Dori Caymmi quis dar a própria versão a suas canções já gravadas por Mônica Salmaso -  (crédito: Lorena Dini/divulgação)

Dori Caymmi quis dar a própria versão a suas canções já gravadas por Mônica Salmaso

crédito: Lorena Dini/divulgação

Com o objetivo de celebrar seus 80 anos, completados em agosto de 2023, o cantor, compositor, violonista e produtor Dori Caymmi lança o álbum “Prosa e papo” (Biscoito Fino), com 11 faixas. Mônica Salmaso, João Cavalcanti, Joyce Moreno, Renato Braz, MPB4 e Zé Renato são os convidados dele.

 


As canções são parcerias de Dori com Paulo César Pinheiro e Roberto Didio – oito inéditas e três faixas do álbum “Canto sedutor”, de Mônica Salmaso.

 


“Mônica me convidou para gravar com ela ainda na época da pandemia. Já as inéditas são mais recentes, compostas há cerca de um ano”, explica Dori. Como havia lançado o disco “Sonetos sentimentais para violão e orquestra” (Tangará) em 2022, para o qual musicou sonetos de Paulo César Pinheiro, o projeto “Prosa e papo” ficou para agora.

 

 


Oitenta anos são sinônimo de trabalho para o filho de Dorival Caymmi (1914-2008). “Continuo exercitando a minha cabeça, estou com 80, mas acredito que posso fazer muita música. A safra nova que compus em parceria com o Paulinho começou de uma ideia de meu pai. Ele tinha tiradas muito engraçadas, uma delas virou a música ‘Chato’. Ele dizia: ‘Entre por onde saiu e faça de conta que nunca me viu’. Papai falava muito isso. Então, Paulinho fez a letra e eu a melodia. Convidamos o João Cavalcanti para cantar esta canção.”

 

Dori Caymmi e João Cavalcanti

Dori convidou João Cavalcanti para cantar "Chato", inspirada em Dorival Caymmi

Instagram/reprodução

 

Carrapicho e carrapato

 

Há outra lembrança de Caymmi, de quando Dori era criança. “Ele falava: ‘Carrapicho é mato, carrapato é bicho’. Aí o Paulinho fez a letra de ‘Prosa e papo’.”

 


Já Roberto Didio escreveu sobre Mercedes Sosa (1935-2009). “É homenagem a ela, cantora com quem trabalhei na Argentina, no mesmo show com minha irmã Nana Caymmi”, comenta Dori. “Eu a adorava, era fantástica, conhecida como a cantora dos Andes, representante máxima daquele repertório. Convidei o Renato Braz para cantar.”

 

 


Dori também compôs “Evoé, Nação!” com Didio. “É o Brasil de Verger e Carybé”, diz ele, referindo-se a Pierre Verger (1902-1996), etnólogo e fotógrafo francês radicado na Bahia, e ao pintor Carybé (1911-1997), artista plástico argentino naturalizado brasileiro.

 

Saudades de Brant

 

“Estou musicando letras, pois a minha imaginação musical funciona muito bem quando gosto do que foi escrito por meus parceiros, que são poucos. Na verdade, meu parceiro é o poeta Paulo César Pinheiro, meu compadre, uma maravilha de pessoa. Já comemos muito leitão à pururuca em BH, batendo papo com Fernando Brant, bons tempos aqueles. Brant era um amigo muito querido, pena que foi embora tão cedo”, lamenta Dori. O letrista mineiro, pioneiro do Clube da Esquina, morreu em 2015, aos 68 anos.

 


Por falar em Minas, outra faixa, “Água do Rio Doce”, remete à tragédia ambiental em Mariana, ocorrida em 2015 após o rompimento da barragem do Fundão. “Ficamos muito chateados com aquele desastre”, diz Dori.

 


O cantor e compositor conta que decidiu retomar músicas já registradas no álbum de Mônica Salmaso porque não havia gravado sua própria versão delas. “Enfim, é um disco que, para os meus 80 anos, mostra que ainda estou funcionando bem”, comenta.

 

 

Palavras cruzadas

 

Dori revela que ter se mudado com a mulher, Helena, para Petrópolis (RJ) estimulou sua criatividade. “Não tenho visto meus contemporâneos fazendo muita música nova, há muita gente relançando repertório, regravação disso ou daquilo. Tenho fé de poder continuar fazendo palavras cruzadas, o que me ajuda muito, e compondo. O Paulinho me introduziu na revista Recreativa. É até instrutivo, porque tem coisas que a gente não sabe e aprende”, diz ele.

 


Carioca nascido em 26 de agosto de 1943, Dori dedicou uma faixa do novo álbum à cidade natal. “A gente sempre fez músicas tristes para o Rio de Janeiro. Então, falei para o Paulinho: 'Vamos fazer uma coisa alegre, pois o Rio está muito baleado'. E ele fez a letra de ‘Um carioca vive morrendo de amor’, que traz as participações da Joyce Moreno, MPB4 e Zé Renato”, conclui.

 


FAIXAS

 

“Prosa e papo”
De Dori Caymmi e Paulo Cesar Pinheiro. Participação de MPB4

 

“Um carioca vive morrendo de amor”
De Dori Caymmi e Paulo Cesar Pinheiro. Participação de Joyce Moreno, MPB4 e Zé Renato

 

“Canto sedutor”
De Dori Caymmi e Paulo Cesar Pinheiro

 

“Evoé, Nação!”
De Dori Caymmi e Roberto Didio. Participação de Joyce Moreno e Mônica Salmaso

 

“Canto para Mercedes Sosa”
De Dori Caymmi e Roberto Didio. Participação de Renato Braz

 

“Água do Rio Doce”
De Dori Caymmi e Paulo Cesar Pinheiro

 

“Três moças”
De Dori Caymmi e Paulo Cesar Pinheiro

 

“Raça morena”
De Dori Caymmi e Paulo Cesar Pinheiro

 

“Chato”
De Dori Caymmi e Paulo Cesar Pinheiro. Participação de João Cavalcanti

 

“Saia de renda”
De Dori Caymmi e Paulo Cesar Pinheiro

 

“Canção partida”
De Dori Caymmi e Paulo Cesar Pinheiro

 

Dori Caymmi na capa do disco Prosa e papo

Álbum de Dori Caymmi tem letras de Paulo César Pinheiro e Roberto Didio

Biscoito Fino/divulgação
 

 


“PROSA E PAPO”


• Disco de Dori Caymmi
• Biscoito Fino
• 11 faixas
• Disponível nas plataformas digitais