Por que a entrada da Ucrânia na Otan é tão temida pela Rússia
Exigência de não adesão é ponto central para Moscou; entenda o contexto histórico e geopolítico que torna a expansão da aliança uma ameaça
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A discussão sobre um plano de paz para a Ucrânia, que envolveria o presidente americano Donald Trump e a Rússia, evidencia um ponto central para Moscou: a garantia de que o país vizinho jamais se tornará membro da Otan. Essa exigência não é nova e representa o pilar da doutrina de segurança russa há décadas, sendo um dos motivos centrais para a invasão iniciada em 2022.
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Para entender o temor russo, é preciso voltar à origem da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A aliança militar foi criada em 1949 com o objetivo principal de conter a expansão da União Soviética na Europa. Era, em essência, um bloco liderado pelos Estados Unidos, antagônico a Moscou.
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Com o fim da Guerra Fria e a dissolução da União Soviética, a Otan não apenas continuou existindo, como iniciou um processo de expansão para o leste. Países que antes faziam parte do Pacto de Varsóvia, a aliança militar soviética, como Polônia, Hungria e República Tcheca, aderiram ao bloco. Em seguida, foi a vez de nações que integravam a própria URSS, como Estônia, Letônia e Lituânia.
Cada novo membro significou que a fronteira da Otan se aproximava mais de Moscou, algo que o governo russo sempre considerou uma ameaça existencial. A Ucrânia, que compartilha uma fronteira de aproximadamente 2.300 quilômetros com a Rússia, seria o passo final dessa expansão.
Ameaça estratégica nas fronteiras
A principal cláusula do tratado da Otan, o Artigo 5º, estabelece que um ataque a qualquer um dos membros é considerado um ataque a todos. Isso cria um compromisso de defesa mútua. Se a Ucrânia fizesse parte do bloco, uma agressão russa como a atual poderia acionar uma resposta militar direta dos 32 países-membros, incluindo potências nucleares como Estados Unidos, Reino Unido e França.
A adesão ucraniana também significaria a possibilidade de instalação de bases militares, mísseis e tropas da aliança em território vizinho à Rússia. Na prática, sistemas de armas de alta tecnologia poderiam estar a poucos minutos de voo de Moscou, eliminando qualquer vantagem estratégica de defesa para o Kremlin.
Além do campo militar, a entrada na Otan consolidaria a Ucrânia na esfera de influência ocidental, tanto política quanto economicamente, frustrando o objetivo russo de manter o país sob seu domínio. Por isso, impedir que a Ucrânia se junte à aliança militar não é apenas uma estratégia, mas uma linha vermelha para a segurança nacional da Rússia.
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.