Janaína Morse e Maria Tereza Costa fundaram a Minha Companhia há cinco anos e dedicam seu trabalho ao universo das infâncias -  (crédito: Carol Reis/Divulgação)

Janaína Morse e Maria Tereza Costa fundaram a Minha Companhia há cinco anos e dedicam seu trabalho ao universo das infâncias

crédito: Carol Reis/Divulgação

 

As artistas Janaína Morse e Maria Tereza Costa, criadoras da Minha Companhia, que dão vida, respectivamente, às palhaças Brisa e Tecla, levam à Praça Duque de Caxias, em Santa Tereza, neste sábado (27/4), às 16h, o espetáculo “Avoar”.

 

A apresentação, gratuita, marca a abertura de um projeto de circulação que vai passar por 14 escolas da rede pública municipal, localizadas nas regionais Nordeste, Noroeste, Pampulha e Venda Nova.


Maria Tereza explica que o espetáculo, que transita entre as linguagens do teatro, da música e da palhaçaria, nasceu durante a pandemia, como um show de lançamento do álbum “Avoar”, gravado e lançado em 2020. “Estávamos paradas, em casa, e resolvemos fazer esse disco. Entramos em um edital do Prêmio da Música Popular Mineira, da rádio Inconfidência, ganhamos e criamos o espetáculo para promover o álbum”, explica.

 

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“Avoar” foi apresentado, primeiro, virtualmente. Somente no final de 2021, ele foi ao encontro presencial do público, dentro de um programa do Memorial Vale. “A partir daí, ele voou mais ainda. Acrescentamos uma abertura e esticamos o final. Lógico que, diante da plateia, cada espetáculo é único, porque tem muito improviso e muita interação, então vai sendo moldado de acordo com o público”, diz Maria Tereza.


Resultado de pesquisa, experimentação e combinação de linguagens, “Avoar” é composto pelas canções autorais registradas no álbum. Pensadas para construir paisagens sonoras e lúdicas, elas abordam temas como imaginação, sonho e criatividade. Ritmos variados, como pop, reggae, blues, baladas, country e rock embalam as canções.


Dia da criança

No conjunto, a obra – tanto o disco quanto a montagem cênica – foi pensada como a representação do dia de uma criança. “Elas acordam, brincam, jogam, vão para a escola, encontram o coleguinha, ficam felizes, ficam frustradas, ficam com medo, tem a hora da soneca, tomam banho, enfim, vivem esse lugar da infância. Pensamos em uma estrutura que expressasse essa rotina, trabalhando com o lúdico, a imaginação e a adivinhação”, diz.


O desejo da dupla de levar o espetáculo a escolas motivou a criação do projeto “Circulação Avoar”. Apresentá-lo em instituições de ensino públicas de Belo Horizonte é uma contrapartida pelo fato de ele ser realizado por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Maria Tereza salienta que é uma forma de crianças em idade escolar terem contato com as linguagens do teatro e da palhaçaria.


“É uma forma de multiplicação, sair do teatro e ir para a escola, até porque 'Avoar' tem muito esse lugar do educativo, do didático. Pensamos também em descentralizar, levando para regiões da cidade que têm menos acesso a bens culturais”, aponta. Janaína Morse aponta que as 14 apresentações vão se estender até o dia 27 de junho. Ela reforça a ideia de oferecer uma expressão artística com linguagem híbrida para públicos que, no geral, são carentes desse tipo de programa.

 

Espetáculo sobre o medo


“Desde que a Minha Companhia foi criada, esse é o direcionamento. Temos um outro espetáculo, o 'Boo', que é mais especificamente focado no medo, que abordamos de maneira leve e bem-humorada, e estamos iniciando o processo de uma nova montagem, que mira o universo invisível dos pequenos bichinhos, que queremos estrear no segundo semestre”, adianta.


Janaína conta que, para além das linguagens com que trabalha, a Minha Companhia está começando a flertar com o audiovisual, num projeto ainda incipiente sobre o qual prefere manter segredo. “Temos formação em teatro – eu, no Palácio das Artes, e a Maria Tereza com uma linhagem mais experimental, com Ione de Medeiros. Descobri a palhaçaria um pouco antes dela, com os Doutores da Alegria e depois com o Instituto Hahaha”, conta.

 

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Ela explica que o encontro das duas artistas fortaleceu a interseção dessas linguagens, com as experiências de uma complementando as da outra. Maria Tereza ressalta que o saldo da Minha Companhia ao longo desses cinco anos de atividades – atravessados pela pandemia – é mais do que positivo.


“Nossos espetáculos são uma grande diversão, tanto para as crianças quanto para adultos. Em uma cidade do interior do estado, fizemos uma apresentação que foi assistida só pelo público adulto e a resposta é sempre muito alegre e entusiasmada, o que é um estímulo para continuarmos criando dentro dessa proposta de cruzar linguagens e formas de expressão”, afirma.


Presença das mulheres

Janaína Morse e Maria Tereza Costa observam que os projetos da Minha Companhia buscam priorizar equipes femininas, de forma a valorizar e incentivar a produção e a atuação das mulheres no cenário cultural.

 

As pesquisas atualmente estão focadas na associação e permeabilidade das linguagens do teatro, da palhaçaria e da música, voltadas para a criação de obras exclusivamente autorais que pensam o universo das infâncias com narrativas contemporâneas e diferenciadas, segundo a dupla.


“AVOAR”
Apresentação do espetáculo neste sábado (27/4), às 16h, na Praça Duque de Caxias, em Santa Tereza. Acesso gratuito.