Com o recém-lançado “Ponto de partida”, o belo-horizontino Davi Leão, de 21 anos, busca conquistar seu espaço na cena musical mineira. Apostando na força da canção autoral, o artista apresenta 10 faixas que marcam uma nova fase em sua trajetória solo, iniciada em 2022 com o single “Gosto raro”. O trabalho é lançado pelo selo Música aos Montes, responsável por toda a produção do projeto – da concepção ao pós-lançamento.


Gravado inteiramente ao vivo em estúdio, com o cantor e a banda tocando juntos, o o modo de produção do trabalho se inspira, segundo Davi, no documentário “Get back” (2021), que acompanha as gravações de “Let it be” (1970), dos Beatles. “É como se quem ouvisse estivesse no estúdio também”, comenta.


“É um convite à escuta de algo mais orgânico”, afirma o músico, que, no álbum, quis nadar contra a corrente dos processos cada vez mais automatizados da indústria musical, marcados pela crescente presença da inteligência artificial.


“O disco tem essa pegada de mostrar o processo. Eu quis me posicionar um pouco na contramão do que rola, tudo muito rápido, muito instantâneo. Decidi fazer o oposto. Demorei para fazer não porque precisa, mas porque quis dar evidência ao processo”, diz ele, que também cursa Direito na UFMG e se aventura pela primeira vez na carreira solo no rock’n’roll.


“SINTONIA”

O processo de conceituação e gravação durou aproximadamente um ano. As composições começaram a ser organizadas no fim de 2024, e as gravações ocorreram em três dias de estúdio. Algumas músicas saíram de uma vez, outras levaram horas até chegarem à versão final. Além da voz, Davi toca violão, baixo e teclado no disco. A banda que o acompanha é a mesma com a qual ele já se apresenta ao vivo – composta por Dan Oliveira, Thiago Caldas, Rafael Baino e Bê Moreira. “Temos uma sintonia muito boa”, conta.


Duas das faixas, “Óbvio” e “Olha lá”, já haviam sido lançadas como singles, em agosto e setembro passados, respectivamente. “Ponto de partida” sucede o EP “Vila Rica” (2023), trabalho que homenageia Ouro Preto, cidade que Davi frequentava na infância e que inspirou letras, capa e arranjos do projeto anterior.


As influências da mineiridade e do Clube da Esquina, nítidas no trabalho anterior, permanecem presentes, agora com mais maturidade estética. Filho de pai coralista, Davi começou cedo na carreira musical. Aos 12 anos, fundou com colegas de escola a banda Poison Gas (que depois se tornou Fulgaz), com repertório de Beatles, Metallica, Queen e Guns N’ Roses, além de algumas composições próprias.


“Entre o EP e este novo trabalho, amadureci muito. Sei melhor o que quero artisticamente. Ouvi mais coisas, tenho mais referências”, afirma. No novo álbum, temas como autoconhecimento, recomeço e pertencimento ganham destaque. “Consegui falar de mais coisas, olhar o mundo com outro olhar – antes de compositor, como pessoa mesmo”, comenta.


O disco foi pensado como uma jornada que começa com faixas mais calmas, como “Espelho de anil”, e cresce em intensidade até encerrar novamente em tom suave, com “Isabel”. Todas as músicas são assinadas por Davi, com parcerias de Maria Flor, Gabriel Cohen (ex-colega de Poison Gas) e Dan Oliveira, um dos sócios do selo Música aos Montes.

REFERÊNCIAS LITERÁRIAS

Na composição, ele cita Caetano Veloso como referência direta e aponta Drummond e Manuel Bandeira como influências literárias. “Ter referências da literatura ajuda a não ser tão direto ao ponto. Dá curvas, metáforas, nuances... Enriquece a forma de dizer”, afirma.


Sobre a parceria com o selo, Davi diz que ela representa a possibilidade de se mostrar ao mundo como artista. “Eles me dão um apoio muito grande, artístico e profissional. É um espaço de abertura, de efervescência cultural, que me inspira a criar.”


Além do álbum, o projeto inclui um documentário, previsto para ser lançado nos próximos meses. “Apesar de já ter lançado outras coisas, considero este disco minha estreia artística real. Ele tem conceito, coerência, força. Por isso o nome, ‘Ponto de partida’”, afirma.


O próximo passo é levar o show para o público. A primeira apresentação já tem data marcada para 12 de dezembro, no Cine Theatro Brasil, em Belo Horizonte. “Quero ampliar meus horizontes, me firmar enquanto artista, circular meu trabalho, conhecer pessoas e que as pessoas me conheçam também.”


FAIXA A FAIXA

• “Espelho de anil” (participação Flor Grassi)


• “Óbvio” (participação Dan Oliveira e Cruvinel)


• “Ponto de partida”


• “Samba mineiro”


• “Domingo - Canção da ressaca”


• “Olha lá”


• “Noves fora” (participação Dan Oliveira)


• “Mergulho de paletó” (participação Dan Oliveira)


• “Teatro do absurdo” (participação Gabriel Colen)


• “Isabel” (participação Rafa Macedo)


“PONTO DE PARTIDA”
• Disco de Davi Leão
• 10 faixas
• Música aos Montes
• Já disponível nas plataformas

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