O projeto de lei 596/2023, que libera a entrada de animais de estimação de pequeno porte em hospitais para visitas a pacientes internados foi aprovado pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, nesta quarta-feira (10/4). Após a aprovação da proposta na Câmara, a autorização de visitas depende somente da sanção do prefeito, Fuad Noman (PSD) para virar lei.

 

Assinada pelo vereador Wanderley Porto (PRD), a resolução estabelece que a permissão ficará a cargo da equipe médica de cada instituição. Para entrar nos hospitais, os pets deverão estar higienizados, com a vermifugação e a vacinação em dia, sem pulgas ou carrapatos e com laudo veterinário atestando sua boa condição de saúde. "Muitos hospitais já adotam medidas pet friendly e os benefícios para os pacientes, as equipes e os animais têm sido evidentes”, aponta o vereador.

 



 

Também é necessário que os animais estejam acondicionados em recipiente ou caixa adequada, e a entrada deve ser autorizada pela comissão de infectologia da unidade. As visitas dos animais, conforme o texto, terão que ser previamente agendadas com a administração do hospital, respeitando a solicitação do médico e os critérios estabelecidos pela instituição de saúde.

 

Os efeitos positivos

A coordenadora do Movimento Mineiro dos Direitos Animais (MMDA), Adriana Araújo, conta que a interação entre os donos e os animais vem de muitos anos, e os efeitos dessa interação são positivos. "Nós vemos com frequência casos em que a pessoa estava prostrada no leito do hospital e diante da visita de seu animal de estimação, teve reação e evolução no tratamento".

 

Leia também: MG: Justiça determina interdição parcial de dois hospitais psiquiátricos

 

Adriana relembra os relatos que ouviu durante a pandemia. "Ouvi relatos de pessoas que não entraram em depressão por causa desta convivência, tamanho é o valor da relação entre as pessoas e os animais". No entanto, ela ressalta a importância de verificar as condições do animal. "É muito importante  que esteja com toda a sua saúde, e que apresente um temperamento compatível com um ambiente hospitalar".

 

Relembre caso semelhante

Após 43 dias de uma rotina hospitalar que incluiu cirurgia de 12 horas e passagem pelo Centro de Terapia Intensiva (CTI), Tifany Ester, de 10 anos, recebeu alta nessa sexta-feira (15/3). Além do apoio da equipe do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e de sua família, a visita de uma amiga inusitada teve papel fundamental na recuperação da menina: sua galinha de estimação, Pâmela.

 

No dia 5 de fevereiro, a criança passou por uma cirurgia de 12 horas, e com a rotina do pós-operatório, dores, sondas e drenos, Tifany começou a ficar ansiosa e desanimada. "Após a cirurgia, ela teve muitas crises de ansiedade e medo. A recuperação estava lenta, mesmo com todos os cuidados médicos", comenta a mãe, Ana Cristina Vieira.

 

Em meio às dificuldades na recuperação, a equipe do hospital notou que a menina demonstrava saudades de Pâmela. Foi quando um assistente ficou sabendo da história e decidiu conversar com o grupo médico sobre a ideia de levar a galinha para visitar a paciente. O reencontro aconteceu no dia 1º de março.

 

Ana Silva conta que o pai de Tifany saiu de Capim Branco, Região Metropolitana de Belo Horizonte, levando Pâmela. A galinha chegou em uma gaiola, acondicionada em uma caixa e devidamente higienizada. Com o suporte e planejamento dos médicos, a paciente foi paramentada – ela usava capote, touca, máscara e luvas - para o reencontro entre as duas.

 

"Depois desse encontro, Tifany começou a responder bem ao tratamento pós-cirurgia", afirmou a mãe. Segundo ela, a criança voltou a se alimentar, interagir com toda a equipe do hospital e a sair da cama para tomar banho.


compartilhe