ROTINA COMPARTILHADA

Pai e filha unidos pelo sonho da Medicina

Marcos e Lorrane, moradores de Santa Luzia, dividiram a sala de aula, os desafios da nova profissão e a força dos laços familiares para realizar um desejo

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Júlio Moreira

Pai e filha, moradores de Santa Luzia, trilharam lado a lado todos os caminhos do curso de Medicina. Foram anos de rotina compartilhada, de apoio mútuo, de olhares cúmplices nos momentos mais duros e de celebrações discretas em cada pequena conquista.

Marcos Souza, aos 50 anos, decidiu recomeçar. Um gesto que, por si só, já seria admirável. Mas o destino lhe reservou mais: na jornada árdua dos estudos médicos, teve como colega de turma sua própria filha. Lorrane Souza, aos 24, mergulhava pela primeira vez no mundo universitário, sem imaginar que, entre os tantos aprendizados, viveria ao lado do pai uma experiência que marcaria sua vida para sempre.

“Foi uma experiência única e muito especial. Compartilhar a rotina pesada da faculdade com alguém que é meu pai, mas ao mesmo tempo estava vivendo os mesmos desafios que eu, foi algo que nos aproximou ainda mais”, contou Lorrane.

“Trocamos dúvidas, compartilhamos experiências e fizemos desabafos depois das provas ou casos mais difíceis. Às vezes, ele era o apoio que eu precisava e, em outras, eu é que puxava ele pra cima.”

“Meu pai me mostrou, todos os dias, que nunca é tarde para correr atrás de um sonho”

Lorrane Sousa

“Nossa rotina era uma dança harmoniosa entre o ritmo acelerado da juventude e a serenidade da maturidade’

Marcos Sousa 

Ela admite que houve dificuldades no início. “Tivemos nossas dificuldades, claro, principalmente no começo, mas construir essa trajetória lado a lado foi especial.”

Os dois formaram uma dupla que se completava. Enquanto Marcos trazia a serenidade da maturidade, Lorrane oferecia o frescor da juventude. Juntos, estudaram para as provas, enfrentaram plantões, dividiram dúvidas e venceram medos.

“Nossa rotina na faculdade era uma dança harmoniosa entre o ritmo acelerado da juventude e a serenidade da maturidade”, descreveu Marcos. “Era um constante ‘trocar de figurinhas’, como bem descrevi, mas que ia muito além do trivial. As discussões sobre casos clínicos se transformavam em verdadeiras sessões de mentoria mútua, onde a experiência da vida se unia ao frescor de novos conhecimentos.”


Apoio silencioso e poderoso

Segundo o pai, o apoio entre os dois era silencioso, mas poderoso. “Dividíamos a tensão dos períodos de provas com um olhar cúmplice, um apoio silencioso que valia mais que mil palavras. E, claro, nos divertíamos com as fofocas da faculdade, encontrando leveza em meio à seriedade dos estudos.”

“Eu, um cinquentão, muitas vezes me via acolhido pela perspectiva dela, pela sua energia e pela sua forma de enxergar o mundo acadêmico. Ela, por sua vez, encontrava em mim um porto seguro, um exemplo de resiliência e a certeza de que a persistência sempre compensa. Foi um aprendizado diário, uma troca genuína que nos enriqueceu como estudantes, como indivíduos e, acima de tudo, como pai e filha.”

Além da convivência, a maior herança dessa jornada foram as lições de vida. “A principal lição foi a persistência”, afirmou Lorrane. “Meu pai me mostrou, todos os dias, que nunca é tarde para correr atrás de um sonho. Ele encarou a Medicina com coragem, disciplina e humildade, mesmo tendo uma história de vida muito diferente da maioria dos nossos colegas.”

Para Marcos, tudo o que viveu ao lado da filha transformou o sonho em algo ainda maior. “Concluir o curso de Medicina ao lado da minha filha, Lorrane, foi muito mais do que a simples obtenção de um diploma; foi a coroação de um sonho que se multiplicou em significado”, disse ele.

“Significou a prova viva de que a vida nos reserva surpresas grandiosas, tecendo laços ainda mais fortes nos caminhos que ousamos trilhar. Ver o brilho nos olhos dela, a dedicação incansável, e saber que compartilhávamos a mesma jornada, com os mesmos desafios e as mesmas alegrias, transformou cada aula, cada prova, cada plantão em um momento de conexão inestimável.”

“Foi como se a própria vida nos dissesse: ‘Vejam, o amor e a persistência não têm idade, e quando se unem, são capazes de mover montanhas e construir legados para além do tempo’. Foi um privilégio, uma bênção, um capítulo de pura magia em nossa história familiar.”

Agora, com a graduação concluída, os dois se preparam para novos desafios. Mas as marcas dessa jornada ficarão para sempre. “Há uma pontinha de saudade, sim, daquele ambiente acadêmico vibrante, da rotina compartilhada, dos desafios superados lado a lado”, reflete Marcos.

Para ele, acima de tudo, fica um sentimento marcante de gratidão e um orgulho imenso. “Gratidão por ter ousado, por ter me reinventado e por ter tido a dádiva de viver essa jornada única com minha filha. Orgulho por termos trilhado esse caminho juntos, cada um com seu ritmo, mas sempre com o mesmo objetivo e o mesmo apoio mútuo.” O novo médico diz que essa conquista não é apenas de um ou outro. “É nossa, um testemunho do poder dos sonhos, da força da família e da beleza de se reinventar em qualquer fase da vida. É a certeza de que o amor é o maior impulsionador para qualquer jornada, e que as memórias construídas nesse percurso serão um tesouro para toda a vida.”

“E para Lorrane, que agora aguarda sua vez no mercado de trabalho, meu coração transborda de esperança e a certeza de que a mesma dedicação que a levou até aqui a guiará para um futuro brilhante”, finalizou.

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Lorrane também deixa uma mensagem às jovens que, como ela, enfrentam obstáculos, mas continuam sonhando alto:

“Acredite em você, mesmo quando tudo parecer difícil demais ou mesmo impossível. Os obstáculos existem, mas eles não definem onde você pode chegar”, declarou.

“Há 6 anos eu escrevi uma carta para ler no dia da minha formatura e nela eu escrevi ‘Nunca desista dos seus sonhos, eles podem se tornar reais’ — e é verdade.”

“Viver o que a gente sempre imaginou é uma das maiores recompensas da vida — e vale a pena demais.”
Mais do que médicos, pai e filha se tornaram espelho um do outro. Não apenas pela profissão, mas pelo gesto contínuo de apoio, respeito e construção conjunta. E isso, mais do que qualquer título, é o que realmente transforma vidas. 

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