Todos os dias, trabalhadores ao redor do mundo enfrentam diversos desafios no ambiente profissional, como prazos apertados, além da necessidade de equilibrar responsabilidades pessoais e profissionais. Menos discutida, porém igualmente relevante, é a questão das pausas para usar o banheiro durante o expediente, evidenciada por um recente incidente na Alemanha em que um funcionário foi supostamente demitido por passar muito tempo no banheiro, levantando debates sobre direitos trabalhistas e implicações legais.
Quais direitos os trabalhadores têm em relação às pausas durante o trabalho
Poucos trabalhadores sabem claramente quais são seus direitos em relação a pequenas pausas durante o expediente. A maioria das legislações trabalhistas, como ocorre em muitos países, garante intervalos mais longos como o do almoço, mas nem sempre específica o tempo destinado para intervalos no banheiro.
Segundo especialistas em direito trabalhista, cabe ao empregador provar, em disputas, eventuais abusos nos intervalos realizados para outros fins pessoais que não sejam necessidades fisiológicas, sendo fundamental um equilíbrio entre produtividade e bem-estar.
Como a legislação suíça aborda as pausas para ir ao banheiro
Na Suíça, ainda não existe legislação específica que determine a duração ou frequência das pausas para banheiro. Isso é explicado por Roger Rudolph, da Universidade de Zurique, que destaca a flexibilidade dessa questão.
Em situações particulares, como quando há uma condição médica, a demissão pode ser considerada injustificada a não ser que o empregador demonstre prejuízo ou abuso comprovado do tempo de trabalho.

Pode um trabalhador ser penalizado por pausas frequentes no banheiro
A discussão sobre demissão por excesso de pausas no banheiro também envolve questões éticas e legais, pois o direito ao bem-estar do trabalhador está diretamente relacionado à dignidade humana. Por outro lado, representantes de empresas argumentam que é essencial evitar o uso indevido do tempo de trabalho para garantir eficiência.
Para que o funcionário compreenda o que pode ou não ser motivo de penalização, é importante entender os principais argumentos usados em casos como esse:
- Privações de necessidades fisiológicas podem ser consideradas violação de direitos fundamentais;
- Empregadores defendem a manutenção da produtividade e do controle de jornadas;
- Exceções podem ocorrer para casos médicos ou mediante negociação;
- Decisões judiciais costumam variar conforme as circunstâncias e o histórico do empregado.
Como a legislação brasileira trata as pausas para banheiro
No Brasil, a legislação trabalhista também não especifica o tempo exato destinado às pausas para ir ao banheiro, mas há princípios constitucionais de proteção à saúde, dignidade e bem-estar do trabalhador. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê o direito a intervalos para repouso e alimentação, e entende-se que as necessidades fisiológicas fazem parte dos direitos fundamentais do empregado.
A empresa não pode restringir ou impedir que um funcionário utilize o banheiro quando necessário por questões fisiológicas. Medidas como limitar o acesso ao sanitário podem ser consideradas práticas abusivas, discriminatórias e caracterizar assédio moral, tornando a empresa sujeita a indenização por danos morais.
No vídeo abaixo, a advogada Mariana Gonçalves (@marianagoncalvesadv) fala sobre o assunto:
No entanto, abusos podem ser punidos. Se for constatado que o funcionário utiliza longos períodos no banheiro para outras atividades, como descanso ou o uso do celular de maneira frequente e injustificada, isso pode ser considerado mau uso do tempo de trabalho e, mediante investigação adequada, levar a advertências ou até mesmo demissão por justa causa. Por outro lado, é fundamental que a empresa averígue se existe alguma condição médica subjacente que exija maior frequência.
O correto é que a empresa sempre busque o diálogo, converse com o empregado e procure entender os motivos antes de tomar qualquer medida. Importante ressaltar que o tempo destinado às necessidades fisiológicas faz parte da dignidade do trabalhador, não devendo ser computado nem restrito. O respeito à boa convivência no ambiente de trabalho é essencial para assegurar não só a produtividade, mas também a saúde física e mental dos colaboradores.
O que o caso na Alemanha nos ensina sobre equilíbrio entre trabalho e necessidades pessoais
O episódio alemão destaca a necessidade de diálogo transparente e de políticas institucionais claras, para alinhar expectativas de ambos os lados e evitar interpretações conflitantes. Um ambiente de trabalho saudável depende de respeito mútuo e compreensão sobre limites e direitos.
Além disso, é fundamental que empregadores reconheçam a importância do bem-estar de seus funcionários, adotando abordagens flexíveis que promovam tanto a saúde quanto a produtividade no cotidiano profissional.




