Alto-forno 3 da usina de Ipatinga -  (crédito: Elvira Nascimento/Usiminas)

Alto-forno 3 da usina de Ipatinga

crédito: Elvira Nascimento/Usiminas

Ipatinga - A Usiminas retomou a produção do Alto-forno 3 da usina de Ipatinga, no Vale do Aço, em Minas Gerais. O equipamento estava inativo desde o início do ano passado devido a processos de reforma e modernização. A cerimônia de religamento, nesta quarta-feira (24/1), contou com a presença do governador Romeu Zema (Novo), o prefeito de Ipatinga, Gustavo Nunes, agentes políticos, como deputados estaduais e federais, vereadores da região e executivos.

 

 

 

À imprensa, o presidente da Usiminas, Marcelo Chara, destacou as melhorias do investimento. O equipamento aumenta a capacidade de produção de ferro-gusa. “O Alto-forno 3 incorpora tecnologia, permite melhorar a eficiência operacional, permite melhorar e otimizar nosso impacto no meio ambiente, a condição de trabalho. Claramente investir R$ 2,7 bilhões numa instalação como o Alto-forno gera uma transformação extraordinária”, declarou.

 

Apesar do alto investimento, o presidente da siderúrgica apontou as dificuldades enfrentadas em razão da competição do aço importado do mercado chinês. Em dezembro do ano passado, a Usiminas interrompeu as operações no Alto-forno 1, decisão motivada pela competição do aço importado do país asiático, que invadiu o mercado brasileiro no ano passado.

 

“As importações de origem chinesa estão gerando uma concorrência desleal, preços subsidiários, que estão gerando um impacto enorme na indústria, motivo pelo qual abafamos [desativamos] o forno 1”, afirmou Chara.

 

“Estamos trabalhando intensamente através da associação que nos representa, o Instituto Aço Brasil, e estamos em contato com as autoridades de todos os níveis, procurando colocar nossa preocupação, porque o que está acontecendo está destruindo o emprego brasileiro. Abafar o Alto-forno 1 significou mais de 100 demissões”, acrescentou.

 

Com a reforma do Alto-forno 3, o equipamento agora tem capacidade para produção de 3 milhões de toneladas por ano. No entanto, o presidente da siderúrgica ressalta que, em razão das desvantagens mercadológicas, não deve ampliar a contratação de funcionários. “Não vamos criar postos de trabalho. Longe disso, estou preocupado pela possibilidade de que possamos perder postos de trabalho. Com esse nível de concorrência, você não consegue contratar sem o risco de demitir”, frisou.

 

Segundo o presidente, os impactos econômicos podem levar até mesmo a novas demissões. “Se isso não mudar, vai ser pior cada vez. Vai ser cada vez mais complicado manter os níveis de produção que temos na indústria. Infelizmente isso repercute e cada vez mais vamos ter que contratar menos serviços, menos pessoas. E isso afeta o volume de produção”, pontuou.

 

Zema comemora investimentos

Durante a cerimônia, o governador Romeu Zema celebrou os investimentos da empresa. “Um projeto que foi um dos maiores investimentos que nós tivemos no estado de Minas, nesses 5 anos do meu governo. Poucas empresas que se instalam em Minas Gerais têm um projeto que supera essa marca de R$ 2,7 bilhões”, pontuou. “O que nós queremos é que a economia de Minas fique cada vez mais competitiva e esse investimento aqui vem totalmente de encontro. Maior produtividade e redução na emissão de gases”, completou.

 

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O governador disse ter entrado em contato com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, pasta comandada pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), para levar as demandas referentes às queixas do mercado brasileiro e a competitividade com o mercado chinês. Para o governador mineiro, há certa omissão do governo federal.

 

“Minas Gerais é o maior produtor de aço do Brasil. Nós já levamos ao ministro [Geraldo Alckmin] essa necessidade de se rever a tarifa de importação do aço, e temos cobrado. Como não sou eu que tomo essa decisão, eu fico um tanto limitado. Me parece que hoje há certa omissão do governo federal em relação a essa taxa do aço”, criticou Zema.

 

O prefeito de Ipatinga, Gustavo Nunes, também comemorou os investimentos da empresa e destacou a importância da siderúrgica para a cidade e para a comunidade. “Qualquer um que estivesse no comando de Ipatinga teria a absoluta certeza da importância de fazer parte de um capítulo tão especial que mais uma vez une a Usiminas e o município de Ipatinga”, declarou.

 

Evento na Usiminas

A cerimônia de religamento contou com a presença do governador Romeu Zema (Novo), o presidente da Usiminas, Marcelo Chara, o prefeito de Ipatinga, Gustavo Nunes, agentes políticos e executivos

Vinicius Prates/EM/D.A Press


Capacidade de produção e investimentos

Em operação desde 1974, o Alto-forno 3, que corresponde a 70% da produção de aço bruto da unidade, é o principal equipamento da usina. Com a conclusão das reformas, prevê-se que ele possa operar por mais 20 anos. Os investimentos necessários para o processo de reforma incluíram a substituição do corpo interno do alto-forno, a implementação de um novo sistema de resfriamento, bem como a instalação de um sistema de controle e automação para aprimorar a eficiência no processo de produção do ferro-gusa.

 

Como é a produção?

De acordo com Guilherme Augusto de Faria, gerente técnico de redução da siderúrgica, o processo de transformação do minério em ferro-gusa chega a uma temperatura de 1.500°C.

 

“Os materiais são carregador até o topo do alto-forno. Esse material vai descendo ao longo do reator e na base desse reator eu injeto ar quente com alguns combustíveis”, explica.

 

O processo de produção do gusa, que é um material líquido de aproximadamente 1.500°C, dura cerca de 8 horas. Depois disso, o gusa vai para a acearia, onde é transformado em aço.