Na foto, Cacique Merong Kamacã Mongoió na Retomada no vale do Córrego de Areias em Brumadinho. -  (crédito: Frei Gilvander Moreira / Reprodução)

Na foto, Cacique Merong Kamacã Mongoió na Retomada no vale do Córrego de Areias em Brumadinho.

crédito: Frei Gilvander Moreira / Reprodução

Líder da Retomada Kamakã Mongoió em Brumadinho, na Região Metropolitana de BH, cacique Merong foi encontrado morto na manhã desta segunda-feira (4/3). A informação foi confirmada pela Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).

 

De acordo com o boletim de ocorrência, a causa da morte teria sido suicídio. No entanto, Frei Gilvander Moreira, participante da Comissão Pastoral da Terra de Minas Gerais e amigo do cacique Merong, acredita que ele tenha sido assassinado devido ao trabalho de retomada que realizava. “Conversei longamente em particular com o cacique Merong no dia 24 de fevereiro, lá na Retomada Xukuru-Kariri em Brumadinho. Ele estava planejando ampliar as lutas, de cabeça erguida. Não foi suicídio, foi assassinato por perseguição”, afirma.

 

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Pertencente ao povo Pataxó-hã-hã-hãe e da sexta geração da família Kamakã Mongoió, cacique Merong Kamakã era conhecido pelo processo de retomada em que atuava como liderança no Vale do Córrego de Areias em Brumadinho e pela luta e defesa dos direitos dos povos indígenas e originários.

 

 

Graças à atuação emblemática, outras lideranças e ativistas da causa lamentaram a morte de Cacique Merong nas redes sociais. “Que tristeza receber a notícia da morte do cacique Merong Kamakã, amigo e parceiro de todas as horas durante nossa campanha, ocorrida na manhã de hoje. Ele sempre foi presente nas articulações em defesa dos direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais. Uma perda enorme”, afirmou a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL).

 

A Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares do Brasil (Conafer) também lamentou a morte. “O cacique Merong, como era conhecido, fazia da defesa dos povos originários a sua bandeira de luta. Em Minas Gerais, na região de Brumadinho. No Território Caramuru, no sul da Bahia. No apoio aos Xokleng, Guarani e Kaingang no Sul do Brasil. Como educador do Mais Educação Livre, contribuindo com seu conhecimento na Reserva Jaqueira. Apesar de uma longa caminhada pelo país na resistência contra a violência em áreas indígenas, Merong faleceu muito jovem e cheio de sonhos”, afirma a nota.

 

Além da Conafer, o mandato coletivo feminino do PSOL de Florianópolis, Mandata Bem Viver, também se manifestou. "Uma grande perda de um guerreiro que participou de inúmeras retomadas, sempre a postos na luta para devolver os direitos e os territórios dos povos indígenas por todo país. Esteve em janeiro deste ano em Florianópolis apoiando como sempre a Luta pela Casa de Passagem Indíge. És um guerreiro de todos os povos, de todos os seres, sempre na luta em defesa da vida! Que o Grande Espírito te receba e que sigas nos iluminando com toda sua força e luz!", afirmou o grupo através das redes sociais. 

 

Comovido, o Frei Gilvander relembrou: “Ele falava várias vezes: ‘Se me matarem na luta pelo território, me transformarei em adubo para fazer germinar mais luta por territórios e por todos os direitos indígenas’. Ele sabia que não seria sepultado e sim semeado na Mãe Terra”.

 

A ocorrência segue sendo investigada pela Polícia Civil de Minas Gerais.