Um recente caso judicial envolvendo compensações econômicas após o divórcio trouxe à tona discussões relevantes sobre os direitos do cônjuge dedicado ao trabalho doméstico em uniões sob o regime de separação de bens. A decisão da Audiência Provincial de Córdoba confirmou a obrigação do pagamento de indenização à ex-esposa pelo trabalho realizado no lar durante o casamento, nos termos do acordo previamente ratificado entre as partes.
Como foi definida a indenização pelo trabalho doméstico em Córdoba
O acordo homologado em abril de 2022 e ratificado em setembro do mesmo ano estabeleceu que o ex-marido deveria pagar 200 euros mensais a título de pensão alimentícia para cada filho menor, além de 300 euros mensais à ex-esposa durante cinco anos e três meses. Ao todo, a compensação totaliza 19.800 euros, caracterizando-se como uma indenização por serviços domésticos, e não uma pensão compensatória revisável.
Indenização pelo trabalho doméstico: o que ela representa
Esse tipo de indenização tem como objetivo reconhecer economicamente a dedicação de um dos cônjuges ao lar, o que muitas vezes não é remunerado. Esse reconhecimento é especialmente significativo em regimes de separação de bens, visto que a distribuição das rendas pode ser desequilibrada.

Entre os objetivos dessa compensação, destacam-se:
- Reparar o trabalho doméstico não remunerado durante o casamento
- Promover a equidade na divisão dos recursos após o divórcio
- Assegurar proteção econômica ao cônjuge que abriu mão de carreira profissional
O que considerar sobre a possibilidade de modificar ou extinguir a compensação econômica
Em decisão recente, a Audiência Provincial rejeitou o pedido do ex-marido para modificar ou extinguir a compensação, apesar das suas alegações de problemas financeiros. O tribunal destacou que a compensação foi estabelecida consensualmente para reparar uma contribuição específica de um dos cônjuges durante o casamento.
A sentença ainda reforça que a situação econômica do pagador após o divórcio não altera o direito previamente pactuado à compensação, salvo se houver uma justificativa legal muito clara e documentada.
Pensões alimentícias continuam válidas mesmo após alteração na situação financeira do pagador
Em relação às pensões alimentícias, a decisão foi mantida porque não houve comprovação de redução real e permanente dos rendimentos do ex-marido, mesmo após a dissolução de sua empresa. A falta de documentação robusta impediu qualquer alteração desse valor.
Além disso, o pedido de eliminação da pensão do filho maior de idade foi indeferido, pois não ficou comprovado que a ausência de relação era completamente imputável ao filho, critério indispensável para a extinção da obrigação.
Por que a documentação adequada é essencial em casos pós-divórcio
Essas decisões ressaltam como a apresentação de provas e documentação adequada é fundamental em pedidos de modificação de medidas econômicas após o divórcio. O reconhecimento do trabalho não remunerado também estabeleceu precedente sobre a indivisibilidade de certas obrigações consensuais.
Dessa forma, o direito ao recebimento de compensações previamente acordadas fica reforçado, promovendo mais equidade na partilha dos recursos após o término do casamento.




