Savassi Festival se espalha por oito endereços de BH
A 23ª edição do evento vai desta segunda (23/6) até domingo, com convidados nacionais e estrangeiros, atividades paralelas aos shows e concurso
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Siga noCom uma vasta programação de shows, debates, lançamentos de livros, festas, oficinas e outras atividades formativas, o Savassi Festival dá a largada em sua 23ª edição nesta segunda-feira (23/6) e segue com programação diária até domingo.
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Consolidado no calendário cultural da cidade, com o passar do tempo o evento tornou-se, segundo seu idealizador e diretor-geral, Bruno Golgher, espraiado no tempo e no espaço, se configurando como uma plataforma de desenvolvimento musical.
As ações do Savassi Festival ocupam oito diferentes locais da cidade – Conservatório UFMG, Idea Casa de Cultura, Clube de Jazz do Café com Letras, Café com Letras, Ototoi, Livraria da Rua, Praça Floriano Peixoto e Praça Silva Guimarães – e transbordam para além da semana em que é realizado.
"O festival foi crescendo e as boas ideias foram surgindo", diz Golgher, aludindo, por exemplo, a iniciativas como o Estúdio de Portas Abertas ou à residência Trama, que têm por finalidade a formação técnica e musical.
"Essas ações, hoje, acontecem ao longo de todo o ano. Quando elas não se limitam à semana do festival, têm espaço para crescer. A parte educativa é o melhor exemplo", acrescenta. No que diz respeito aos shows, esta edição tem como destaques Joyce Moreno (BR), Ryan Keberle (EUA), Sima Mashazi (África do Sul) e Oran Etkin (EUA). As atrações dos palcos Jazzinho, voltado para as crianças, na Praça da Savassi, e Mulheres na Música Instrumental, na Praça Floriano Peixoto, são gratuitas.
Curadoria pulverizada
Golgher observa que, ao longo dos últimos anos, a curadoria foi se tornando pulverizada. "O Palco UFMG tem um público alvo, que são os alunos de graduação e mestrado em performance, que submetem seus trabalhos a uma junta. O Jovens Talentos do Jazz é um concurso realizado por vários festivais Brasil afora, com seus realizadores votando de maneira independente. O Jazz Remixed também é uma instância coletiva. Penso nas atividades e criam-se os comitês de solução", diz.
Algumas atrações que compõem a programação vão atuar em mais de uma frente. É o caso da pianista, cantora, compositora e pesquisadora Glaw Nader. Durante a semana, ela conduz, no Conservatório UFMG, a residência artística Trama, para músicos previamente inscritos. No sábado (28/6), na Livraria da Rua, promove o lançamento do livro "Entre o samba e o jazz", fruto de sua dissertação de mestrado, seguido de performance ilustrativa da obra. No domingo (29/6), leva à Praça Floriano Peixoto o show resultante da residência.
Acompanhada dos músicos participantes da Trama, Glaw ainda recebe dois convidados: a cantora Sima Mashazi, da África do Sul, e o contrabaixista Martin Zenker, da Alemanha. "É uma residência que tem protagonismo de vozes femininas, negras e dissidentes, então o repertório do show privilegia a música afro-brasileira, com Milton Nascimento, Baden Powell e João Donato, entre outros. O roteiro circula nesse ambiente, com standards brasileiros em arranjos bastante originais", diz a artista.
Big band
Martin Zenker também comparece como convidado nos shows de Cléber Alves, na sexta-feira (27/6), e da big band do Clube de Jazz do Café com Letras, no sábado (28/6). Regente do grupo, o maestro Néstor Lombida também terá como convidado na apresentação o trombonista norte-americano Ryan Keberle.
"Temos trabalhado um repertório de latin jazz, com mambo, bolero, salsa e cha-cha-cha. É uma proposta que ainda era pouco explorada no cenário de Belo Horizonte", diz o músico cubano radicado há 34 anos na capital mineira.
Sobre a formação que traz o maior número de músicos de diferentes nacionalidades na programação, incluindo ele próprio, Lombida observa que isso se reflete de forma natural no repertório, ainda que ele esteja dentro de um segmento específico.
"Existem padrões que identificam os diferentes ritmos latinos e a maneira de abordá-los. O mambo tem frases que são típicas das big bands. Duke Ellington tem composições que partem da salsa. É perfeitamente possível abarcar esse multiculturalismo com o latin jazz", pontua.
Vencedor da última edição do Novos Talentos do Jazz, o pernambucano Waleson Queiros se diz muito feliz pela oportunidade de tocar com seu quarteto no festival, "muito importante na cena instrumental do Brasil", e adianta que pretende, em seu show, fazer uma ponte entre culturas.
"Vou tocar coisas do Clube da Esquina, de Tavinho Moura e de Pat Metheny, que dialoga com Toninho Horta, e também vou levar um pouco do lugar onde eu moro, como o frevo e o baião. É uma mistura de Minas com Pernambuco", diz.
Novo local
Neste ano, pela primeira vez a Praça Floriano Peixoto entra no circuito das apresentações do Savassi Festival, com o palco Mulheres na Música Instrumental, onde cantoras e instrumentistas mostram seu trabalho entre a tarde e a noite do próximo dia 29. "Pensando nas atrações, achei razoável concentrar essa programação de rua, gratuita, que atrai mais público, num lugar só. Se demandasse três palcos, por exemplo, teria que ser na Savassi", diz Bruno Golgher, idealizador do evento.
SAVASSI FESTIVAL
A partir desta segunda-feira (23/6) até domingo (29/6), em oito espaços da cidade. Programação completa disponível no site do festival.