Ignácio de Loyola Brandão é o patrono da 19ª edição do Festival Literário Internacional de Poços de Caldas
 -  (crédito: Flipoços/divulgação)

Ignácio de Loyola Brandão é o patrono da 19ª edição do Festival Literário Internacional de Poços de Caldas

crédito: Flipoços/divulgação

  

Orientado pelo tema “A crônica nossa de cada dia”, o 19º Festival Literário Internacional de Poços de Caldas (Flipoços) começa neste sábado (27/4), paralelamente à Feira do Livro do Sul de Minas Gerais. Até 5 de maio, o evento vai oferecer programação com cerca de 160 convidados, 200 atrações, shows todas as noites e 40 expositores.

 

Ruy Castro, Mary Del Priori, Julian Fuks, Fausto Fawcett, Eric Nepomuceno, Sueli Carneiro e Cármen Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), estão entre os convidados. O escritor Ignácio de Loyola Brandão é patrono e um dos homenageados desta edição, ao lado de Chico Lopes, radicado desde 1992 na cidade do Sul de Minas.

 

 

A novidade é a inauguração da Vila Literária de Minas Gerais, no Parque José Afonso Junqueira. Até ano passado, o evento era realizado no Espaço Cultural da Urca. Idealizadora e curadora do festival, a produtora cultural Gisele Corrêa Ferreira explica que aquele local, um prédio da década de 1940, acabou se tornando “confinado, pequeno e apertado” para abrigar a programação, além de necessitar reformas.

 

“Tivemos de mudar para fazer o evento com a grandeza que ele já estava pedindo. A Vila Literária, onde estão montadas 62 tendas, ocupa um parque com árvores centenárias e jardins amplos, onde dá para fazer piquenique. E ainda possibilita aproveitar o Centro Histórico, com todo seu conjunto arquitetônico. Tudo foi pensado para lembrar a Minas Gerais profunda, do passado, com pessoas sentadas na calçada e crianças brincando na rua”, destaca.

 

Ecletismo

 

Compartilhada e coletiva, envolvendo escritores, editoras e o público, a curadoria pensou a programação a partir do tema central – a crônica –, mas se preocupou em incluir mesas de debates sobre assuntos diversos, da gastronomia à política.

 

“Existe a preocupação de nos mantermos abertos, até porque estamos atentos aos anseios das pessoas. Se uma editora parceira disser que está com novo trabalho no prelo, a gente se empenha para receber o lançamento”, diz, citando a historiadora Mary Del Priore, que apresentará em primeira mão o livro “Leopoldina e Maria da Glória – Duas rainhas, vidas e dores” (José Olympio/Record).

 

Historiadora Mary del Priore

Mary del Priore vai lançar o livro "Leopoldina e Maria da Glória – Duas rainhas, vidas e dores" no Flipoços

Instagram/reprodução

 


Debates abordarão os temas “Literatura erótica”, “Literatura e gastronomia”, “Literatura e música”, “Mercado editorial” e “Literatura indígena, lusófona, negra e história”. A definição dos eixos antecede e orienta o convite a escritores participantes.

 
De acordo com Gisele Ferreira, a ideia é abranger todos os círculos da escrita e da publicação, o que justifica a inclusão, por exemplo, do debate com foco nas revistas literárias no Brasil e de outro sobre os “livros de mesa”, inseridos no contexto da sociedade do espetáculo.

 

“Ainda existe um certo tabu em torno da literatura erótica, por exemplo. Então a gente traz isso para o centro das discussões, para desmistificar mesmo, quebrar paradigmas, o que tem a ver com o desejo de promover outros olhares”, explica. Ela chama a atenção para o fato de a Flipoços tentar “sair da coisa quadrada da alta literatura”, navegando por outros mares permeados pelo ato da escrita.

 
“Não é programação encaixotada, tem muito da liberdade de expressão nos processos de pensar as mesas, os temas, os autores e as parcerias que a gente firma dentro e fora do Brasil. É um evento que promove outras formas de arte, muitas delas advindas da literatura, que é a mãe de todas”, salienta.

 

A curadora cita o tema “Literatura e música”, para o qual o Flipoços sempre deu destaque, que contará com Julio Maria, João Marcelo Bôscoli, Eduardo Beu, Gustavo Galo, Adriana Del Ré e Fausto Fawcett, que lança o livro “Pesadelo ambicioso”.

 

Haverá shows intimistas de artistas locais e três apresentações especiais. Uma delas é “O falar caipira nas músicas de Tonico e Tinoco”, com os filhos dos artistas. A outra é o espetáculo lítero-musical promovido por Felipe Franco Munhoz, que vai ler trechos do livro “Nirvana”.

 

Show de blues com o grupo norte-americano Keith Dunn and The Simi Brothers vai marcar o pré-lançamento do Poços É Jazz Festival, previsto para 15 a 17 de novembro.

 

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Lusofonia

 

O Flipoços programou duas mesas para celebrar o Dia Mundial da Língua Portuguesa, em 5 de maio. A primeira, às 10h30, reunirá as poetas Mariana Basílio, Mar Becker e Dalila Teres Veras, com o tema “Os continentes em nós, falantes da língua portuguesa”.

 

A segunda – “Encontro dos países Brasil, Portugal, Moçambique e Angola em Poços de Caldas: o que podemos aprender sobre a nossa formação cultural” – será realizada às 15h30, com as presenças de Mbiavanga Adão Garcia, conhecido como Pau de Cabinda, escritor e professor angolano; Conceição Queiroz, jornalista moçambicana que atua em Portugal; e Cristina Drios, romancista portuguesa que participou da 4ª Residência Literária do Camões – Centro Cultural Português, em Brasília.

 

19º FLIPOÇOS


Deste sábado (27/4) a 5 de maio, na Vila Literária de Minas Gerais e espaços culturais de Poços de Caldas. Entrada franca. Programação completa em https://www.flipocos.com/programacao.html