As fake news geradas por inteligência artificial (IA) em períodos eleitorais, como as eleições de 2026, representam um desafio crescente que exige atenção urgente. A capacidade das IAs de criar conteúdos falsos, vide textos, imagens, vídeos e áudios deepfake, tornou-se mais sofisticada, permitindo a disseminação de desinformação em escala e com alto potencial de manipulação.

No próximo ano, com as eleições para presidente da República, governadores, deputados e senadores, essas fake news geradas por IA representam uma ameaça significativa à democracia, especialmente em um contexto eleitoral tão crucial quanto o do Brasil. A combinação de tecnologias avançadas, polarização política e baixa alfabetização digital amplifica os riscos. Combater esse problema exige ações coordenadas, desde a educação da população até a regulamentação de plataformas e o uso ético de IAs. A atenção a esse tema não é apenas necessária, mas urgente, para garantir eleições justas e informadas.

1. Capacidade de manipulação em massa

IAs generativas podem produzir conteúdos falsos extremamente convincentes, como vídeos de candidatos fazendo declarações que nunca fizeram ou notícias fabricadas que parecem vir de fontes confiáveis. Durante as eleições de 2026, isso pode:

  • Influenciar a opinião pública: fake news criadas por IA podem distorcer a percepção dos eleitores sobre candidatos, políticas ou eventos, manipulando decisões de voto.
  • Amplificação nas redes sociais: algoritmos de redes sociais, como os do X, tendem a priorizar conteúdos sensacionalistas, o que acelera a viralização de desinformação.
  • Polarização social: narrativas falsas podem intensificar divisões políticas, alimentando desconfiança e conflitos entre grupos.

Por exemplo, em eleições passadas, como as de 2018 no Brasil, a desinformação desempenhou um papel significativo via WhatsApp e outras plataformas. Com IAs mais avançadas em 2026, o impacto pode ser ainda maior, especialmente com ferramentas que criam conteúdos em tempo real.

2. Dificuldade de detecção

A evolução das IAs generativas, como as que criam deepfakes ou textos hiper-realistas, torna a identificação de fake news mais complexa. Ferramentas como o Grok, desenvolvido pela xAI, ou outros modelos de linguagem podem ser usadas para gerar conteúdos falsos que imitam o estilo de jornalistas ou figuras públicas. Isso levanta preocupações como:

  • Falta de alfabetização digital: muitos eleitores não têm as habilidades necessárias para identificar conteúdos falsos, especialmente os mais sofisticados.
  • Limitações tecnológicas: embora existam ferramentas de detecção de deepfakes, elas nem sempre acompanham a velocidade de avanço das IAs generativas.
  • Desconfiança nas instituições: quando fake news são expostas, a credibilidade de fontes legítimas pode ser questionada, gerando um ciclo de ceticismo.

3. Impactos democráticos

As eleições são a base da democracia, e a manipulação por fake news geradas por IA pode minar a legitimidade do processo eleitoral. Em 2026, no Brasil, onde o cenário político é historicamente polarizado, os riscos incluem:

  • Deslegitimação de resultados: fake news podem ser usadas para questionar a integridade das urnas eletrônicas ou dos órgãos eleitorais, como o TSE.
  • Desmobilização de eleitores: informações falsas sobre datas, locais de votação ou segurança podem desencorajar a participação.
  • Ataques a candidatos: deepfakes ou notícias falsas podem difamar candidatos, influenciando eleitores de forma injusta.

4. Responsabilidade ética e regulatória

A criação e a disseminação de fake news por IA levantam questões éticas sobre o uso dessas tecnologias. Empresas como a xAI, que desenvolvem IAs avançadas, enfrentam o desafio de equilibrar inovação com responsabilidade. Além disso:

  • Falta de regulação clara: no Brasil, a legislação sobre desinformação ainda está em desenvolvimento, e a autorregulação das plataformas muitas vezes é insuficiente.
  • Atores maliciosos: grupos organizados, sejam nacionais ou internacionais, podem explorar IAs para interferir em eleições, como já ocorreu em outros países.

5. Medidas para mitigação

Para enfrentar o problema, é necessário um esforço conjunto entre governos, empresas de tecnologia, sociedade civil e eleitores. Algumas ações incluem:

  • Educação midiática: investir em campanhas para ensinar eleitores a identificar fake news e verificar fontes confiáveis.
  • Regulamentação: criar leis que responsabilizem plataformas e criadores de conteúdo por disseminação de desinformação, sem comprometer a liberdade de expressão.
  • Transparência de algoritmos: plataformas como o X devem tornar públicos os mecanismos que amplificam conteúdos, permitindo maior controle sobre a viralização de fake news.
  • Ferramentas de detecção: desenvolver e disponibilizar tecnologias para identificar deepfakes e conteúdos gerados por IA, com colaboração de empresas como a xAI.
  • Monitoramento eleitoral: o TSE e outras instituições podem intensificar a vigilância durante o período eleitoral, trabalhando com agências de checagem de fatos.

Como identificar e combater as fake news

Para não se tornar uma vítima ou um disseminador de boatos, adote um processo de verificação simples antes de acreditar ou encaminhar uma notícia. As dicas a seguir ajudam a criar um filtro eficaz contra conteúdos enganosos.

  1. Verifique a fonte da informação: a notícia foi publicada por um veículo de imprensa conhecido e com credibilidade? Desconfie de sites desconhecidos, blogs anônimos ou mensagens que citam "fontes internas" sem apresentar provas.

  2. Leia a matéria completa, não apenas o título: títulos sensacionalistas são criados para gerar cliques e reações imediatas. Muitas vezes, o conteúdo do texto contradiz ou não sustenta a chamada principal.

  3. Procure por erros de português e formatação: notícias falsas frequentemente contêm erros de gramática, digitação e formatação estranha. Textos escritos com muitas letras maiúsculas e excesso de pontuação são um sinal de alerta.

  4. Desconfie de pedidos de compartilhamento: mensagens com apelos como "compartilhe com todos" ou "viralize antes que apaguem" são táticas comuns para impulsionar a disseminação de boatos de forma rápida.

  5. Confira a data da publicação: muitas vezes, notícias antigas e verdadeiras são retiradas de contexto e apresentadas como se fossem atuais para gerar confusão ou reforçar uma narrativa específica.

  6. Use ferramentas de checagem de fatos: se ainda estiver em dúvida, consulte agências de checagem independentes. Elas investigam os principais boatos que circulam e publicam verificações detalhadas sobre a veracidade das informações.

Fiscalização do TSE

No ano passado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) regulamentou o uso da inteligência artificial (IA) na propaganda de partidos, coligações, federações partidárias, candidatas e candidatos nas Eleições Municipais de 2024.

Conforme aprovado, a inteligência artificial só poderá ser usada na propaganda eleitoral, em qualquer modalidade, com um aviso explícito de que o conteúdo foi gerado por meio de IA. Caso uma candidata ou um candidato use deepfake (conteúdo em áudio ou vídeo, digitalmente manipulado por IA), poderá ter o registro ou o mandato cassado, com apuração das responsabilidades conforme disposto no Código Eleitoral.

Responsabilização de provedores

A resolução sobre propaganda eleitoral também impõe uma série de obrigações aos provedores de internet e às plataformas digitais para combater a disseminação de fake news. O texto prevê a responsabilização das plataformas que não retirarem do ar, imediatamente, conteúdos que contenham discursos de ódio ou teor antidemocrático, entre outros.

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Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.

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