x
JUSTIÇA

Tragédia na BR-116: defesa nega que motorista usou drogas e pede soltura

Defesa apresentou outro exame toxicológico feito com amostras de pelos da perna do motorista, que deu negativo para o uso de drogas

Publicidade
Carregando...

A defesa do motorista da carreta que se envolveu em um acidente grave na BR-116, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, em dezembro do ano passado, apresentou o resultado de um novo exame toxicológico que testou negativo para drogas. O laudo foi apresentado em coletiva com a imprensa na manhã desta segunda-feira (10/2).


Segundo o advogado Raony Scheffer, o exame de pelos da perna do motorista, realizado pela defesa, tem um  tempo ampliado de 180 dias para detecção de uso de substância psicoativa. O resultado do exame saiu na última sexta-feira (7/2).


Cerca de um mês depois do acidente que matou 39 pessoas, a justiça decretou a prisão do motorista do caminhão. A decisão foi do juiz Danilo de Mello Ferraz, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Teófilo Otoni. O condutor foi detido no dia 21 de janeiro na cidade de Barra do São Francisco, no estado do Espírito Santo. A defesa afirma que no dia que a prisão foi decretada, o novo material foi colhido e enviado para um laboratório de Belo Horizonte para um novo exame toxicológico.

“Na Polícia Civil, ele foi submetido a exame de urina. Nos fizemos o exame com análise de pelo, que tem a maior janela de detecção de drogas, que é de 180 dias”, esclareceu o advogado. O motorista da carreta, que fugiu do local, alega que o pneu do coletivo estourou e a perda de controle do veículo causou o acidente. A defesa reafirmou na coletiva de hoje que o acidente aconteceu devido a problemas mecânicos do ônibus.


Ele se entregou à polícia dois dias depois da ocorrência, em 23 de dezembro, na sede do 15º Departamento de Polícia Civil, em Teófilo Otoni, acompanhado de advogados, e foi liberado em seguida. Segundo a defesa, o homem fugiu do local por ter entrado em estado de pânico após o acidente.


Durante o depoimento, a perícia da corporação coletou amostras de urina para realização de exames clínicos. Os resultados apontaram o uso de álcool e drogas. Entre elas, cocaína e ecstasy.


Os argumentos usados pela justiça para decretar a prisão do motorista são a ausência do condutor no local do acidente, o sobrepeso da carga da carreta, a ausência de conferência das condições de transporte da carga pelo motorista, o excesso de velocidade do veículo, a jornada exaustiva de viagem, a falta de descanso adequado e o uso de substâncias entorpecentes.


Ainda segundo o magistrado, o motorista não demonstrou disposição de colaborar com as investigações, negando-se a disponibilizar o aparelho celular dele para análise. Outro ponto apontado na decisão é que a teoria colocada em depoimento pelo preso de que o pneu do ônibus teria estourado foi refutada pela investigação.


“Ele não estava sob efeito de álcool e sob efeito de nenhum tipo de droga no momento do acidente. Ele não estava com a carteira de motorista vencida. Ele estava apto a dirigir e tinha uma decisão judicial autorizando isso. Ele não estava dirigindo com excesso de velocidade. Temos um documento comprobatório do caminhão que mostra que, no momento do acidente, ele estava a 85 km/h. O excesso de carga não é de responsabilidade do motorista, é de responsabilidade da empresa. Ele só cumpre ordens da empresa”, afirmou o advogado.

Com o novo exame toxicológico, a defesa vai entrar com habeas corpus do motorista Arilton Bastos Alves. A reportagem do Estado de Minas procurou a Polícia Civil, que enviou uma nota (leia mais abaixo) e ressaltou que "a investigação segue em andamento, e outras informações serão repassadas em momento oportuno".


Investigação


Em 26 de dezembro, a Polícia Civil compareceu ao local da batida para colher dados com um scanner 3D, equipamento que permite coletar imagens e, posteriormente, criar modelos de simulação da dinâmica do acidente.


O delegado de polícia Amaury Albuquerque destacou em coletiva de imprensa que ainda não é possível concluir o que de fato aconteceu, que as investigações seguem em andamento e não há prazo para conclusão do inquérito policial.


A produção de provas leva, até o momento, a acreditar no sobrepeso da carga que a carreta comportava, mas eles explicaram que ainda é preciso analisar todo o conjunto probatório, afirmando ainda que nenhuma hipótese foi descartada.


O acidente


Na madrugada do dia 21 de dezembro, um ônibus da empresa Emtram levava 45 passageiros de São Paulo para a Bahia quando colidiu com uma carreta que transportava um bloco de granito e vinha no sentido contrário. Um carro de passeio que vinha atrás bateu na traseira do caminhão.


Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

 

A Polícia Civil havia informado que a principal hipótese para o acidente é que houve o tombamento do semirreboque da carreta que transportava um bloco de granito, o que levou o ônibus a bater de frente com a rocha, causando um incêndio. Em seguida, um automóvel de passeio bateu na carreta deixando os três ocupantes feridos.

Confira a nota da Polícia Civil

Nesta quarta-feira (22/1), a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) repassou detalhes sobre o cumprimento do mandado de prisão preventiva do motorista, de 49 anos, suspeito de provocar o acidente que vitimou 39 pessoas na BR-116, em Teófilo Otoni, região do Vale do Mucuri, no dia 21 de dezembro do ano passado. A prisão ocorreu nessa terça-feira (21/1), na cidade de Barra do São Francisco, no estado do Espírito Santo.

A chefe da PCMG, delegada-geral Letícia Gamboge, destacou a importância das ações realizadas pela PCMG. “Estamos aqui para detalharmos sobre as circunstâncias que fundamentaram a nova representação pela prisão preventiva do condutor da carreta e as diligências realizadas ontem, na cidade de Barra de São Francisco, que implicaram tanto na prisão do suspeito quanto também no cumprimento de mandados de busca e apreensão domiciliar na casa dele e do proprietário da transportadora”, disse.


O chefe do 15º Departamento de Polícia Civil, delegado-geral Amaury Tomaz Tenório de Albuquerque, que conduz a investigação, ressaltou a importância do deferimento da medida cautelar contra o suspeito. "O magistrado revisou a decisão anterior de conceder a liberdade ao condutor da carreta devido a novos elementos que surgiram com o avançar das investigações”, informou.


O delegado ainda enumerou alguns fatores, apurados nas investigações, que levaram à expedição da prisão. “Ausência do motorista no local do acidente, o sobrepeso da carga da carreta, não conferência das condições de transporte da carga, o excesso de velocidade, a jornada exaustiva de viagem, a falta de descanso e o uso de substâncias entorpecentes”.


Amaury acrescenta que o motorista não mostrou disposição em colaborar com as investigações, inclusive negando disponibilizar o celular para análise. “Além disso, as investigações fragilizaram a tese de que o estouro do pneu do ônibus causou a perda do controle do veículo”, pontuou.



Em relação à perícia no local do acidente, especialistas da Polícia Civil estiveram na rodovia para coleta de material e análise das evidências. Durante as investigações, a equipe da Polícia Civil empregou o Laser Scanner 3D, uma tecnologia que permite simular todo o evento, auxiliando na determinação da dinâmica do fato.


Também participaram da coletiva de imprensa o superintendente de Investigação e Polícia Judiciária, delegado-geral Júlio Wilke, e o superintendente de Polícia Técnico-Científica, médico-legista Thales Bittencourt.

 

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay