Juan Minujín vive Guillermo  Coppola, que cuidou da carreira de Maradona de 1985 a 2003 -  (crédito: STAR/DIVULGAÇÃO)

Juan Minujín vive Guillermo Coppola, que cuidou da carreira de Maradona de 1985 a 2003

crédito: STAR/DIVULGAÇÃO

Nápoles, 1985. Maradona pode tudo – inclusive abraçar o Papa João Paulo II, se for desejo dele (sim, do jogador e não do pontífice, que não tinha hábito de abraçar nenhum visitante). Se Maradona podia tudo, seu empresário, Guillermo Coppola, também.


Recém-chegada ao Star+, a minissérie argentina “O agente de futebol” acompanha a turbulenta trajetória de Coppola, o empresário de Diego Maradona durante 18 anos – 1985 a 2003. Ninguém administraria a carreira do ídolo argentino impunemente. E Coppola é uma figura folclórica, que o ator Juan Minujín (que viveu o jovem Jorge Bergoglio no filme “Dois papas”, de Fernando Meirelles) interpreta de forma visceral.

 


A produção é mais uma criação da dupla Mariano Cohen e Gastón Duprat, que assina ótimas comédias para o cinema (“O cidadão ilustre”) e a televisão (“Meu querido zelador” e “Nada”, também disponíveis no Star+).


Cara de pau

 

Coppola, ou Cappa Bianca (referência à cabeleira branca que carrega em toda a sua vida adulta), não era só empresário do craque. Companheiro de noitadas, babá, fazia tudo por ele – e tirava as suas lasquinhas, é claro. A fala é rápida, muitas vezes deixando seu interlocutor sem saber o que fazer. E a cara de pau do personagem impressiona.


Os episódios tratam desta relação de quase duas décadas (os dois romperam no início dos anos 2000 e reataram no fim da vida do jogador) separadamente. Cada um deles enfoca uma fase, seja na Itália, na Argentina ou em Cuba. Ainda que Maradona seja onipresente, ele não é visto na série. Todo o foco está em Coppola. Mas há muito material de arquivo.

 

 


Claro que, com uma figura destas, o humor é escrachado. E o protagonista é um prato cheio. Coppola dava um jeitinho em tudo, passando a perna em quem estivesse na frente. Muito exagerada, já que a narrativa tem início na década de 1980, quando Maradona inicia sua trajetória no Napoli, traz cenas hilárias.

 

Abraço no papa


Por exemplo: a história do papa se dá quando Coppola recebe em seu escritório três cardeais que foram combinar a visita de Maradona. A cena beira o surreal, com ele falando o que lhe dava na telha com os religiosos. A chegada da mulher, a modelo e aspirante a atriz Amalia “Yuyito” González (Mónica Antonópulos), que se derrama em beijos no marido, completa o quadro.


Outro momento hilário dá conta do encontro de Coppola e Enzo Ferrari. Falastrão, consegue fazer com que o criador da Ferrari produza um modelo preto, então único na história, para Maradona.


A produção trata também das relações de Coppola com Berlusconi, então o chefão do Milan, assim como de suas estratégias para esconder as infidelidades do jogador. A edição é rápida, com o uso de elementos para contar a história (algo que lembra as produções de Adam McKay). É tudo muito improvável, coisa de outros tempos, de um mundo sem freios. Para a TV, funciona que é uma beleza.


“O AGENTE DE FUTEBOL”
• A série, com seis episódios, está disponível no Star+