O caso aconteceu no último sábado (4/11) em uma clínica localizada na Avenida Caio Martins em Matozinhos -  (crédito: Google Street View / Reprodução)

O caso aconteceu no último sábado (4/11) em uma clínica localizada na Avenida Caio Martins em Matozinhos

crédito: Google Street View / Reprodução

A clínica onde Jessica Marques Vieira, de 32 anos, morreu durante a retirada de um Dispositivo Intrauterino (DIU) não possuía permissão para operar procedimentos ginecológicos. A informação foi confirmada por uma nota emitida nesta quinta-feira (9/11) pela Secretaria de Saúde da cidade de Matozinhos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O caso ocorreu no último sábado (4/11) e o inquérito corre como "erro médico".

 

No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que o profissional que pode inserir e retirar o DIU é aquele treinado e capacitado para tal: enfermeiro ou médico, sendo que não é necessário ser enfermeiro obstétrico ou o médico ginecologista. O médico de família e a enfermeira, enfermeira obstétrica ou obstetriz treinada também podem inserir o DIU.

 

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De acordo com a nota, a clínica chamada Med Center, localizada na Avenida Caio Martins, possui alvará sanitário e Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). No entanto, apesar de ser apta para a realização de exames cardiológicos e ter estrutura necessária para os primeiros socorros, a prefeitura afirmou que a unidade não possui “permissão para operar procedimento ginecológico”.

 

 

O episódio aconteceu na manhã de sábado, entre 7h30, hora em que a vítima chegou ao local, e 9h30, quando ela foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), também em Matozinhos.

 

Jéssica tinha horário marcado e chegou à clínica acompanhada do pai, Lino e do marido. Logo foi atendida e levada para um consultório, de um cardiologista. Pai e marido estranharam a demora do procedimento.

 

Por volta das 9h30, uma movimentação de enfermeiras chamou a atenção dos dois, que temiam que algo estivesse errado. Em dado momento, viram duas bolsas de soro sendo carregadas por uma enfermeira e, em seguida, chegou uma equipe da UPA, com um desfibrilador.

 

Pai e marido passaram a questionar as enfermeiras e uma delas informou a eles que o quadro de Jessica era preocupante. Pouco tempo depois, a mulher saiu da sala em uma maca.

 

Segundo o pai dela, que é vigilante e já fez cursos de primeiros socorros, a filha estava pálida e tinha os lábios roxos. Ao lado do genro, questionou o médico, que alegou que tinha tentado fazer o procedimento de ressurreição 19 vezes. Os dois foram impedidos de ir na ambulância com Jéssica. Ninguém informou ao pai e ao marido o quadro de saúde da mulher, até as 14h30, quando a morte foi comunicada.

 

A nota da prefeitura afirma que, devido a especificidade do caso e desconhecimento dos procedimentos tomados na Clínica Med Center, o médico plantonista da UPA de Matozinhos solicitou remoção e avaliação do Instituto Médico-Legal (IML), em Belo Horizonte. O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil (PCMG).

 

A reportagem tentou contato com a clínica Med Center por telefone, mas ainda não teve sucesso.