As condições climáticas em fevereiro e março, com dias de muito calor e chuva intensa, favoreceram a proliferação do mosquito Aedes aegypti -  (crédito: LUIS ROBAYO / AFP)

As condições climáticas em fevereiro e março, com dias de muito calor e chuva intensa, favoreceram a proliferação do mosquito Aedes aegypti

crédito: LUIS ROBAYO / AFP

Minas Gerais começa a descer a curva epidemiológica da dengue. Após três semanas de redução na quantidade de infectados, os números do Painel de Monitoramento de Arboviroses da Secretaria de Estado de Saúde confirmam a previsão feita pela pasta em janeiro. Conforme dados de ontem, são 833.252 casos prováveis, aumento de 8,5% comparado à semana anterior, quando os registros chegaram a 767.733.

 

Entre 26 de fevereiro e 11 de março, os números da epidemia cresceram em torno de 30% por semana, comparados aos sete dias anteriores. Desde 18 de março, os dados demonstram o início da queda, com 22,2% de crescimento em uma semana. Em seguida, no dia 26, o registro caiu para exatos 22%.

Esse alívio na aceleração, conforme explicou o Secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, seria percebido a partir da primeira semana de abril. Segundo o subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG, Eduardo Prosdocimi, ainda não é possível presumir o número final de casos dessa epidemia. Porém, a tendência é de queda nos registros neste mês, seguida de uma estabilidade a partir de maio. “Observamos queda, principalmente, do ponto de vista de assistência. Há menos pessoas procurando os centros de saúde. Óbvio que o número ainda é elevado, mas está começando a diminuir”, diz.


PICO DE CASOS PASSOU

Agora em início de queda, a dengue fez um percurso acelerado, sobretudo no fim de fevereiro e início de março. O pico da doença foi registrado entre 18 e 24 de fevereiro, logo após as comemorações de carnaval. Na semana, o estado teve 113.768 pessoas iniciando os sintomas da infecção. Já entre 25 de fevereiro e 2 de março, o registro foi de 107.447 infectados.

 

Embora haja coincidência da época, Prosdocimi lembra que o cenário climático estava favorável para a proliferação do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue e outras arboviroses. “Mesmo se não tivesse o carnaval, teríamos essa situação. Até mesmo porque as pessoas trabalham, saem de casa, além das próprias residências serem focos de dengue. O clima favoreceu, em fevereiro tiveram dias de muito calor e muita chuva, situação ideal para o mosquito”, afirma.


DEMORA NA CONFIRMAÇÃO DE MORTES

Até ontem Minas Gerais confirmou 321.587 dos mais de 800 mil casos prováveis de dengue. Há 152 óbitos e outros 541 estão em investigação. A quantidade de mortes que estão aguardando análise é quase quatro vezes maior, situação que dificulta a leitura do real cenário de mortalidade no estado.

 

Em março, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, admitiu demora na confirmação de óbitos e explicou que a diferença de informações se dá pelo tempo de atualização das investigações dos casos suspeitos, tendo em vista que alguns óbitos, inicialmente taxados como decorrentes da dengue, são posteriormente desconsiderados após análises laboratoriais.

 

"Toda pessoa que morre cujo atestado indica dengue, chikungunya ou oropouche, há uma investigação desses casos para analisar se os dados laboratoriais são consistentes. Muitas vezes as pessoas têm sintomas compatíveis com a doença, mas não têm nenhum exame laboratorial", diz. "Alguns desses exames são feitos depois que a pessoa morre, então há esse tempo para que essa investigação seja fechada", disse em coletiva de imprensa.

 

Em relação à febre chikungunya, foram registrados 72.084 casos prováveis em Minas, dos quais 47.312 estão confirmados. Até o momento, 28 pessoas morreram e há 28 óbitos em investigação.


BELO HORIZONTE

Em BH, conforme o painel da SES-MG, há 110.614 casos prováveis de dengue, sendo 22.781 confirmados por exames laboratoriais. O pico da doença na capital foi no mesmo período do estado e, atualmente, 22 óbitos foram confirmados e outros 37 seguem em análise.

 

Segundo a prefeitura, durante o feriado prolongado de Páscoa, 6.632 pessoas com sintomas de dengue, chikungunya e zika foram atendidas. Nos quatro dias, 12 centros de saúde ficaram abertos e, considerando somente esses locais, foram atendidas 4.711 pessoas.

 

Já os Centros de Atendimento às Arboviroses (CAAs), localizados nas regionais Centro-Sul, Barreiro e Noroeste, receberam 652 pacientes. Nas Unidades de Reposição Volêmica (URVs) dessas mesmas regionais, 66 pessoas precisaram de atendimento.

 

No hospital temporário de Venda Nova houve 377 atendimentos e 20 internações de sexta a domingo. Na unidade de campanha na regional Norte foram assistidas 360 pessoas e internadas 53. No hospital temporário da Região Oeste foram atendidas 350 pessoas e 43 precisaram permanecer na condição de internadas, recebendo hidratação venosa. (Com Mariana Brasil/Folhapress)


NÚMEROS

 

MINAS GERAIS

833.252 casos prováveis

152 mortes confirmadas

541 óbitos em investigação

 

BH

110.614 casos prováveis

22 mortes confirmadas

37 mortes em investigação

 

O INÍCIO DA QUEDA

1º de abril - 8,5% de aumento em Minas

26 de março - 22% de aumento

18 de março - 22,2% de aumento

26 de fevereiro e 11 de março - 30% de aumento