Juliana Didone em cena de

Juliana Didone em cena de "60 dias de neblina"

crédito: Pino Gomes/Divulgação

 

Depois de 10 anos afastada dos palcos, Juliana Didone voltou ao teatro, no ano passado, com "60 dias de neblina", que chega neste fim de semana a Belo Horizonte. Com direção de Beth Goulart, o monólogo tem texto de Renata Mizrahi, livremente inspirado no livro homônimo de Rafaela Carvalho, que aborda os dramas, as alegrias e as descobertas de uma mãe de primeira viagem.

 


O best-seller chegou às mãos da atriz logo após o nascimento de sua filha Liz, hoje com 5 anos. "(O livro) Me trouxe um conforto num momento em que eu, de fato, precisava, por tratar de sentimentos que não são instagramáveis, não são compartilhados. O livro fala, sem nenhuma máscara, sobre os desafios de maternar", afirma.

 


Ela diz que a obra a ajudou a se livrar da culpa e da pressão de ter que acertar sempre como mãe. "Senti que a Rafa estava escrevendo para mim e, ao mesmo tempo, falando das angústias de muitas mães. Quis adaptar isso para a linguagem teatral como forma de continuar transmitindo essa mensagem."

 


Sobre sua contribuição para a montagem, ela diz: "A gente acaba dando pinceladas mais coloridas, porque é teatro, então fica tudo um pouquinho acima do real, mas, claro, tem traços da minha jornada como mãe, bem como de muitas mães que assistem e que vêm me dizer que se identificam". 


Solidão

 

Ela idealizou o projeto de "60 dias de neblina" quando estava no auge do puerpério e diz que, por mais que se tenha uma rede de apoio, esse é um momento de solidão. Por essa razão, segundo a atriz, fazia sentido que fosse um espetáculo solo.

 


"Essa personagem, que sou eu e que é a Rafa, me sugeria um monólogo. Eu não fazia teatro há muito tempo e primeiro fiquei pensando que voltar à cena sozinha seria um suicídio, mas com o tempo fui fortalecendo essa ideia. A coisa mais difícil que fiz na vida foi ser mãe, então refleti que, se eu dava conta de criar uma filha, também dava conta de fazer um monólogo", comenta.

 


Na preparação da montagem a artista teve a seu lado preparadoras corporal e vocal, assistente de direção, figurinista, autora da trilha sonora e iluminadora – todas mulheres. Trabalhar com uma equipe predominantemente feminina não foi algo previamente planejado, mas veio a calhar, dada a temática do espetáculo. "Trabalhar com pessoas para as quais o universo materno é concreto ou, no mínimo, latente ajudou a somar, trouxe visões diferentes sobre essa condição", diz.

 


Juliana salienta que seu propósito com "60 dias de neblina" é ampliar o olhar da sociedade para a maternidade. "Nem todo mundo é mãe, mas todo mundo é filho ou filha. Existe uma quantidade absurda de mães solo no Brasil e no mundo. Há nesse trabalho invisível de criar um filho um desgaste que se dá, muitas vezes, por falta de apoio. Com suporte, com certeza é mais fácil criar seres humanos mais equilibrados emocionalmente. Uma mãe desestabilizada afeta a família inteira e a sociedade, de um modo geral", afirma.

 


"60 DIAS DE NEBLINA"
Direção: Beth Goulart. Texto: Renata Mizrahi. Com Juliana Didone. Neste sábado (25/5), às 20h, e no domingo (26/5), às 19h, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes. 31.3516-1360). Ingressos a R$ 90 (inteira) e R$ 45 (meia), para o setor 1; a R$ 42 (inteira) e R$ 21 (meia), para o setor 2, à venda no site e na bilheteria do teatro.