MinasWanda Werneck Naves em foto de 1969, quando se apresentou no Minas Tênis Clube, acompanhada pela pianista Isolda Garcia de Paiva Santos -  (crédito: Célio Meira/Centro de Memória do Centro Cultural Unimed-BH )

Wanda Werneck Naves em foto de 1969, quando se apresentou no Minas Tênis Clube, acompanhada pela pianista Isolda Garcia de Paiva Santos

crédito: Célio Meira/Centro de Memória do Centro Cultural Unimed-BH

 

A soprano belo-horizontina Wanda Werneck Naves morreu na última sexta-feira (26/4), aos 93 anos. A informação foi confirmada pela família, mas a causa da morte não foi revelada. Filha da pianista mineira Anna Monteiro Werneck e do engenheiro paulista Mário Werneck, que dá nome à principal avenida do Bairro Buritis, Wanda dedicou grande parte da vida à música de concerto. Quando criança, começou a cantar por influência da mãe e da irmã mais velha, Maria da Conceição de Lima.


Aos 17 anos, diminuiu o ritmo dos ensaios e apresentações que fazia de maneira não-profissional em função do casamento com o cardiologista Maurílio Naves. Da relação entre os dois, nasceram cinco filhos: Mário, Cláudio, Felipe, Rodrigo e Eugenio.

 


Uma das poucas performances que Wanda fez nesse período foi em 1969, na sede do Minas Tênis Clube, acompanhada pela pianista Isolda Garcia de Paiva Santos.


Ópera de Mascagni


Em 1980, depois que o marido morreu de infarto fulminante, voltou a se dedicar integralmente à música. Sua primeira apresentação profissional ocorreu em 1996, aos 65 anos. Do repertório que costumava apresentar, dizia preferir “Cavalleria rusticana” (1890), ópera de Pietro Mascagni, considerada uma das primeiras composições do realismo operístico italiano; e “Ave Maria”, de Gounod. No entanto, não descartava “Sansão e Dalila”, de Camille Saint-Saëns, para a qual precisou ensaiar por três meses.


Em 1998, gravou o álbum “Wanda Werneck”, com releituras de suas músicas favoritas. Na sequência, lançou um DVD de uma de suas apresentações ao vivo. E, a partir daí, manteve uma agenda de shows em eventos particulares, casamentos e bodas.


Com as restrições impostas por agentes de saúde durante a pandemia, Wanda deu uma pausa na carreira. Só voltou a se apresentar quando o índice de contaminação diminuiu e, mesmo assim, em eventos menores, mais intimistas.


Alicerce na arte

 

Em 2020, ao ser homenageada pela revista on-line Primeira Linha, a soprano lembrou das adversidades que enfrentou durante a vida – além de perder o marido, ela também perdeu o filho mais velho, Mário –, afirmando que seu alicerce durante esse tempo foi a música.


“A vida dá muitas rasteiras na gente, é preciso ter forças para aguentar. (Mas) a música sempre foi o antídoto contra as dolorosas perdas, uma dádiva, um dom de Deus. Foi a música que me sustentou”, afirmou na ocasião.


Wanda viveu os últimos dois anos em uma clínica de idosos, onde costumava cantar, pintar e passear com os filhos Eugenio e Rodrigo nos finais de semana. No asilo, realizava pequenos concertos junto de outros hóspedes.


“Embora ela estivesse com saudades de casa, ela se adaptou bem”, comentou Eugenio. “(Ela) teve um final de vida cercado de familiares com muito carinho e atenção de filhos, netos e sobrinhos”.


Wanda deixa quatro filhos, 10 netos e seis bisnetos. (* Colaborou Augusto Pio)