Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro detalhou o funcionamento do 'Gabinete de Ã?dio' de Jair Bolsonaro em sua delação premiada -  (crédito: Bruno Spada / Câmara dos Deputados)

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro detalhou o funcionamento do 'Gabinete de �dio' de Jair Bolsonaro em sua delação premiada

crédito: Bruno Spada / Câmara dos Deputados

O ex-ajudante de ordens do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, disse em sua delação premiada à Polícia Federal que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a ex-primeira dama Michelle faziam parte de um grupo que incitava o ex-chefe do Executivo a não aceitar a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas em 2022 e a dar um golpe de Estado. As informações foram dadas pela coluna de Aguirre Talento no portal UOL.

Segundo o depoimento de Cid, esse grupo de conselheiros dizia para Bolsonaro que ele teria o apoio de vários setores da população, incluindo dos CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores), que tiveram o acesso a armas facilitado durante o governo do ex-presidente.

 

Para a coluna, a defesa de Jair e Michelle Bolsonaro afirmou que as acusações são "absurdas", enquanto Eduardo disse que a "narrativa não passa de fantasia, devaneio".

Também citado na delação, o senador Flávio Bolsonaro estaria em um outro grupo, considerado mais moderado, que tentava convencer Bolsonaro a se pronunciar publicamente e aceitar o resultado da eleição.

Após o resultado final do segundo turno da eleição, o ex-presidente só se pronunciou publicamente mais de 44 horas depois, em 1º de novembro, mas não admitiu abertamente a derrota. Ele afirmou que as manifestações que ocupavam as ruas na época demonstravam um "sentimento de injustiça" do povo.

Segundo o que foi dito por Cid na delação, a resistência de Bolsonaro em admitir a eleição de Lula e desmobilizar os acampamentos golpistas em frente a quartéis-generais das forças armadas era porque o então presidente acreditava no aparecimento de algum indício de fraude nas urnas para anular o resultado. Nenhuma prova foi encontrada.

Bolsonaro também mantinha a esperança de que os militares aderissem ao discurso dos golpistas. Segundo o que foi dito por Cid à PF, Bolsonaro teria se reunido com a cúpula das Forças Armadas, após o segundo turno das eleições presidenciais, para discutir a possibilidade de uma intervenção militar e reverter o resultado que elegeu Lula para a presidência. Segundo o tenente-coronel, apenas o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, aderiu à proposta golpista.

Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio, em uma operação da PF que investiga a inserção de dados falsos de vacinação da covid-19. Após ter seu pedido de delação premiada homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Cid foi liberado de um quartel onde estava detido no dia 9 de setembro.