Os 47 quilômetros que ligam Araçuaí e Itinga é um dos pontos mais críticos da BR-367, 
que leva ao Sul da Bahia -  (crédito: Sergio Vasconcelos/especial para o EM)

Os 47 quilômetros que ligam Araçuaí e Itinga é um dos pontos mais críticos da BR-367, que leva ao Sul da Bahia

crédito: Sergio Vasconcelos/especial para o EM

 A BR-367 é muito usada nesta época de férias, por ser “caminho da praia” para os mineiros, ligando Gouveia, na região de Diamantina (Região Central do estado) a Porto Seguro, no Sul da Bahia, atravessando o Vale do Jequitinhonha. Mas viajar pela estrada acabou virando um verdadeiro sacrifício para quem está em busca de descanso ou outro objetivo. A BR-367 é a rodovia federal em piores condições, de acordo com a pesquisa Painel CNT dos Pontos Críticos nas Rodovias Brasileiras 2023, divulgada ontem pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).

Segundo o estudo, a 367 tem 39 pontos críticos. A rodovia tem também diversos trechos de terra, cuja promessa de pavimentação por parte dos governantes vem de décadas. Mas um dos percursos da estrada em piores condições é um trecho asfaltado de 47 quilômetros entre Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha. Nesta época do ano, muitos motoristas recorrem ao trecho asfaltado entre Araçuaí e Itinga como “atalho” para chegar às praias do Sul da Bahia. As “panelas” na pista geram atrasos, prejuízos e muita revolta dos motoristas que passam por ali.

“Essa estrada está horrível. A gente precisa fazer zigue-zague na pista (para desviar dos buracos) e consegue rodar no máximo a 30 ou 40 quilômetros por hora. A estrada está cheia de panelas no asfalto, o que nunca vi antes”, reclama o açougueiro Hélio Mário. Ele conta que sempre percorre a estrada, viajando de Araçuaí para Catuji (na mesma região). “Só tem buraco. Eu queria saber as respostas dos governantes sobre o que pode ser feito em um lugar (trecho) desse aqui. Está horrível. Agora é a hora de pagar o IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) e o seguro obrigatório que está voltando. E onde que isso retorna pra nós? O que a gente investe no carro fica tudo na pista, com tantos buracos e crateras. Eu queria uma melhoria para o lugar. Esta é minha reivindicação”, desabafa Hélio Mário.

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Ele lembra que por causa da buraqueira, muitos veículos circulam na contramão na BR-367, elevando os riscos de acidentes. Hélio Mario disse ainda que antes demorava 40 minutos para percorrer o trecho de 73 quilômetros de asfalto entre Araçuaí e Itaobim (entroncamento com a BR 116). Hoje, com a “buraqueira” gasta em torno de duas horas para atravessar o mesmo percurso.

Outro usuário que reclama das más condições da BR-367 é o caminhoneiro Nelson Dias dos Santos, de uma transportadora de Montes Claros, que percorre a rodovia, em média, duas vezes por semana para o transporte de cargas para o Vale do Jequitinhonha.

“A situação dessa estrada está muito crítica. Atrasa a viagens da gente e estoura os pneus. A gente perde muito tempo na rodovia”, lamenta Nelson Dias.


Ele diz que o trecho em piores condições fica entre Araçuaí e Itinga. Ultimamente, o mesmo trecho ganhou maior movimento de veículos pesados por causa da exploração de lítio na região. Usuários reclamam que a circulação dos caminhões pesados da mineração, sem a existência de uma balança de controle na região, também contribuem para danificar mais ainda o piso asfáltico.

A BR-367 compreende cerca de 700 quilômetros entre Gouveia (Região Central) até Porto Seguro (BA). Depois de Gouveia, a rodovia atravessa vários municípios do Vale do Jequitinhonha (Diamantina, Couto de Magalhães de Minas, Leme do Prado, Turmalina, Minas Novas, Chapada do Norte, Virgem da Lapa, Araçuaí, Itinga, Itaobim, Jequitinhonha, Almenara, Rubim e Salto da Divisa, antes de entrar no território baiano.

SEM ASFALTO

A 367 ainda conta com vários trechos sem asfalto, cujas condições pioram durante as chuvas como o período atual. Um dos trechos de terra fica entre Chapada do Norte e Virgem da Lapa, que compreende 52 quilômetros. Morador de Berilo, o professor Sander de Sales Amaral reclama que, além das más condições da estrada não pavimentada, os usuários enfrentam os riscos diante da precariedade das pontes antigas de madeira, também consideradas como pontos críticos da BR.

Conforme o morador, no trecho não pavimentado da rodovia entre Chapada do Norte e Virgem da Lapa existem cinco pontes antigas que necessitam de reparos. Uma das travessias em condições mais precárias é a ponte da BR-367 sobre o Rio Araçuaí, entre Berilo e Virgem da Lapa. No dia 14 de setembro do ano passado, um caminhão despencou de cima da ponte por causa do seu péssimo estado de conservação e o motorista do veiculo morreu em consequência do acidente, o que causou indignação na região. 

39 pontos críticos complicam a vida dos motoristas na BR-367