A morte do youtuber sul-africano Graham Dinkelman em outubro de 2024, picado por uma mamba-verde, acendeu um alerta global sobre os perigos de interagir com animais selvagens. Embora essa espécie não exista no Brasil, o país que possui mais de 400 espécies de serpentes abriga algumas das cobras mais peçonhentas do mundo, exigindo atenção e conhecimento para evitar acidentes.

Conhecer as principais espécies é o primeiro passo para a prevenção. A maioria dos acidentes ocorre quando as cobras se sentem ameaçadas em seu habitat, que muitas vezes é invadido pela expansão urbana e agrícola. Identificar os sinais de perigo e saber como agir pode fazer toda a diferença.

Confira abaixo as cinco cobras mais venenosas encontradas em território nacional e suas principais características.

Jararaca (Bothrops jararaca)

É uma das principais responsáveis por acidentes ofídicos no Brasil, que tem 32 espécies conhecidas de jararaca, fazendo parte do gênero Bothrops, que responde por cerca de 90% das picadas no país. Seu veneno causa dor intensa, inchaço, sangramento e necrose no local. Encontrada em praticamente todo o Brasil, prefere ambientes úmidos, como matas e beiras de rios. 

Jararaca-Ilhoa - O veneno dessa cobra é extremamente tóxico, mas afeta com mais gravidade as aves do que os mamífero. Mas ela só existe na Ilha da Queimada Grande, cuja visitação é proibida devido à infestação por serpentes, no litoral paulista.

Renato Augusto Martins wikimedia commons

Cascavel (Crotalus durissus)

Facilmente identificada pelo guizo na ponta da cauda, a cascavel habita áreas de campo e cerrado. Sua peçonha é neurotóxica, afetando o sistema nervoso e podendo causar paralisia muscular e insuficiência renal aguda se não tratada rapidamente. Possuem uma coloração corporal de fundo cinza, cinza-avermelhado ou castanho e podem ter até 160 centímetros de comprimento.

 

Cobra Cascavel

Marcos Michelin/EM/D.A Press

Surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta)

É a maior cobra peçonhenta das Américas, podendo ultrapassar os três metros de comprimento. Vive em florestas densas, como a Amazônia e a Mata Atlântica. Sua picada é rara, mas extremamente perigosa, com um veneno potente que provoca hemorragias e necrose.

Surucucu pico-de-jaca - É a maior cobra venenosa da América: até 3m de comprimento. Tem manchas pretas em formato de losangos. A ponta da causa tem escamas e a extremidade que faz lembrar um espinho. Seu veneno causa hemorragias

Domínio público

Coral-verdadeira (Micrurus corallinus)

Reconhecida por seus anéis coloridos em vermelho, preto e amarelo, possui um veneno neurotóxico devastador. A picada causa paralisia do sistema respiratório, o que pode ser fatal. O grande perigo é a confusão com a falsa-coral, que é inofensiva.

 

Cobra coral - verdadeira

Reproducao/Roberto Murtal

Jararacuçu (Bothrops jararacussu)

Uma das maiores espécies do gênero Bothrops, é encontrada principalmente na Mata Atlântica. Sua picada injeta uma grande quantidade de veneno, causando reações locais severas, como hemorragia, necrose e inchaço, além de complicações sistêmicas.

Jararacuçu - Pode medir até 2,2 metros de comprimento. Seu veneno é capaz de provocar insuficiência circulatória e respiratória, hemorragia intracerebral e falência renal.

Rodrigo Tetsuo Argenton wikimedia commons

 

Como evitar acidentes

  • Nunca andar descalço em lugares de mata fechada. O uso dos sapatos, botinas, botas ou perneiras deve ser obrigatório;

  • Olhar sempre com atenção os caminhos a percorrer;

  • Nunca colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros ou entre pedras. Esses são os melhores esconderijos para animais peçonhentos;

  • Não montar acampamentos junto a plantações, pastos ou matos em regiões aonde normalmente há roedores e serpentes;

  • Nas matas ou nas beiradas das entradas, em acampamentos e piqueniques, nunca deixar as portas do carro abertas, principalmente ao anoitecer. Mesmo durante a troca de pneu, ter essa precaução;

O que fazer ao encontrar uma cobra?

O mais importante é manter a calma e seguir um protocolo simples de segurança para evitar um acidente:

  1. Não se aproxime: mantenha uma distância segura de, no mínimo, dois metros. Afaste-se lentamente, sem movimentos bruscos.

  2. Isole a área: afaste crianças e animais domésticos do local para evitar que cheguem perto da serpente.

  3. Não tente capturar ou matar: além de ser crime ambiental, a tentativa de captura é o momento de maior risco de acidentes.

  4. Ligue para as autoridades: acione o Corpo de Bombeiros (193) ou a Polícia Militar Ambiental. Eles possuem equipes treinadas para realizar o resgate seguro do animal.

 

O que fazer em caso de acidente?

Se deparar com uma cobra, a primeira recomendação é manter distância e não tentar capturá-la. Em caso de picada, seguir os procedimentos corretos é fundamental para salvar uma vida. Aja com calma e siga essas orientações:

  • Lave o local da picada apenas com água e sabão.

  • Mantenha a vítima deitada e o mais calma possível para não acelerar a circulação do veneno.

  • Leve a pessoa imediatamente ao hospital mais próximo ou acione o serviço de emergência.

  • Se possível, tente tirar uma foto da cobra (com segurança) para ajudar na identificação e na escolha do soro antiofídico correto.

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É igualmente importante saber o que não fazer. Práticas populares podem agravar muito a situação. Jamais faça torniquetes; não corte o local da picada; e nunca tente sugar o veneno. Essas ações podem aumentar o risco de necrose e infecções.

Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.

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