No bloco Pena de Pavão os foliões se pintam de azul -  (crédito: Filipe Galgani - Divulgação)

No bloco Pena de Pavão os foliões se pintam de azul

crédito: Filipe Galgani - Divulgação

“Guardiãs da cultura, da espiritualidade, da memória, lutadoras do direito à cidade e políticas e públicas”, são essas as características das homenageadas pelo bloco Pena de Pavão de Krishna este ano, segundo Lalis Diniz Göes, coreógrafa e uma das regentes da ala de dança. Com o tema 'Ventres da Terra', o décimo primeiro cortejo do bloco acontecerá dia 11 de fevereiro, a partir das 7h, no Bairro União, região Nordeste de Belo Horizonte.

Para Lalis, o Pena de Pavão de Krishna enaltece as pessoas, que são as maiores riquezas de uma cidade. Este ano, especificamente, as mulheres são as homenageadas: matriarcas, artistas, benzedeiras e guardiãs da cultura de BH e Região Metropolitana. Déa Trancoso, Dona Eliza, Fran Januário, Augusta Barna, Deh Muss Onirika e Coral são as artistas que irão se apresentar no cortejo desse ano e representarão muitas das mulheres que o bloco presta tributo.

Em memória

O cortejo do Pena de Pavão irá homenagear também Julieta Hernández, a Palhaça Jujuba. A artista, ciclista e viajante foi assassinada no Amazonas, um de seus destinos pelo Brasil. Segundo Lalis, um ato em tributo à artista vítima de feminicídio é um ato de resistência, uma forma de deixar a memória dela viva, homenageando também todas as mulheres, palhaças, artistas e viajantes que continuam. “Quando mataram a Julieta, mataram um pedaço de todas nós”, disse a coreógrafa.

Lalis Diniz acredita que o Pena de Pavão tem em comum com Julieta a crença na potência, função social e política da arte. Em suas viagens pelo Brasil, a Palhaça Jujuba levava a arte para diversos lugares e pessoas. A artista será homenageada com uma intervenção de palhaças de bicicleta.

O bloco

O cortejo do Pena de Pavão, que acontecerá no domingo de carnaval, conta com confecção de bonecos gigantes e ala infantil e de acessibilidade, a “P.P.Kids”, além do ritual do bloco, o qual os foliões se pintam de azul. Durante a preparação do cortejo, cuja concentração acontece na avenida José Cândido da Silveira, representantes do movimento Hare Krishna da ISKCON BH irão realizar um kirtan (canto tradicional de mantras).

Na edição deste ano o cortejo será patrocinado pela CEMIG, via Lei Estadual de Incentivo à Cultura, e com o apoio da Belotur.

Ensaios

Para aquecer para o evento no dia 11/2, a bateria e ala de dança do Pena de Pavão terão ensaios abertos e gratuitos nos dias 29 e 31 de janeiro e também 2 e 5 de fevereiro. “Somos uma bateria social e aberta. E todo ano nosso grupo musical troca, tem muita gente que sai, mas também tem muita gente que chega. Então, esses ensaios são importantes para que os recém chegados aprendam a tocar os nossos instrumentos. Também é essencial para que os novos integrantes criem uma conexão com a banda e a regência, e tenham diálogos com a troca de ideias de arranjos”, diz Túlio Nobre, regente do bloco.

Os ensaios irão acontecer no Centro Cultural Padre Eustáquio (Rua Jacutinga, 550, Padre Eustáquio, Região Noroeste) às 19h. Além dos instrumentistas e da ala de dança, os ensaios contam com os cantores Raphael Sales e Leopoldina, e com os músicos Manu Andrade e Thiago Braz.

A ala de dança do Pena de Pavão é regida por duas mulheres, Lalis Diniz Göes e Lola Lessa, e traz por meio do movimento elementos da diversidade de espiritualidades e religiosidades do Brasil. Homens, mulheres, idosos e crianças compõem a ala de dança do bloco.

Lola Lessa, que comanda a ala de dança do bloco com Lalis Diniz Göes

Lola Lessa, que comanda a ala de dança do bloco com Lalis Diniz Göes

Divulgação

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice