Intervenções no entorno da Avenida Cristiano Machado: viadutos tem objetivo de eliminar gargalos no Vetor Norte

Intervenções no entorno da Avenida Cristiano Machado: viadutos tem objetivo de eliminar gargalos no Vetor Norte

Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press

Difícil haver um dia útil em que pessoas que trafegam por Belo Horizonte não reclamem de algum gargalo no tráfego da cidade. A expectativa de transformar essa realidade está depositada sobretudo em um ambicioso pacote de obras, que tem entre seus principais objetivos desafogar o Vetor Norte da capital e, por consequência, Venda Nova, áreas onde há problemas históricos de trânsito.

Nos 12,1 quilômetros de extensão da Avenida Cristiano Machado, que integra a chamada Linha Verde, estrutura milionária com o objetivo de ligar o Centro de BH ao aeroporto internacional em Confins, os gargalos se acumularam ao longo dos anos. Um conjunto de obras em andamento da Prefeitura de Belo Horizonte para o trecho busca desatar esses nós.

Uma das iniciativas para isso é a construção de uma trincheira, escavada sob a região do Shopping Estação BH, próximo à Catedral Cristo Rei. “Esse é o trabalho mais difícil. O projeto já está pronto, estamos terminando o orçamento para publicar a licitação de obra até abril”, adianta o superintendente da Sudecap, Henrique de Castilho. O início das obras é estimado para o segundo semestre de 2024.

Refeita para ser uma via expressa, a Avenida Cristiano Machado se transformou em um grande canteiro de obras diante da construção de três novos viadutos, com custo total estimado em R$ 224 milhões. O primeiro trecho de obras, iniciadas no ano passado, no cruzamento com a Avenida Waldomiro Lobo, já tem 35% das intervenções concluídas. A previsão de término é para o 2º semestre de 2024.

“Essa obra vai melhorar, já de cara, o trânsito em torno de 8 minutos. Tem estudos de tráfego que apontam isso”, projeta Henrique de Castilho. As obras custarão R$ 104,8 milhões, financiados por verbas provenientes da Corporação Andina de Fomento e dos Recursos Ordinários do Tesouro Nacional.

Alívio em mais cruzamentos

Já na interseção com a Avenida Sebastião de Brito, na altura da estação de metrô Primeiro de Maio, estão sendo investidos cerca de R$ 90 milhões nas obras e serviços para implantação de outro viaduto, em paralelo às intervenções contra inundações na Avenida Cristiano Machado – outro problema histórico da região. A previsão de conclusão desse elevado é para o 2° semestre de 2025. O novo viaduto permitirá, ainda, a ligação entre os bairros Dona Clara e Primeiro de Maio.

Outra aposta é uma nova alça na interseção da Avenida Saramenha, para retorno dos veículos à Cristiano Machado – trajeto difícil de ser feito atualmente e que testa a paciência dos motoristas no tráfego por dentro do bairro. “Já foi dada a ordem de serviço. A obra deve começar até janeiro”, revela o superintendente da Sudecap. O investimento está estimado em R$ 29,2 milhões.

Com obras de longo prazo, a aposta para desatar os “nós” no trânsito da Cristiano Machado estabelece um conjunto de estratégias para reorganizar o fluxo e eliminar semáforos, mirando especialmente na fluidez do tráfego, um dos principais problemas da região. Também estão previstas adequações na circulação de pedestres, melhorando o acesso à estação de metrô Waldomiro Lobo.

 

Recuperação do asfalto

Como parte do pacote de mobilidade em andamento em BH, estão sendo feitas obras para recuperação funcional do pavimento e sinalização das avenidas Presidente Tancredo Neves, Heráclito Mourão de Miranda e Altamiro Avelino Soares. São vias que apresentam alto fluxo de veículos utilitários e comportam itinerários de diversas linhas do transporte coletivo, o que faz delas importantes corredores para a mobilidade na Região da Pampulha.

Aos poucos, a previsão é de que a população perceba os contornos de uma nova Avenida Cristiano Machado. Parte do investimento também será destinada a uma reforma urbanística e paisagística nos trechos em obras. Polêmica antiga, a desapropriação de famílias e pontos de comércio que precisam dar espaço às estruturas também está sendo discutida. O valor estimado para as desapropriações é de R$ 19 milhões.

Enquanto não ficam prontas, as obras em si geram transtornos inevitáveis no trânsito. “Vamos melhorar ali a questão do traçado, trânsito, segurança. Mas temos que ter paciência. Por mais que a gente não queira, tem impactos no trânsito, as pessoas ficam mais incomodadas”, afirma o superintendente da Sudecap, Henrique de Castilho. Os desvios necessários à medida que a obra for se desenvolvendo são parciais, segundo a Prefeitura de BH, e já foram aprovados pela BHTrans.

Em conjunto, as intervenções no eixo da Avenida Cristiano Machado têm previsão de reduzir, em média, 18 a 20 minutos no trajeto. “Vai resolver bastante toda confusão de trânsito que temos ali na Cristiano Machado. E também, automaticamente, vai melhorar o fluxo na Avenida Vilarinho, em Venda Nova, muito impactada pelo fluxo de veículos da Cristiano Machado”, avalia Henrique de Castilho.

Estimada em quase R$ 25 milhões, a reforma da avenida, iniciada em novembro, tem previsão de término em outubro de 2024. O maior trunfo do pacote de obras na Afonso Pena, na avaliação do superintendente da Sudecap, são os investimentos em acessibilidade. “Nós queremos que o cadeirante, pessoas com mobilidade reduzida, tenham tranquilidade e segurança para andar no Centro. Isso foi uma das nossas prioridades nesse projeto”, afirma.

O desenho da nova avenida prevê, ainda, ciclovia e faixas exclusivas de ônibus em todo o percurso. “Hoje, para qualquer lugar que a gente vai, temos que sair muito mais cedo, porque, infelizmente, o trânsito é difícil. Então, são obras para fazer com que o cidadão possa se deslocar com mais facilidade e ter um tempo de deslocamento menor do que é hoje, seja de bicicleta, ônibus, moto ou carro”, aponta. Também estão previstas intervenções para aumentar a segurança dos pedestres, como implantação de mais travessias elevadas, faixas de pedestre e expansão do número de abrigos de ônibus.

As obras na Afonso Pena serão feitas em etapas, um local por vez, começando pelo trecho na altura da Praça da Bandeira, onde a empresa responsável já começou a montagem das estruturas e mobilização de maquinário para a intervenção. No momento, não há interdições na via.

No entanto, a prefeitura já adianta que, durante a execução dos serviços – de segunda a sexta-feira, para permitir a continuidade da tradicional feira de artesanato aos domingos –, a faixa de trânsito mais próxima ao canteiro central no trecho em obras será interditada. O percurso será sinalizado, sendo garantido o acesso a moradias e a estabelecimentos comerciais.

Move chega à Amazonas

Depois de mudar a rotina do transporte nas regiões de Venda Nova, Pampulha e Nordeste, as próximas rotas do sistema BRT/Move traçam mais de 24 quilômetros de viagens prioritárias de ônibus, ligando a Praça Sete, no Centro de BH, até as estações de integração no Barreiro. O projeto prevê dotar a Avenida Amazonas de estrutura para o trânsito dos ônibus articulados, a exemplo do que ocorre nas Avenidas Antônio Carlos e Cristiano Machado, com estações de transferência e um canteiro central.

 

Obras na Avenida Cristiano Machado

R$ 224 milhões investidos em três viadutos

Conjunto de obras prevê reduzir de 18 a 20 minutos no trajeto


Viaduto Waldomiro Lobo (prevê redução de 8 minutos de engarrafamento já no ano que vêm)

R$ 104,8 milhões investidos

Obras terminam no 2º semestre de 2024

 

Viaduto Sebastião de Brito

R$ 90 milhões

Obras previstas para terminar no segundo semestre de 2025


Viaduto Saramenha

R$ 29,2 milhões

Previsão de início em 2024

 

REQUALIFICAÇÃO DA ÁREA CENTRAL

Parte dos esforços voltados para a melhoria da mobilidade urbana em BH se concentram também na requalificação da área central, por meio do programa “Centro de Todo Mundo”, que conduz uma série de intervenções na Avenida Afonso Pena, referência no trânsito da capital. Da Praça da Rodoviária até a Praça da Bandeira, os quase cinco quilômetros do primeiro corredor de tráfego traçado na cidade se transformarão em um canteiro de obras com proposta de melhorar o tráfego e a acessibilidade no entorno.