O Brasil é o país com maior incidência de raios no mundo, registrando cerca de 77,8 milhões de descargas elétricas que atingem o solo todos os anos. Com a chegada das tempestades, principalmente durante o verão, velhos mitos e dúvidas sobre como se proteger ressurgem. A cidade de São José dos Campos (SP), inclusive, abriga o Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), um centro de referência no estudo do fenômeno.

As tempestades e raios podem representar grandes perigos para a população caso não sejam seguidas medidas de proteção e segurança. De acordo com Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um raio, além de matar, pode causar queimaduras e danos ao coração, pulmões, sistema nervoso central e outras partes do corpo, através de aquecimento e uma variedade de reações eletroquímicas.

Diante de tanta informação e crenças populares, fica difícil saber o que é realmente perigoso. Anualmente, o fenômeno provoca cerca de 110 mortes no Brasil, o que reforça a importância de entender o que é fato e o que é ficção para garantir a segurança de todos. Por isso, esclarecemos os principais mitos e verdades sobre os raios.

5 mitos e verdades sobre os raios

1. Usar o celular na tempestade atrai raios?
Mito. A chance de um raio ser atraído por um celular é praticamente nula. A quantidade de metal no aparelho é muito pequena para influenciar a trajetória de uma descarga elétrica. O verdadeiro perigo está em usar o celular em áreas abertas e expostas, como campos de futebol ou praias, durante uma tempestade. Dentro de casa, o uso é seguro.

2. Cobrir espelhos evita que eles atraiam raios?
Mito. Essa é uma crença antiga, da época em que os espelhos eram fabricados com grandes placas de metal em sua composição. Atualmente, os espelhos modernos não possuem material condutor suficiente para representar um risco. Portanto, não há necessidade de cobri-los durante uma tempestade de raios.

3. Dentro de um carro, estou protegido pelos pneus de borracha?
Verdade em parte. Você está seguro dentro de um carro, mas não por causa dos pneus. A proteção vem da carroceria metálica do veículo (o que exclui modelos conversíveis ou de fibra de vidro), que funciona como uma "Gaiola de Faraday". Se um raio atingir o carro, a eletricidade se espalhará pela lataria e será descarregada no solo, mantendo os ocupantes em segurança. É importante manter as janelas fechadas e não tocar nas partes metálicas.

4. Um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar?
Mito. Esta é uma das crenças mais populares e está completamente errada. Raios podem, sim, cair várias vezes no mesmo local, especialmente em pontos altos e proeminentes. O monumento do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, por exemplo, é atingido por raios diversas vezes ao ano, principalmente durante a temporada de tempestades, assim como para-raios de prédios altos.

5. Ficar dentro de casa é 100% seguro?
Mito. Embora seja o local mais seguro, ainda existem alguns riscos. A descarga elétrica de um raio pode percorrer a rede elétrica, a tubulação de água e as linhas telefônicas. Por isso, durante tempestades fortes, evite usar telefones com fio, equipamentos eletrônicos ligados na tomada, tomar banho, lavar louça e ficar próximo a janelas ou portas metálicas.

 
O desafio deve se intensificar, já que estimativas do INPE apontam que o aquecimento global pode elevar o total de raios no Brasil para cerca de 200 milhões por ano até o fim deste século. Philippe Donn/Pexels
Para enfrentar esse cenário, São José dos Campos desenvolveu sistemas de referência, como o Centro de Segurança e Inteligência (CSI), que envia alertas via SMS. Wikimedia Commons/Photograph by Mike Peel
No caso do setor agropecuário, as perdas são ainda mais significativas devido à morte de rebanhos. Wikimedia Commons/ADRIANA HENRIQUE DE ANDRADE
Economicamente, os prejuízos anuais chegam a quase R$ 1 bilhão por conta dos raios, que provocam apagões e perda de equipamentos. Wikimedia Commons/El Caballero
Além disso, em torno de 21% dos casos fatais são de pessoas atingidas dentro de casa, mas que estavam próximas de redes elétricas ou hidráulicas. Wikimedia Commons/blahidontreallycare
O setor agropecuário está entre os mais afetados, concentrando cerca de 26% das mortes, de acordo com dados do ELAT. sethink/Pixabay
Para se ter uma ideia, a cada 50 mortes ocorridas por raio no mundo, uma acontece no Brasil. Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Raios são responsáveis por aproximadamente 110 óbitos anuais no Brasil. Fabiano, Lico SP - Wikimédia Commons
O impacto dos raios no Brasil é significativo. São registrados cerca de 77,8 milhões de descargas elétricas por ano em território nacional. Felix Mittermeier/Pixabay
Além disso, eles também usam sistemas avançados de previsão que, com o auxílio de modelos numéricos que simulam o comportamento da atmosfera, conseguem detectar raios com 24 horas de antecedência. Wikimédia Commons/Rafael222
A partir dessa base, o ELAT opera a Rede Brasileira de Detecção de Descargas Atmosféricas (BrasilDAT), com cerca de 70 sensores que monitoram raios em tempo real. Flickr - Wilson Neves de Miranda
O Vale apresenta condições climáticas e topográficas que intensificam tempestades severas — como a umidade vinda do oceano, o calor intenso e a ilha de calor urbana. Flickr - Rodrigo Soldon
São José dos Campos se transforma em um laboratório natural devido à sua geografia única no Vale do Paraíba, cercada pelas Serras do Mar e da Mantiqueira. Divulgac?a?o
A cidade é a sede de duas importantes órgãos ligados ao tema: o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT). Rodrigo Dias Ribeiro - Flickr
Isso porque o município paulista é também um centro brasileiro de conhecimento, monitoramento e proteção contra raios. Glenn Abelson/Unsplash
Vale ressaltar que o título de “capital dos raios” no Brasil vai além de um simples ranking de descargas elétricas. AbelEscobar/Pixabay
Trata-se de São José dos Campos, cidade de 697 mil habitantes que fica em São Paulo. Wikimedia Commons/Mike Peel
Embora muitos municípios brasileiros disputem o título de "capital dos raios", apenas uma cidade detém esse título no país — e não é pela quantidade de descargas. Wikimedia Commons/Boby Dimitrov

O que não fazer durante uma tempestade?

  • Continuar jogando futebol ou permanecer no campo
  • Caminhar em áreas descampadas
  • Subir em locais altos como telhados, terraços e montanhas
  • Ficar próximo a varal de metal, antena ou portão de ferro
  • Ficar dentro em praias ou piscinas
  • Caminhar às margens da água ou faixa de areia, calçadão, beira de rio e piscina
  • Pescar
  • Ficar próximo à embarcações atracadas
  • Utilizar equipamentos elétricos ligados à rede elétrica ou ficar perto de tomadas
  • Falar ao telefone com fio ou utilizar celular conectado ao carregador
  • Tomar banho em chuveiro elétrico
  • Ficar próximo a janelas e portas metálicas
  • Ficar próximo à rede hidráulica (torneiras e canos) 

 

Quais são os locais seguros para abrigo durante uma tempestade?

  • Entrar em um veículo não conversível e fechar as portas e vidros e evitar contato com a lataria
  • Entrar em moradias ou prédios, mantendo distância das redes elétricas, telefônicas e hidráulicas, de portas e janelas metálicas
  • Entrar em abrigos subterrâneos como metrôs ou túneis


Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.

*Estagiária sob supervisão do editor João Renato Faria

compartilhe