro, Lula desidratou pelo crescimento do bolsonarismo e do antipetismo. Com isso, a vantagem de Kalil na capital mineira virou pó. Perdida a eleição, refletiu e está corrigindo os rumos. Afastou-se de Lula e do PT, até porque nem foi chamado para o governo petista. Coincidentemente ou não, o distanciamento lhe fez bem.

É o que diz a pesquisa do instituto Doxa divulgada hoje pelo Estado de Minas. O dado é de que, na sondagem estimulada, ele aparece na liderança com 47% das intenções de votos para governador entre os belo-horizontinos; em 2º lugar, vem o extremista Nikolas Ferreira (PL) com 18%; o senador Carlos Viana (Podemos), com 11%; o correligionário dele e presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD), 6%. A pesquisa foi feita entre 21 e 23 de outubro e ouviu 1.350 pessoas em BH.

Outros sinais de recuperação é que, hoje, o ex-prefeito de BH é o maior cabo eleitoral para 2024 na eleição da capital. Dos entrevistados, 55% têm grande possibilidade de votar no candidato apoiado por ele; 24% acham que poderiam votar e 22% não votariam. Foi considerado por 57% o “melhor prefeito de BH dos últimos tempos”. Resta saber o que fará com esses dados. Aprendeu também que é possível controlar a emoção e ficar observando a cena política, mas não pode esquecer o interior.

Comunicação desafia Fuad

O prefeito de BH, Fuad Noman, continua quietinho apesar de orientações em contrário de especialistas. A avaliação de seu governo é de 60% de acordo com a pesquisa Doxa, mas lhe impõe dois desafios de comunicação. O primeiro é associar seu nome, desconhecido por mais de 70% dos belo-horizontinos, à gestão aprovada. O segundo é superar concorrentes que vêm dessa área: apresentadores de rádio e TV.

Brumadinho zero

Pressionado pela oposição, como o vereador Gabriel Parreiras (PTB), o prefeito de Brumadinho, Avimar Barcelos, o Nenem da Asa (PV), põe a cidade na lista dos municípios com tarifa zero. A partir de 17 de dezembro, Brumadinho será o 86º município brasileiro a oferecer transporte público gratuito. E mais, trocou a empresa, adiantando que haverá frota renovada, com ar-condicionado e outros confortos.

Pauta prioritária eleitoral

Favorecido pelo acordo da Vale, após a tragédia em Brumadinho, Nenem da Asa faz da medida uma espécie de abertura das eleições municipais do ano que vem. Ele não poderá ser candidato à reeleição, mas com certeza será forte cabo eleitoral. Depois de São Paulo, Minas está em segundo lugar com 23 municípios com a tarifa zero. Ao contrário da capital paulista, onde o assunto virou bandeira, BH trata o tema em 4º lugar, de acordo com pesquisa do Doxa. Saúde vem em 1º lugar. O transporte público gratuito era, há 10 anos, realidade em só dez cidades. Autor do livro "A Razão dos centavos", que trata do tema, o professor Roberto Andrés, da UFMG, adianta que a pauta será prioritária no debate eleitoral de 2024.

RRF domina o debate

Hoje, recomeça o embate entre governistas e oposicionistas na tramitação, na Assembleia Legislativa, do projeto de Zema de aderir Minas ao Regime de Recuperação Fiscal. Até o momento, o placar é de 3 a 1 para a oposição, que, de regimento em punho, vai impedindo a aprovação da matéria, mas tem lá seus limites. Enquanto isso, outras repercussões vão se somando. O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD), entrou no assunto, cobrando diálogo de Minas com o governo federal.

Juros e constatações

O governador interino de Minas, Mateus Simões (Novo), voltou de Brasília, reclamando das altas taxas de juros cobradas pelo governo federal sobre a dívida dos estados. Constatação 1: o governo Zema, do qual ele é vice, nunca pagou um centavo sequer dos tais juros da dívida por ter sido beneficiado de liminar conquistada pelo antecessor, Fernando Pimentel (PT), junto ao STF, suspendendo o pagamento do serviço da dívida. Constatação 2: juntos, juros e o não pagamento de Zema, fizeram a dívida de Minas explodir em cerca de R$ 50 bi.

Vai em paz, Paulo Lott!

Partiu ontem, aos 90 anos, um ícone do jornalismo mineiro e do sindicalismo. Como presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas, o ex-jornalista do Estado de Minas Paulo Lott enfrentou a censura, uma bomba e esteve sempre na defesa da democracia, da classe e da liberdade de expressão. Que siga em paz em sua trajetória de luz.