Aos 35 anos, Gahbi Borges renasceu. E a prova está na sua certidão de nascimento. O artista, que se identifica como não binário, conseguiu retificar o documento, que agora consta que ele não se identifica com os gêneros masculino e feminino, desde segunda-feira (15/1), quando recebeu o novo registro. Gahbi se identifica tanto com os pronomes ele/dele quanto ela/dela.

Acompanhado da mãe, Vera Adelaide, e da advogada Cíntia Cecílio, Ghabi deixou de ser Gabriel Rodrigues Borges, do sexo masculino, para se tornar Gabriel Rodrigues Lopes de Siqueira Borges, do sexo não-binário, mantendo o nome de anjo dado pelos pais. Além de retificar o sexo, o ator decidiu acrescentar os sobrenomes da mãe e da avó materna.

Gabriel, que dá vida a Polvilho na novela ‘Elas por elas’, é a primeira pessoa a conseguir, em uma ação individual na Justiça do Distrito Federal, o direito de ter a certidão sem a marcação de gênero. A decisão veio em dezembro de 2022. A vontade de se ver representado em seu documento veio após descobrir um caso no Rio de Janeiro de uma pessoa que havia conquistado o direito à retificação.



Desde 2018, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), os cartórios devem realizar a correção nos registros de pessoas transgêneros e transexuais. Mas não abrangia os não-binários, que precisavam entrar na Justiça para conseguir o direito.

Em agosto de 2023, a Justiça do Distrito Federal passou a permitir a alteração de gênero e de nome diretamente nos cartórios por pessoas não-binárias, sem necessidade de apresentação de ação judicial. Por aqui, ainda não há uma decisão nesse sentido. O assunto foi debatido em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em abril de 2023.

Com a nova certidão de nascimento, Gahbi quer alterar os outros documentos, como RG e carteira de motorista. Durante todo o processo, que incluiu ainda a mudança de Brasília, onde nasceu, para o Rio, Gabhi contou com o apoio incondicional da mãe. "Ser uma mãe pela resistência, ser mãe de uma pessoa LGBT+ numa sociedade preconceituosa, violenta e lgbtfóbica, e, ainda assim, escolher amar e apoiar o filho, a filha, i filhe ou a falha, é um ato de amor extremamente revolucionário!", homenageou em uma postagem na rede social.

compartilhe