O cortejo sai na Avenida Afonso Pena -  (crédito: Alessandra Mello)

O cortejo saiu da Avenida Afonso Pena, em frente à Igreja São José, no Centro de BH

crédito: Alessandra Mello

O Baianas Ozadas, um dos maiores e mais "baianeiros" blocos de Belo Horizonte, faz nesta segunda-feira (12/2) de carnaval um desfile em homenagem ao Ara Ketu, bloco afro de Salvador (BA), ao orixá Oxóssi e a mãe Stella de Oxóssi, de um dos principais terreiros de Salvador, em defesa da tolerância religiosa.

O bloco abriu o desfile com a tradicional lavagem das escadarias da Igreja de São José, na Avenida Afonso Pena, de onde partiu o cortejo.

Para o fundador e vocalista do bloco, Geo Ozado, o tema escolhido para o carnaval vai além da folia.

"É uma homenagem que se traduz em três, a partir da escolha do orixá Oxóssi, o caçador - odé na língua yorúbá -, o Rei de Ketu, terra de uma das nações do candomblé no Brasil. E a partir de Oxóssi, que é o meu orixá de cabeça, essa homenagem se divide também ao bloco afro e também à banda Ara Ketu (que na tradução do yorúbá é povo de Ketu) e à Yalorixá (Mãe-de-Santo) Stella de Oxóssi, do Ilê Axé Opô Afonjá, um dos principais e mais tradicionais terreiros de Salvador", conta.

De acordo com Geo, a homenagem a Mãe Stella de Oxóssi, importante líder religiosa de Salvador (BA), falecida em 2018, traz para a avenida o desafio de refletir um carnaval além da festividade, uma festa em defesa de todas as religiões.

"Mãe Stella de Oxóssi lutou e defendeu as tradições das religiões de matriz africana, sobretudo no combate às intolerâncias religiosas. Mas também foi a sacerdotisa que, para além da tradição oral, registrou em livros e artigos a sabedoria, literatura e mitologia do povo de ketu, dos terreiros. Diversas obras escritas por ela a fizeram tornar-se a primeira mãe de santo a ocupar uma cadeira na Academia de Letras da Bahia. Nos livros dela, o legado de mulheres e homens que vieram do continente africano para contribuir com uma civilização nova no Brasil e, principalmente, ensinar e lembrar que todos nós viemos e somos parte de uma mesma natureza, advinda de um planeta vivo, em que animais, vegetais e minerais dependem uns dos outros para sobreviver“, conta Geo Ozado.

A mineira Joanita Moreira, de 91 anos, curte o Baianas Ozadas pela primeira vez acompanhada da filha Norcelia Moreira de Oliveira, de 66. "É muito bonito buscar nossa ancestralidade", diz Norcelia.

Joanita Moreira e Norcelia Moreira de Oliveira

Joanita Moreira e Norcelia Moreira de Oliveira

Alessandra Mello/EM/D.A Press

Para Leônidas Oliveira, Secretário de Estado de Cultura e Turismo, as expectativas para o carnaval em BH estão sendo cumpridas. "E hoje, na tradição, nesse que é um dos primeiros blocos a sair em grande estilo em Belo Horizonte, o Baianas Ozadas", comenta Leônidas, que também destaca a sonorização do bloco melhorada e o aumento da segurança no carnaval belo-horizontino.