Imagem de Nossa Senhora da Piedade, atribuída a Aleijadinho, na Ermida da Serra da Piedade -  (crédito:  Guilherme Simões/Divulgação)

Imagem de Nossa Senhora da Piedade, atribuída a Aleijadinho, na Ermida da Serra da Piedade

crédito: Guilherme Simões/Divulgação

Com 60% dos bens culturais tombados no país, a maioria localizada em igrejas, capelas e outros espaços sagrados, Minas Gerais dá mais um passo pioneiro em direção à preservação do seu patrimônio. Composta pelos representantes das sete arquidioceses e 21 dioceses existentes no estado, já está em atividade a Comissão para os Bens Culturais da Igreja do Regional Leste 2 (MG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Como presidente, foi empossado dom Geovane Luís da Silva, bispo diocesano de Divinópolis, na Região Centro-Oeste.


Com reunião marcada para 16 de fevereiro, em Belo Horizonte, a Comissão para os Bens Culturais da Igreja do Regional Leste 2 prioriza a preservação dos acervos, que incluem obras do mestre do Barroco, a exemplo de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), e fortalecimento da evangelização. A imagem de Nossa Senhora da Piedade, na ermida da Serra da Piedade, é uma das obras atribuídas ao artista. “A arte é um caminho da beleza, e buscamos a evangelização unindo a expressão cultural do povo à fé da Igreja”, afirma dom Geovane.


Outra frente do trabalho está na busca de recursos para proteção e segurança dos bens culturais, alvo constante de criminosos, e conscientização das comunidades, que, segundo especialistas, é a maior guardiã dos seus tesouros e culturais. “Já tivemos encontros na Assembleia Legislativa e no Ministério Público sobre a criação da comissão”, diz dom Geovane.


Entre os 28 componentes da Regional Leste 2, estão as arquidioceses de BH, Mariana (Região Central), Diamantina (Vale do Jequitinhonha), Montes Claros (Norte), Juiz de Fora (Zona da Mata), Uberaba (Triângulo) e Pouso Alegre (Sul), e as dioceses de Almenara, Araçuaí, Campanha, Caratinga, Coronel Fabriciano, Oliveira, Divinópolis, Governador Valadares, Guanhães, Guaxupé, Itabira, Ituiutaba, Janaúba, Januária, Leopoldina, Luz, Paracatu, Patos de Minas, São João del-Rei, Sete Lagoas, Teófilo Otoni e Uberlândia.

MUDANÇAS

Lembrando que a Igreja em Minas sempre se preocupou com a preservação do patrimônio, dom Geovane explica que, até então, havia a subcomissão para os bens culturais da Igreja Católica, subordinada à comissão de comunicação e cultura do Regional Leste 2. “Nos demais regionais do Brasil, ainda funciona dessa forma, enquanto aqui foi elevada ao status de comissão, o que é pioneiro. Nosso trabalho vem sendo realizado há muito tempo, tanto que tínhamos uma subcomissão para os bens culturais, e muitos dos participantes continuam em atuação”.


A mudança de status mostra a importância do trabalho a ser feito e, de certa forma, a agilização dos processos que converge para autonomia da comissão. “Há um bispo responsável, padres, leigos e estudiosos para encaminhar as questões referentes à preservação do patrimônio de Minas”, afirma o bispo.

PERITOS

Ao lado de bispos e padres das províncias eclesiásticas do Regional 2, a comissão terá a presença de peritos em história da arte, entre eles as professoras Adalgisa Arantes Campos, Beatriz Coelho, Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira e outros especialistas também em restauração e arquitetura. Na vice-presidência, está o arcebispo metropolitano de Juiz de Fora, dom Gil Antônio Moreira; na coordenação, a diretora executiva do Memorial da Arquidiocese de BH, Maria Goretti Gabrich Fonseca Freire Ramos; e, como secretário, o diácono Rutiero Ruan de Carvalho, da diocese de São João del-Rei (Região do Campo das Vertentes).


Para outubro, em Mariana, está programado o Seminário de Bens Culturais da Igreja do Regional Leste 2, realizado em parceria com outras instituições. “Já começamos a dar significativos e firmes passos no sentido de proporcionar que esses bens sejam potencializados em sua função evangelizadora”, ressalta dom Geovane.