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Confiança nas Forças de Segurança Pública

Casos de abuso, que infelizmente ocorrem, devem ser investigados e punidos, mas é preciso reconhecer o trabalho de milhares de profissionais

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Coronel PM Ailton Cirilo

Especialista em Segurança Pública

Uma pesquisa recente do Datafolha aponta que 51% dos brasileiros acima de 16 anos têm mais medo do que confiança na polícia, resultado que acende um alerta para todos nós que atuamos na segurança pública. Os dados não apenas refletem percepções, mas são um termômetro da relação entre sociedade e as forças de segurança, que deve ser baseada em parceria e proteção.


O estudo revela ainda diferenças significativas entre grupos sociais. Mulheres, pessoas negras e eleitores de determinadas ideologias políticas relatam maior temor em relação à polícia. Tais recortes demonstram um desafio estrutural que transcende a atuação policial em si.


Como podemos construir uma polícia que seja percebida como agente de confiança ao invés de medo? A resposta exige um esforço integrado, que perpasse pela educação, tecnologia, investimento e uma avaliação de nossos processos.


A formação policial necessita ser mais sensível às realidades da nossa diversa sociedade. Direitos humanos não podem ser vistos como um obstáculo, mas um alicerce. Uma polícia que compreende as nuances culturais e sociais do país é mais eficaz e menos propensa a excessos.


Além disso, é fundamental que os profissionais de segurança tenham acesso a ferramentas tecnológicas modernas, permitindo tanto a eficiência operacional quanto a redução de confrontos desnecessários. O artigo 144 da Constituição Federal nos lembra que a segurança pública é dever do Estado, mas também responsabilidade de todos.


Para que a polícia inspire mais confiança, é fundamental que ela atue de forma transparente e que a população compreenda as complexidades do trabalho policial. Protocolos claros, uso proporcional da força e um diálogo contínuo com a comunidade são passos essenciais nesse sentido.


A exemplo dessa leitura de ambiente, a PMMG tem desenvolvido o Plano Estratégico (desde o ano 2000) que compreende um período temporal, podendo ser revisto e adequado a qualquer tempo. Com o propósito de qualificar e capacitar os policiais militares na aplicação de técnicas e protocolos no cumprimento da lei, também é importante refletir sobre como as forças de segurança são retratadas.


Casos de abuso, que infelizmente ocorrem, devem ser investigados e punidos, mas é preciso reconhecer o trabalho de milhares de profissionais que arriscam suas vidas diariamente para proteger a população. É hora de construir pontes, e não muros, entre a polícia e os cidadãos.


A tarefa não é simples, mas é urgente. Reverter os índices de medo e consolidar a confiança nas forças de segurança depende de um esforço coletivo muito grande e de uma liderança comprometida.


Como presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar de Minas Gerais e do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (AOPMBM), reafirmo meu compromisso em buscar soluções que fortaleçam a relação entre polícia e sociedade. O Brasil merece uma polícia que proteja, eduque e inspire. 

editorial

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