A realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2023 será marcada por um problema na marcação do local de provas, que afetou cerca de 50 mil candidatos. Diante de falha que estabeleceu distâncias superiores a 30 quilômetros entre residências e os pontos de aplicação, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) decidiu adiar o teste para o próximo mês para quem foi afetado pelo problema. A remarcação foi criticada por alunos nas redes sociais e é apontada como equivocada por quem trabalha na preparação de vestibulandos.

Originalmente, o Enem está marcado para os próximos dois domingos, 5 e 12 de novembro. Para quem foi afetado pela marcação errada dos locais de prova, porém, a aplicação acontecerá em 12 e 13 de dezembro. Além de adiar em mais de um mês, a medida determina a realização da prova em dias consecutivos e não com uma semana de intervalo, como previsto inicialmente. As questões dos exames também serão distintas.



Segundo nota divulgada pelo Inep, a decisão de adiamento foi tomada em consonância com o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) para garantir que nenhum candidato faça a prova em um raio superior a 30 quilômetros de distância de sua residência. A empresa foi a vencedora de licitação para a aplicação do Enem em 2023. Até o ano passado, essa era uma responsabilidade de um consórcio formado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Fundação Cesgranrio.

Para Richard Thuin, diretor da Associação Pré-PUC e Pré-UFMG, o ideal seria que o Inep conseguisse corrigir o erro realocando os candidatos para locais mais próximos de suas residências e não postergando a data de aplicação. Ele avalia que a medida afeta a preparação dos estudantes, que passam todo o ano esperando a realização do exame.

“O aluno faz toda uma preparação financeira e psicológica para estudar e estar apto para fazer o Enem. Ele prepara uma carga horária de estudos, monta grupos e aí, de repente, avisam que a prova não será agora, será em um mês. Estamos falando de gastos que variam de R$ 5 mil a R$ 10 mil para quem se prepara o ano todo para fazer o teste. É muito negativo, porque compromete toda uma organização, uma preparação. Creio que seria possível mudar só os endereços e não as datas. Daria para fazer, talvez usando mais salas das escolas, por exemplo”, destacou.

Nas redes sociais, candidatos do exame que permite o ingresso em centenas de universidades públicas e privadas se expressaram, ora com raiva, ora com bom humor, sobre o problema dos locais de prova. No entanto, há poucos relatos específicos de quem teve a data do Enem remarcada.

Segundo o Inep, os 50 mil afetados pela falha representam cerca de 1% dos inscritos e estão majoritariamente concentrados em grandes centros urbanos como Rio de Janeiro e São Paulo. A reportagem consultou o instituto para saber sobre o número de casos em Minas Gerais e em Belo Horizonte, mas a regionalização das ocorrências ainda não foi feita pelo órgão.

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Sobre o fato das provas de dezembro terem questões distintas das realizadas pela ampla maioria dos candidatos, Richard Thuin acredita não haver grandes problemas. Ele destaca que o Enem tem uma regularidade na cobrança de conteúdos e, quem está preparado para fazer a prova em novembro, também estará em dezembro.

“Com relação às provas distintas, não muda muita coisa. O Enem tem um edital enorme e, quando o aluno estuda o que está previsto para cair em uma prova, também está preparado para fazer outra similar. O enem tem uma cobrança muito comum e com conteúdos que se repete, dentro dos últimos cinco, seis anos”, afirma.

Protesto

Às vésperas da realização do Enem, servidores do Inep protestaram por melhores condições de trabalho em Brasília. Cerca de 50 funcionários pediram melhorias nas carreiras técnicas e criticaram o que consideram um esvaziamento do órgão. O ato foi realizado em frente ao Ministério da Gestão e Inovação

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