Ensaio Geral: com as caixas de sonorização nenhum folião vai perder o ritmo da bateria -  (crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Ensaio Geral: com as caixas de sonorização nenhum folião vai perder o ritmo da bateria

crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press

O grito ainda está preso na garganta, mas quando a hora chegar e a bateria ressonar os primeiros acordes, a grande inovação do Carnaval de BH 2024, as caixas de sonorização, vão elevar a voz dos artistas minerios e dos foliões para outro patamar.

O batuque, o samba e música brasileira vão tomar conta da capital e serão ouvidos por todos. Hoje, no primeiro dia de Ensaio Geral, na Avenida dos Andradas, 24 blocos estão dando um gostinho, uma palinha do que estar por vir dentro de alguns dias.

E é de ficar arrepiado com os primeiros batuques de “Gente é pra Brilhar”, hino do bloco Então Brilha, que tradicionalmente abre os quatro dias de Carnaval em BH. Com a nova sonorização, o canto foi ouvido a pelo menos 180 metros da bateria com nitidez.  Assim, com as caixas, a previsão é que a música, o canto, o grito seja, não só ouvido, mas sentido por quem estiver até 600 metros longe do trio elétrico.

 

 

 

Som na caixa

De acordo com Leônidas Oliveira, secretário de Estado da Cultura e Turismo de Minas Gerais, ao todo são 16 caixas, colocadas de 30 em 30 metros - elas ainda não estão ligadas por wi-fi mas por fios para evitar um delay -, que vão ficar espalhadas de forma que quem está no trio elétrico ou trem elétrico vai ouvir toda a bateira e a música como também quem estiver a 600 metros de distância.

Em 2024, o secretário explica que ainda há um sistema híbrido, usando os trios elétricos e criando a parte de engenharia com o governo de Minas para o que tem chamado de "trem elétrico": "Dos 24 blocos no Ensaio Geral, depois, no total serão 50 blocos, vão ter a presença das caixas de sonorização os blocos maiores, já que eles somam cerca 80% das pessoas que vêm ao Carnaval e precisam da sonorização para oferecer qualidade para todos. São blocos que arrastam, imagina, 300 mil pessoas".

O interessante, destaca Leônidas Oliveira, é que os blocos vão sair de onde se concentram normalmente e as caixas de sonorização vão acompanhá-los, ou seja, a estrutura é móvel e vai caminhando: "A música vai ser repetida nas caixas de som ao longo da avenida , essa é a dinâmica. Blocos como o Então Brilha, Baianas Ozadas, Bloco Volta Belchior terão o trem elétrico e vão sair de onde tradicionalmente se apresentam no Carnaval, a sonorização vai segui-los, saindo juntos".

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Então Brilha no Ensaio Geral aumenta a expectativa e atiça os foliões sobre o que está por vir

Leando Couri/EM/D.A Press

As caixas de sonorização vão contemplar os blocos maiores, concentrados nas regionais Central e Leste. Nas demais, o secretário enfatiza que o Governo de Minas patrocinando a Belotur levará toda a infraestrutura para os bairros das demais regionais, que têm blocos menores e fazem uma festa tão linda quanto. Mas a própria identidade deles não casa com uma sonorização como é fundamental para os  maiores. No entanto, por ser menores, não cabe a sonorização, mas vão ter presentes a estrutura de  banheiros químicos, proteção à mulher, entre outras ações"

Como funciona?

Patrícia Tavares, CEO da Do Brasil e na coordenação geral do projeto, destaca que a sonorização foi idealizada para trazer inovação para o Carnval de BH: "Ela é tão inovadora que, se o trem elétrico foi criado por Dodô e Osmar na Bahia para contemplar os camarotes, para BH, temos de pensar em atender o nosso Carnaval que é no chão, com o público no chão. Então, inovamos para uma estrutura que  aproximasse as bandas dos foliões de forma diversa para que tudo possa acontecer".

Patricia diz que o projeto está só começando e está em teste: "Vamos entendendo como vai funcionar, buscar patrocínio para fazer esse projeto tão inovador. Para ter ideia, o caminhão com plataforma que precisamos, só existia um na Bahia, mais ou menos pronta, e fomos procurar investidores em Minas para termos mais duas, três opções. No fim, acredito em movimento coletivo, quando os blocos pedem, a população quer e aí conseguimos mobilizar".

De acordo com Patrícia, de forma geral, as caixas de sonorização funcionam assim: "Dentro do caminhão, tem uma conexão sonora, onde ele sonoriza o bloco, a banda, a bateria dentro da plataforma. Isso é passado por uma antena gigante que transmite para os rádios das torres, como se fosse um wi-fi potente, e o som todo é transmitido para estas torres. Hoje, foi nosso primeiro teste e demoramos uma semana para instalar e o tempo será reduzido com o aprimoramento". E um aviso aos foliões, o sistema é à prova de chuva, logo a música não vai parar mesmo se São Pedro mandar água. 

Já pensando em 2025

Se em 2024, as avenidas Andradas e Amazonas foram as comtempladas com as caixas de sonorização, para 2025, Leônidas Oliveira imagina que, dando certo e aprovado pelos foliões, mais espaços vão contar com um som ainda melhor, mais nítido e colocando todo mundo para pular e sambar.

"Todos os trios elétricos do Carnaval em BH, desde o início, são trazidos da Bahia. Agora, a sonorização, a invenção do trem elétrico, essa nova dinâmica nas ruas, que é uma criação dos blocos, ela é toda confeccionada em Minas Gerais, os produtores alugam a sonorização, o trem está sendo feito por engenheiros e pelos blocos de mineiros, até mesmo para que o recurso seja investido e espalhado, como falamos, da arte até a graxa", destaca o secretário.

E para 2025, a Avenida Afonso Pena é grande candidata para ter a presença da sonorização: "Além da Afonso Pena, que é central no Carnaval, acredito e gosto particularmente, do circuito da Praça Raul Soares até a Praça Sete porque são duas rampas linda e com uma estética urbana muito bonita. E de uma visibilidade incrível, porque quem está na Raul Soares vai ver aquele movimento de gente, então, é outra candidata. Mas vamos avaliar com a Prefeitura outros lugares que podem receber o Carnaval", revela Leônidas Oliveira.

O Ensaio Geral antecede a festa e Leônidas Oliveira está empolgado, já no ritmo e prevê dias de alegria: "Hoje, o Ensaio Geral, é menor, temos 400 metros. Depois, teremos uma festa ampliada na Andradas e também na Amazonas. Os bairros terão, diferenciadamente, infraestrutura também, mas sem sonorização porque são blocos pequenos. Mas a expectativa é que a festa seja grandiosa na qualidade e na elevação da voz. Estou chamando a voz do Carnaval da  voz dos nossos artistas. O Carnaval traz alegria para as pessoas, gera emprego, renda. Carnaval da liberdade, Minas é isso, livre. O Ensaio Geral é grito do Carnaval, patrocinado pelo PBH e Governo, começamos com pé direito, será o mais sem pandemia dos últimos anos, com sonorização e sobretudo com a voz dos artistas ouvida".