O Google não realizou uma enquete para decidir se incluiria o termo “Israel” ou “Palestina” em sua ferramenta de mapas bidimensionais, o Google Earth, ao contrário do que afirmam dezenas de publicações nas redes sociais. A mensagem, viral desde 2021, voltou a circular em meio ao conflito entre Israel e o grupo islamista palestino Hamas iniciado em 7 de outubro de 2023. No entanto, o conteúdo compartilha o link de uma pesquisa hospedada em um site criado em 2008 e que não faz referência ao Google. À AFP, um porta-voz da empresa assegurou que eles não realizaram essa votação.

“O Google lançou uma votação para adicionar o nome ‘Israel’ ou ‘Palestina’ ao mapa do Google Earth”, diz a legenda de publicações noFacebooke noX.

As publicações circulam no contexto da guerra entre Israel e o Hamasiniciadaem 7 de outubro de 2023, após um ataque do movimento islamista palestino que deixou 1.170 mortos, a maioria civis, segundo balanço da AFP com base em números oficiais israelenses.

Por sua vez, o Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas, afirmaque a ofensiva israelense em retaliação jámatoumais de 33 mil pessoas em território palestino.

O conflito passou por uma nova escalada no último dia 13 de abril, quando o Irãlançoucentenas de mísseis e drones contra o território israelense, em retaliação por um bombardeio contra seu consulado em Damasco, na Síria, atribuído a Israel.

Google não fez enquete 

Uma busca pelo domínio citado nas publicações, israel-vs-palestine.com, no siteWhois, que permite obter a data de criação dos sites, mostrou que ele foi registrado em 28 de dezembro de 2008. Naquele ano, a imprensanoticiouoperações de Israel na Faixa de Gaza.

De acordo com a ferramenta, o domínio foi atualizado em 6 de dezembro de 2023 e o registro expira em 28 de dezembro de 2024.

Uma busca noWayback Machine, que arquiva páginas da internet, mostrou uma captura de tela de 31 de dezembro de 2008 como a versão mais antiga do site.

A página não exibe nenhum elemento indicando que ela foi projetada pelo Google, como o logotipo da empresa ou a marca ©2024 Google; é possível visualizar apenas a inscrição “© 2024 Free-opinion”.

A pesquisa, intitulada“Quem você apoia?”, pergunta ao usuário qual território ele defende  e não faz menção ao Google Earth.

Uma consulta aoGoogle Earth, mostra que a ferramenta mostra Israel no mapa, mas que o nome “Palestina” não está incluído. 

Um porta-voz da área de comunicações para a América Central e o Caribe do Google disse à AFP por e-mail, em 4 de abril, que eles não realizaram uma votação sobre a inclusão do nome de nenhum território em sua ferramenta.

“Essas afirmações são imprecisas: o Google Earth não solicita votos públicos sobre o nome de qualquer terra ou território, e não possui nenhuma relação com o site mencionado”, afirmou.

Ele acrescentou que a companhia se mantém neutra sobre os debates geopolíticos e está comprometida em mostrar o mundo de forma“objetiva”.

“Fazemos isso consultando dados de uma ampla gama de autoridades cartográficas globais, incluindo fornecedores de dados terceirizados, ISO 3166 (um padrão da indústria para países e subdivisões), as Nações Unidas, o Repositório de Dados de Configuração Regional Comum da Unicode e outros”, ele disse.

Em 2021, a AFP já haviaverificadoconteúdo semelhante sobre uma suposta pesquisa realizada pelo Google para colocar “Israel” ou “Palestina” em sua ferramenta de mapas. Naquela época, representantes do Google afirmaram que a empresa se mantinha“neutra”em relação aos“debates geopolíticos”e, portanto, quem pesquisasse por“Palestina”no Google Earth era direcionado para a área do mapa que inclui os nomes“Faixa de Gaza”e“Cisjordânia”, visto que“ainda não há consenso internacional ”sobre o uso do termo.

Referências

Registro de domínio

Registro no Wayback Machine

Mapa no Google Earth