Na esteira das continuações de animações vistas na última década, sobretudo "Moana 2", lançado no ano passado, a Disney agora retorna à cidade dos animais com "Zootopia 2". O filme que está em cartaz em Belo Horizonte chega quase 10 anos após o primeiro título da franquia.


A sequência reforça o debate sobre preconceitos e estereótipos que já existia na obra original, mas agora em um momento em que o estúdio vem sendo acusado por grupos conservadores de promover a chamada agenda "woke", de quem se engaja na defesa de grupos minorizados.

Após as críticas, a empresa retirou diversidade e inclusão como critérios para definir a remuneração de seus executivos e se viu alvo de uma investigação ordenada pelo presidente Donald Trump sobre práticas consideradas discriminatórias no âmbito dessas iniciativas.


"Embora seja uma cidade de animais, ela funciona como espelho da natureza humana, uma forma de olharmos para nossas questões enquanto pessoas e, quem sabe, refletirmos sobre isso", diz Jared Bush, diretor e roteirista de "Zootopia", que assinou também os roteiros de "Encanto" e "Moana", outros filmes elogiados por questões ligadas à diversidade.

Em "Zootopia 2", a coelha policial Judy e a raposa Nick investigam o desaparec imento dos répteis da cidade e tentam entender por que a chegada de uma cobra chamada Gary causou tanto espanto entre os moradores. O novo personagem é uma víbora, figura frequentemente associada a maldade e traição. Mas, como em toda fábula, o filme busca ensinar que nem todo mundo é aquilo que parece.


No primeiro "Zootopia", de 2016, espécies de animais convivem em harmonia, apesar de julgarem umas às outras. O primeiro filme parte dessa dinâmica para debater estereótipos – uma ovelha, por exemplo, embora associada por todos a uma presa dócil, mostra ser uma figura malvada.

O filme ganhou o Oscar de Melhor Animação em 2017 e ultrapassou a marca de US$ 1 bilhão nas bilheterias, tornando-se um dos maiores sucessos recentes da Disney.


Diversidade

Mas outros filmes com mais espaço para diversidade não tiveram a mesma trajetória, como "Mundo estranho", de 2022, que trouxe o primeiro protagonista gay do estúdio e fez 10 vezes menos dinheiro do que "Zootopia".


Naquele mesmo ano, a Pixar enfrentou dificuldades para emplacar "Lightyear", que mostra um beijo entre duas personagens femininas. Embora fizesse parte da franquia de sucesso "Toy Story", o filme sofreu boicotes que diminuíram o seu lucro.

Para Jared Bush, o diretor, a forma como essas mensagens são recebidas pelo público depende de como elas são incorporadas à narrativa. "No universo de ‘Zootopia’, existem mais de 60 espécies, e isso faz as pessoas enxergarem naturalmente as diferenças entre elas", ele diz.


Desde a pandemia, várias animações do estúdio ficaram atrás da marca do bilhão, com exceção de "Moana 2". Mas os diretores dizem não se importar com isso. "Não se trata de dinheiro, mas de ver o público se apaixonar pelo mundo que criamos juntos", afirma Byron Howard, que também dirigiu o longa, e esteve à frente dos sucessos "Enrolados" e "Encanto".

 “ZOOTOPIA 2”
 EUA, 2025 (108 min.). Animação. Direção: Jared Bush e Byron Howard. Em cartaz nas redes Cineart, Cinemark e Cinépolis.

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