A regente Ligia Amadio comandará espetáculos que comemoram os 150 anos da "Missa de réquiem", de Verdi -  (crédito: Paulo Lacerda/divulgação)

A regente Ligia Amadio comandará espetáculos que comemoram os 150 anos da "Missa de réquiem", de Verdi

crédito: Paulo Lacerda/divulgação

 

Foi numa sexta-feira, 22 de maio de 1874, que uma história terminou e outra começou. Na Igreja de São Marcos, em Milão, estreava a “Missa de réquiem” regida pelo próprio autor, Giuseppe Verdi (1813-1901), naquela altura um dos maiores compositores de ópera do período romântico. O italiano trazia a público, pela primeira vez, a obra de sete partes cuja concepção havia sido iniciada seis anos antes.

 


Ela nasceu como projeto de Verdi, que sugeriu a 12 compositores a criação de um réquiem para homenagear o músico Gioachino Rossini (1792-1868). A proposta acabou abandonada pelo comitê organizador.

 

 


Cinco anos depois, com a morte do poeta Alessandro Manzoni (1785-1873), Verdi decidiu homenageá-lo com a peça, que concluiu sozinho. “Réquiem” estreou justamente no dia do primeiro aniversário de morte do escritor.



A efeméride de 150 anos é o motivo de novos concertos da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG), que vai executar o “Réquiem” amanhã (28/5) e quarta-feira (29/5), no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, sob a batuta de Ligia Amadio, regente titular e diretora musical da OSMG.

 

Quatro cantores


Os dois concertos vão contar com o Coral Lírico de Minas Gerais, Coro Madrigale e os solistas Betty Garcés (Colômbia), Ana Lúcia Benedetti, Enrique Bravo (Chile) e Anderson Barbosa. Dos quatro, apenas Ana Lúcia já se apresentou no Palácio das Artes – os demais estão estreando na casa.

 

 


O “Réquiem de Verdi” tem história no Palácio das Artes. “As apresentações que mais me marcaram foram sob a regência do Sérgio Magnani e do Carlos Eduardo Pinto Fonseca. Agora, a maestra Ligia Amadio está trabalhando com um quarteto de alto nível, tanto que eu chamaria a atenção para as vozes”, comenta Cláudia Malta, diretora artística da Fundação Clóvis Salgado (FCS).

 


Ela fala com conhecimento de causa, pois está na fundação desde 1971, ano de inauguração do complexo artístico na Avenida Afonso Pena. Entrou aos 14 anos, como aluna da escola de dança de Carlos Leite. Foi integrante do Corpo de Baile, embrião da Cia. de Dança Palácio das Artes. Em meados da década de 1980, deixou os palcos e foi atuar nos bastidores, ocupando diferentes funções desde então.

 


Para Cláudia, o “Réquiem” segue fazendo história por mais de uma razão. “É uma obra que nos emociona e enleva da primeira à última nota”, afirma a diretora da FCS, que destaca dois momentos: “O ‘Recordare’, que tem um belíssimo dueto entre mezzosoprano e soprano, e depois o ‘Lacrimosa’”.

 

 


Após a estreia do “Réquiem”, Verdi retirou-se da vida pública. Uma década mais tarde, quando muitos o imaginavam aposentado, ressurgiu com suas duas últimas óperas, ambas baseadas em Shakespeare: a tragédia Otello (1887) e a cômica “Falstaff” (1893), esta última lançada no ano em que o compositor se tornou octagenário.



“RÉQUIEM DE VERDI 150 ANOS”


Concertos na terça (28/5) e quarta-feira (29/5), às 20h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). Informações: (31) 3236-7400.