O usuário que precisar passar entre os dois trechos deverá fazer uma baldeação -  (crédito: Túlio Santos/EM/D.A.Press)

Concessionária do Metrô BH é alvo de denúncias

crédito: Túlio Santos/EM/D.A.Press

A concessionária que opera o metrô de Belo Horizonte, a Metrô BH, empresa do Grupo Comporte, foi alvo de denúncias em audiência na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nessa terça-feira (9). A presidente do Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro), Alda Lúcia dos Santos, afirmou que a concessionária criou um desmanche de vagões do metrô para reutilização de peças usadas nos trens.


Segundo ela, isso afeta a segurança do metrô e pode ser um perigo para a população que utiliza o transporte. “A reutilização de peças usadas pode trazer sérios riscos na operação dos trens, podendo ocasionar acidentes e transtornos aos usuários pela quebra de peças. Pois sendo elas usadas, o risco aumenta em grande percentual”, ressalta.

 

Ela conta que já existem cinco trens parados por falta de peças. "A empresa que está administrando o metrô de BH não está realizando a compra de peças e esses trens estão servindo de almoxarifado de peças usadas para outros trens, com isso, compromete a operação, pois já deixaram de circular para atender os usuários", diz. Alda conta que entre as objetos usadas estão peças elétricas (relés, disjuntores, caixas bip), mecânicas (torneiras de ar, sapatas de freio) e pneumáticas (tubos de ar, coxins de ar dos amortecedores).


Outro questionamento levado à reunião pela representante do sindicato foi a demissão coletiva iniciada pelo Metrô BH. Desde a última quinta-feira (4), informou Alda, foram desligados 185 empregados, entre eles funcionários experientes da área de manutenção. O número de demissões comunicado ao sindicato deve chegar a 230. Alda Lúcia caracterizou a ação como "desleal e irresponsável".


A presidente do Sindimetro diz que a intenção do Metrô BH é demitir todos os empregados que eram da antiga concessionária, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Ao todo, já foram dispensados 800 dos quase 1,5 mil trabalhadores originais desde a concessão, um número que representa mais da metade do quadro.


O superintendente regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais, Carlos Calazans, disse que o Metrô BH pretende operar com menos de 800 funcionários. Apesar do déficit em mão de obra, o Metrô BH assegurou ao Estado de Minas, na última semana, que as demissões não impactam a qualidade do serviço e ainda afirmou que o processo foi mediado por órgãos competentes.

 

Na audiência, a superintendente de Logística de Transportes e Gestão de Equipamentos Públicos da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), Luisa Pires Monteiro de Castro, afirmou que não cabe ao Estado interferir nas demissões do metrô, mas se o previsto no contrato de concessão está sendo cumprido. O descumprimento pode resultar em multas e impactar a remuneração da empresa.

 

A representante do governo informou que todas as denúncias feitas durante a audiência serão averiguadas.


A reunião realizada nessa terça-feira foi organizada pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da ALMG. O Metrô BH, empresa do Grupo Comporte, assumiu a concessão do sistema de transporte coletivo sobre trilhos da Região Metropolitana de Belo Horizonte em 23 de março de 2023, pelo valor de R$ 25,7 milhões.

 

O que diz o metrô


Questionado sobre as denúncias de desmanche de vagões , o Metrô BH não respondeu. A nota trata apenas das demissões. No texto, a empresa informa que "o Contrato de Concessão prevê estabilidade de um ano para os colaboradores da antiga CBTU-MG. Essa estabilidade finalizou em 23 de março de 2024". Ainda segundo a nota, a pedido dos próprios colaboradores foi apresentado Planos de Demissão Voluntária e o Plano de Demissão Consensual, no decorrer do primeiro ano de gestão.

"A fim de continuar a adequação da empresa, mantendo a produtividade operacional, o Metrô BH lançou um plano de desligamento na primeira semana de abril. Mediada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, entre a empresa e o sindicato da categoria, essa ação garantiu benefícios sociais para além das leis trabalhistas. Os Planos de Demissão foram realizados de maneira planejada, garantindo a normalidade da operação", conclui a o texto.