Maestro José Soares, regente associado da Filarmônica, rege  os concertos na Sala  Minas Gerais -  (crédito: Filarmônica de MG/Divulgação)

Maestro José Soares, regente associado da Filarmônica, rege os concertos na Sala Minas Gerais

crédito: Filarmônica de MG/Divulgação

Que o título "Totentanz" (dança da morte, em tradução livre) não afugente ninguém. Este é o primeiro conselho de José Soares, maestro associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sobre os dois concertos desta semana. “O título e as histórias podem causar espanto à primeira vista. Mas são belas melodias, mesmo compostas de histórias tristes e duras”, comenta ele.


Hoje e amanhã (21 e 22/3), às 20h30, a Filarmônica apresenta na Sala Minas Gerais programa com obras de dois compositores húngaros que estão entre os maiores de suas épocas – Franz Liszt no século 19 e Béla Bartók, no 20. O primeiro abre a noite com “Totentanz” e “Concerto para piano nº 1 em mi bemol maior”, este com o solista convidado, o alemão Markus Groh.


O pianista já se apresentou com a orquestra mineira na fase inicial da Filarmônica, no Palácio das Artes. Nesta noite fará sua estreia na Sala Minas Gerais. O concerto será fechado com a suíte do balé “O mandarim maravilhoso”, de Bartók. Entre os dois, o francês Maurice Ravel com “Pavana para uma infanta defunta”.

 


Soares, que rege os concertos, fala da relação entre as obras selecionadas. “A primeira parte, com Liszt, é relativamente convencional. Mas ‘Totentanz’ traz citações que evocam a uma coisa mais contundente, se relaciona muito com o 'Dies Irae' (hino), que vem do canto gregoriano. Já ‘Pavana’ do Ravel é até ingênua. É uma peça da juventude (o primeiro sucesso popular do compositor) que ele escreveu como sendo uma dança de uma princesa. Ou seja, é nostálgica, fala de um tempo que não volta mais, serve para abrir para uma música mais intensa”.


O regente se empolga ao falar da suíte de Bartók. De acordo com Soares, é uma música para tirar o público de sua zona de conforto. “E não é longa, a suíte tem 20 minutos. Mas a concentração é grande para esta viagem.”

 


A história do balé, conta o maestro, acompanha uma jovem que foi sequestrada por três bandidos. Ao ser feita refém, ela tem que se oferecer a pessoas que passam na rua. Desta maneira, os desavisados serão roubados pelos bandidos. O terceiro dos três homens, o mandarim que dá título ao balé, no início não demonstra reações à moça.


Ensaio aberto

 

“Como só vamos tocar a suíte, a história não chega ao final. Mesmo assim, ela traz toda uma carga dramática de uma realidade triste, que podemos relacionar com outras, seja com as pessoas que vivem na região da rodoviária, em Belo Horizonte, ou na Estação da Luz, em São Paulo. É uma música visceral que leva reflexões para o ambiente de uma orquestra”, completa o maestro.


Hoje, o ensaio da Filarmônica será aberto ao público, com entrada pontualmente às 10h. Não será permitido ingressar à Sala Minas Gerais depois desse horário.


ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
Concertos nesta quinta (21/3) e sexta (22/3), às 20h30, na Sala Minas Gerais (Rua Tenente Brito Melo, 1.090 – Barro Preto). Ingressos: De R$ 39,60 (mezanino) a R$ 180 (camarote). O ensaio desta quinta será aberto ao público. A entrada acontece às 10h e não é permitido ingressar depois desse horário. Às 11h15, há intervalo de 20 minutos. Quem quiser pode deixar neste horário a sala de concertos. Depois, a saída só poderá ocorrer quando o ensaio terminar. Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia).