Antiga Vila Nova da Rainha, uma das sete vilas do ouro em Minas Gerais, e palco da Guerra dos Emboabas (1707-1709), Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, inicia um período de festas para celebrar os 300 anos de criação da Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso. A programação do jubileu começa na próxima sexta-feira (2/2) no templo dedicado à padroeira, no Centro da cidade. No dia 16, ponto alto das comemorações, haverá repique de sino e missa em ação de graças.

 



 

“A população de Caeté tem muita fé com Nossa Senhora do Bom Sucesso, e em dia da festa vem gente de todos os cantos do município e de cidades vizinhas. Desta vez, teremos celebrações religiosas e atividades culturais até o encerramento (18/2)”, diz, com alegria, o titular da paróquia, padre Nilson Moreira Santana.

 

Na abertura, em 2 de fevereiro, data consagrada pelos católicos a Nossa Senhora da Luz, haverá adoração ao Santíssimo Sacramento e bênção das velas, com a Procissão da Luz saindo da Igreja São Francisco em direção à Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso, onde haverá missa. Criada em 16 de fevereiro de 1724, antes da igreja matriz, a paróquia esteve ligada inicialmente ao Rio de Janeiro, depois a Mariana e finalmente à Arquidiocese de Belo Horizonte.

 

Quem visita Caeté pode ver da Praça João Pinheiro – onde fica a matriz tombada, em 1938, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) –, a Serra da Piedade, cuja ermida do século 18 guarda a imagem de Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas, atribuída a Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814). As obras do chamado mestre do Barroco estão presentes também na Nossa Senhora do Bom Sucesso, na qual o pai do artista, arquiteto Manoel Francisco Lisboa, conforme estudos, foi responsável pela planta da construção.

 

Na foto, interior da Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso

Pedro Conceição/Prefeitura de Caeté/Divulgação

 

INTERVENÇÕES

Ressaltando que toda construção histórica precisa constantemente de serviços de conservação, padre Nilson destaca que a matriz está na lista de bens do Programa "Minas Para Sempre" – Fase 2, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), com recursos provenientes de medidas de compensação ambiental compensatórias acordadas entre o MPMG e entes privados. Ao templo datado de 1757, e considerado o primeiro construído em alvenaria de pedra, em Minas, foi destinado o valor de 1,7 milhão.

 

As intervenções, ainda sem data prevista para início, vão contemplar o restauro do retábulo, forro e piso da edificação e descupinização, favorecendo a preservação dos elementos artísticos, via conservação preventiva e ações de promoção do patrimônio cultural. Estão previstas ainda instalações elétricas, instalações luminotécnicas, segurança eletrônica e som.

 

Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso, de Caeté

Pedro Conceição/Prefeitura de Caeté/Divulgação

 

HISTÓRIA

De acordo com o Iphan, a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bonsucesso foi construída entre 1752 e 1758, supondo-se que a data de 1757, gravada no frontispício, indique o término dos trabalhos de construção da fachada. A execução das obras é atribuída ao construtor Antônio da Silva Bracarena, segundo planta possivelmente elaborada pelo arquiteto Manoel Francisco Lisboa (pai de Aleijadinho).

 

A planta é formada por nave única capela-mor com corredores laterais a esta e sacristia ao fundo. O enquadramento dos vãos, pilares cunhais e guarnição do frontão são em cantaria. O forro da nave, em abóbada, tem pintura de um muro parapeito contínuo. Nas laterais, observam-se pinturas figurativas simbolizando a fé e a esperança. Destaca-se, na empena da parede do arco-cruzeiro, pintura alusiva ao Partenon. Especialistas da autarquia federal informam que a igreja apresenta “excelente conjunto de retábulos, destacando-se o retábulo do altar-mor, no estilo D. João V, confeccionado pelo artista entalhador e escultor José Coelho de Noronha, em meados dos setecentos. Conserva ainda, valioso acervo de imaginária e alfaias”.

 

Já segundo a tradição oral, a construção está relacionada a um incidente ocorrido na então Vila Nova da Rainha. A primitiva capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso era administrada pelo primeiro vigário colado na Freguesia, o padre Dr. Henrique Pereira. Segundo relatos, a acusação caluniosa de uma nobre senhora residente na mesma freguesia, de que o vigário quis violentá-la, ocasionou a prisão do religioso. Levado a julgamento no tribunal da Inquisição, o sacerdote invocou a Virgem, prometendo construir uma igreja que lhe seria consagrada, caso fosse absolvido.

 

Nesse período, a acusadora esteve à morte e se arrependeu, inocentando o padre, que regressou a Minas com todas as honras e começou a construção da nova matriz.

 

PROGRAMAÇÃO

 

Jubileu dos 300 anos de criação da Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Caeté, na Grande BH – De 2 a 18 de fevereiro

 

2/2, às 18h – Abertura das festividades, com adoração ao Santíssimo Sacramento e bênção das velas, na Igreja São Francisco, seguindo-se a Procissão da Luz até a Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso, onde haverá missa.

 

15/2, às 22h – Missa, seguida do Canto do “Te Deum” (meia-noite) e bênção do Santíssimo.

 

16/2 (dia da criação da paróquia), às 12h – Repique de sinos, e, às 19h, Missa em Ação de Graças.

 

18/2 – Encerramento, com retreta no adro da matriz (8h), missa (9h) e, na sequência, procissão dos 300 anos com as imagens da padroeira de Caeté e dos padroeiros das comunidades.

 

ENQUANTO ISSO...

 

Escultura homenageia a padroeira de Minas

Em Itabirito, na Região Central de Minas, pode ser vista, desde o ano passado, uma imagem de Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas, obra do artista Guilherme Marques. Para conhecer mais sobre o trabalho, está disponível no Youtube um vídeo educativo sobre a Pietá mineira, acompanhado de cartilha com detalhes sobre a escultura e a vida do artista.

 

O patrocínio é Gerdau, via Lei Estadual de Incentivo à Cultura. A cartilha, segundo o escultor, propõe uma jornada cultural e educativa e contém propostas de atividades e aprofundamento para ajudar os professores a enriquecer as aulas sobre arte e cultura.

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