Como a mais votada pelo público, a estudante de 17 anos Isabella Lelles, filha de mineiros, está na final do Breakthrough Junior Challenge 2025. A competição conhecida como "Oscar da ciência" premia adolescentes de 13 a 18 anos que transformam conteúdos avançados de física, matemática e ciências da vida em vídeos curtos, criativos e fáceis de entender.
A jovem está concorrendo com um vídeo de dois minutos sobre o “paradoxo de Leventhal”, conceito que explica o mistério por trás do dobramento de proteínas, um processo essencial para corpo humano.
Para explicar o assunto, Isabella recorreu a uma metáfora culinária. No vídeo, um cliente pede um bolo, representando o corpo humano solicitando uma proteína específica. E, para representar uma proteína mal dobrada, aparece um bolo despedaçado.
Em seguida, ela explica que, para que o corpo se proteja dessas falhas, ela apresenta as "chaperone proteins" — as proteínas supervisoras — responsáveis por garantir que esse processo ocorra sem erros.
No final do vídeo, Isabella menciona a inteligência artificial chamada AlphaFold, capaz de prever a forma como as proteínas se dobram — uma contribuição que rendeu o Prêmio Nobel de Química de 2024 aos cientistas David Baker, Demis Hassabis e John M. Jumper.
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Durante duas semanas, os vídeos dos 30 semifinalistas de vários países ficaram disponíveis para curtidas e engajamento no Facebook e YouTube na página e canal oficiais do prêmio. Com o apoio dos brasileiros, a jovem conseguiu mais de 173 mil visualizações e 67 mil curtidas nas duas redes sociais, indo direto para a final com o vídeo mais engajado sem passar pela fase do comitê de seleção.
No total, 16 jovens de oito países — Brasil (1), Cazaquistão (1), Equador (1), Canadá (3), Filipinas (2), Estados Unidos (6), Reino Unido (1) e Índia (1) — foram selecionados para a final. Com previsão para 2026, mas sem data definida, o vencedor será escolhido por um comitê de seleção. Quem ganhar vai receber US$ 250 mil (R$ 1,3 milhão) que deverá ser usado exclusivamente em bolsas de estudo de nível superior e custos diretos associados a esse ensino, como mensalidades e taxas em universidades do mundo todo.
Além do prêmio para o vencedor, a escola onde ele estuda também vai receber US$ 100 mil (R$ 540 mil) para investir em laboratório de ciências e o professor que mais o inspirou o jovem vai ganhar US$ 50 mil (R$ 270 mil) em dinheiro que poderá ser usado da forma que ele quiser.
O prêmio foi criado para homenagear avanços importantes nas áreas de física fundamental, ciências da vida e matemática, sendo uma competição anual e global de vídeos científicos para estudantes do ensino médio. Desde 2015, a cada edição do Breakthrough Junior Challenge, entre 2 mil e 3 mil vídeos são enviados, mas apenas 30 chegam à semifinal, e 16 passam para a final, sendo uma vaga escolhida por votação popular nas redes sociais oficiais do prêmio.
Sonho
Nascida em São Paulo, a jovem se mudou sozinha aos 14 anos para a Flórida (EUA) com objetivo de realizar seu sonho de infância: estudar em Harvard. Há seis meses morando com o pai, a estudante mantém uma rotina dedicada aos estudos.
Decidida desde pequena, Isabella conta que já sabe o que vai fazer com o valor caso vença. "Quando eu era pequena eu queria fazer neurocirurgia, porque eu gostava muito de neurociência, mas percebi que eu gosto muito de marketing, então eu quero entrar em neuromarketing ou business".
Sua motivação em vencer não para por aí. Ela conta que no colégio onde estuda não tem laboratório, e quer ajudar outros alunos a se envolver com ciências e gostar mais do assunto.
Agradecimento
A finalista conta que ficou surpresa com a repercussão de seu vídeo. “Queria agradecer muito do fundo do meu coração. Eu não estava esperando tanto esse carinho. É só gratidão. Isso mostra como a gente é tão unido como país e é sempre bom ver é um brasileiro se dando bem. É sempre bom ver um brasileiro torcendo pelo outro", concluí.
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Se conquistar a vitória, Isabella se tornará a primeira brasileira a ganhar o Breakthrough Junior Challenge, evento que, ao longo de 10 edições, teve vencedores de oito países: Estados Unidos (2015, 2019 e 2022 ), Peru (2016), Singapura (também em 2016), Filipinas (2017), Índia (2018), Canadá (2020), Maurício (2021), Índia (2023) e República Tcheca (2024).
*Estagiária sob supervisão de Juliano Paiva
