Amigos, familiares e os colegas de Teuda Bara do Grupo Galpão compareceram no velório da atriz realizado nesta sexta-feira (26/12), no Palácio das Artes, para se despedir da atriz, que morreu na quinta- feira, em decorrência de septicemia.
 
O clima de consternação se alternava com o sentimento de que Teuda foi uma pessoa que espalhou alegria. Para celebrá-la, o músico Heleno Augusto, de violão em punho, puxou uma cantoria que todos acompanharam.
 
Teuda deixa os filhos André e Admar. Em 2016, a atriz foi homenageada com a biografia "Comunista demais para ser chacrete" (Editora Javali), escrita por João Santos. Beto Novaes/EM/D.A Press
No início dos anos 2000, a atriz foi convidada pelo diretor Robert Lepage para participar do espetáculo "K.Á.", do Cirque du Soleil. Na época, ela saiu do Brasil e viveu entre Montreal, no Canadá, e Las Vegas, nos EUA, cidade onde era apresentado o show. Rafa Marques/Reprodução
Em 1987, Teuda Bara foi uma das integrantes do Grupo Galpão a participar da intervenção artística "Queremos praia", realizada pelo coletivo no centro de BH, em prol da ocupação da cidade. Eugenio Sávio/Reprodução
A belo-horizontina Teuda Bara, de 84 anos, nasceu Teuda Magalhães Fernandes. Foi atriz, trabalhou em teatro, cinema e televisão e, ainda, foi uma das fundadoras do Grupo Galpão. Luiza Palhares/Divulgação
Em outubro de 2011,Teuda Bara e Selton Mello estiveram presentes na pré-estreia de "O palhaço", no Pátio Savassi, em Belo Horizonte. Eugenio Gurgel/ Esp EM/D.A. Press.
A atriz foi homenageada com dois painéis em Belo Horizonte. A primeira vez, em 2017, veio em comemoração aos 120 anos da capital mineira. O desenho foi apagado e refeito em 2021 pelo coletivo Minas de Minas. Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press
Na televisão, Teuda participou da novela da TV Globo "Meu pedacinho de chão" (2014), de Luiz Fernando Carvalho, interpretando a personagem Mãe Benta. Além disso, fez parte da série "A vila", com o humorista Paulo Gustavo (1978-2021). Renato Rocha Miranda/TV Globo -
Desde o início da companhia mineira, em 1981, Teuda atuou na maioria dos espetáculos. Neste ano, a peça "Doida" (foto), na qual a atriz divide a cena com o filho Admar Fernandes, completou 10 anos. Fernanda Abdo/Divulgacao.
Teuda também fez diversos filmes. A atriz participou do longa "O palhaço" (2011), dirigido e protagonizado por Selton Mello, interpretando a Dona Zaira, integrante da trupe do Circo Esperança. Imagem Filmes/Divulgacao
Teuda Bara ainda participou dos filmes "As duas Irenes" (foto), de Fábio Meira, que representou o Brasil no Festival de Berlim em 2017, além de "La playa D.C", de Juan Andrés Arango, "Órfãs da rainha", de Elza Cataldo, e "Ângela", da cineasta mineira Marília Nogueira. Vitrine Filmes/Divulgacao
Os representantes da cena teatral marcaram presença expressiva, mas não só eles. Artistas de diversas outras áreas também foram dar o último adeus a Teuda.
A artista visual Laura Belém esteve no velório com seu pai, de quem a atriz era amiga desde os tempos de faculdade. Ela se recorda de acompanhar os primeiros espetáculos do Grupo Galpão. O cineasta Rafael Conde comentou sobre a presença luminosa de Teuda em alguns de seus filmes.
 
Muito emocionado, o poeta Renato Negrão disse que não chegou a ter propriamente uma convivência com a atriz, e justificou as lágrimas pela presença marcante de Teuda e do Galpão em sua vida.
Além de Heleno Augusto, outros nomes da seara musical, como Marcelo Veronez e Regina Souza, também compareceram à despedida.
Familiares e amigos se despediram da atriz durante o velório Leandro Couri / EM / DA Press
Participou de 21 dos 26 espetáculos da trupe mineira. Com o Galpão, seu último espetáculo foi "Cabaré Coragem". Leandro Couri / EM / DA Press
Transitou da comédia ao circo, do clássico ao contemporâneo, com forte comunicação com o público. Leandro Couri / EM / DA Press
Coração do Grupo Galpão, que cofundou em 1982, deixou uma série de grandes personagens, o mais célebre deles a ama de 'Romeu e Julieta' Leandro Couri / EM / DA Press
. A causa da morte foi septicemia com falência múltipla dos órgãos. Leandro Couri / EM / DA Press
Ela estava internada no Hospital Madre Teresa desde 14 de dezembro, quando passou mal em casa e sofreu uma fratura na perna Leandro Couri / EM / DA Press
A atriz Teuda Bara está sendo velada hoje (26/12), no Palácio das Artes. Leandro Couri / EM / DA Press
Teuda Bara em cena do espetáculo 'Sonhos de uma Noite com o Galpão' Alexandre Rezende/Divulgação



Passada uma hora do início do velório, o número de pessoas no foyer do Grande Teatro tinha mais que dobrado. O filho caçula de Teuda, Admar Fernandes, destacou a força da mãe no teatro e também em casa. "Era essa alegria o tempo todo. Em casa era sempre muito carinhosa, atenta, cuidando da família inteira", disse.
Beto Franco, colega de Teuda no Galpão, disse que sua partida equivale a perder uma família inteira. "Ela era uma mãe pra gente, uma figura carinhosa  acolhedora. Era uma irmã também,  no sentido de ser uma confidente, a pessoa que viveu as loucuras todas, viveu as criações do Galpão. E era um pouco nossa filha também, tinha que cuidar da Teuda às vezes né, dar bronca nela", disse.

Chico Pelúcio, outro integrante do Galpão, chamou a atenção para o fato de que trabalhar com Teuda era intenso, transbordante, mas também um pouco caótico no que diz respeito às questões cotidianas, como cumprir horários ou decorar textos. "Mas a gente via o resultado quando chegava no olhar do espectador, o que aquilo transmitia. Era a força, o mistério da presença e o mistério da loucura, porque acho que o público via na Teuda a possibilidade da liberdade", disse.


A atriz e diretora Rita Clemente destacou a entrega de Teuda ao teatro. "É uma relação com essa arte que não tenho visto nas novas gerações. Talvez esse seja o grande legado dela, essa relação profunda, no sentido da entrega", ressaltou.
 
Pouco antes de meio dia, os presentes fizeram ecoar uma efusiva salva de palmas, acompanhada pelos gritos de "Teuda, Teuda".
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