Atividades promovidas neste sábado e domingo no planetário integram o Festival de Verão UFMG -  (crédito: daniel mansur/divulgação)

Atividades promovidas neste sábado e domingo no planetário integram o Festival de Verão UFMG

crédito: daniel mansur/divulgação

Uma sessão de planetário diferente: o céu noturno projetado no interior da cúpula do Espaço do Conhecimento UFMG não traz a disposição atual dos astros, e sim o modo como os corpos celestes estavam alinhados em 1616.

Mais especificamente, em 23 de abril daquele ano, data da morte de William Shakespeare, e um dia após a morte de Miguel de Cervantes. Em paralelo à reprodução do céu estrelado, leituras de trechos das obras dos dois autores.


A sessão de planetário inusitada será realizada neste sábado (16/3) como parte da programação do 18º Festival de Verão UFMG, cujo tema é “Arte palavra: literatura e oralidade”. Haverá ainda neste fim de semana as oficinas Criação de histórias e Desvendando as constelações Guarani.


“Por se tratar de uma programação dentro de um festival lançado com uma temática própria, preferimos trazer atividades que já foram realizadas há alguns anos e que conversam com o mote do evento”, diz a assessora do núcleo de astronomia do Espaço do Conhecimento, Nathalia Fonseca.


Nathalia conta que a sessão do planetário projetando o céu de 1616 foi concebida há oito anos, na época dos 400 anos da morte dos dois escritores. E que o ponto de vista da projeção parte de Madri, cidade em que Cervantes morreu, e de Stratford, onde Shakespeare nasceu e viveu.


POSIÇÃO DAS ESTRELAS

“A gente vai vendo a posição das estrelas, dos planetas e da Lua naquele dia”, diz Nathalia. “Evidentemente, não vamos ter uma diferença muito grande do céu que é visto hoje, porque a posição desses objetos não sofre mudanças significativas em 400, 500 anos. É um movimento muito regular. Mas é interessante podermos ver como os elementos estavam alinhados naquele momento”, afirma.
Também no sábado será realizada a oficina Criação de Histórias. Voltada para o público surdo e mudo, a atividade integra o projeto Sábado com Libras, também da UFMG.

Na ocasião, a atriz e intérprete de Libras Dinalva Andrade vai ensinar estratégias e técnicas que envolvem o processo de criação de histórias por meio de jogos teatrais e da Língua Brasileira de Sinais. A atividade tem como intuito auxiliar os participantes a criarem e compartilharem suas próprias narrativas.


CONSTELAÇÕES GUARANI

No domingo (17/3), será promovida a oficina Desvendando as constelações Guarani. Diferentemente da constelação oficial – termo que a União Astronômica Internacional definiu para as constelações tradicionais desenhadas pelos europeus –, os Guaranis desenvolveram um mapa estelar próprio a partir da semelhança das estrelas com animais que faziam parte de sua realidade.


“Todos os povos ao redor do mundo, em algum momento, olharam para o céu e mapearam esse céu. Mas com padrões diferentes, assimilando a figuras familiares a eles”, aponta Nathalia. “Por isso a constelação Ursa Maior não faria o menor sentido para os Guarani, afinal na nossa região nunca teve urso, diferentemente de animais como ema, anta e veado, que foram associados às estrelas por eles por estarem presentes em sua realidade”, enfatiza.


Em nenhum caso, contudo, as constelações dos Guarani se confundem com alguma “oficial”. Foram outras estrelas analisadas pelos indígenas, conforme explica Nathalia. “A constelação da ema, por exemplo, está na mesma região da Cruzeiro do Sul, mas não conta com nenhuma das estrelas que formam a Crux (nome alternativo do Cruzeiro do Sul).”


Além de servir como mapa, a constelação Guarani também servia como calendário agrícola e religioso, orientando os povos sobre o melhor período para pesca, caça, plantio e colheita. E, no plano espiritual, eram as constelações que avisavam se o recém-nascido viveria ou não – de acordo com mitologia Guarani, uma criança que nascesse na constelação da ema teria poucas chances de vencer o frio e as adversidades climáticas.


“Assim como a constelação ‘oficial’ surgiu calcada em mitos greco-romanos, a constelação Guarani também nasceu de mitos e crenças dos povos originários daqui. E, assim como elas, também existem constelações de outras culturas, que são completamente diferentes e foram baseadas em outros mitos e crenças para além da perspectiva colonizadora”, ressalta Nathalia.


400 ANOS DE SOLIDÃO: SHAKESPEARE E CERVANTES
Sessão de planetário. Neste sábado (16/3), às 15h, e domingo (17/3), às 13h; no Espaço do Conhecimento UFMG (Praça da Liberdade, 700, Funcionários). Entrada franca mediante retirada de ingressos no local. Capacidade: 65 lugares. Informações: (31) 3409-8350.

 

OFICINA DE CRIAÇÃO DE HISTÓRIAS
Voltada para pessoas surdas e mudas. Neste sábado (16/3), às 14h; no Espaço do Conhecimento UFMG (Praça da Liberdade, 700, Funcionários). Entrada franca mediante retirada de ingressos no local duas horas antes da atividade. Número de vagas: 20. Informações: (31) 3409-8350.

 

“DESVENDANDO AS CONSTELAÇÕES GUARANI”
Oficina para todos os públicos. Neste domingo (17/3), às 15h; no Espaço do Conhecimento UFMG (Praça da Liberdade, 700, Funcionários). Entrada franca mediante retirada de ingressos no local, duas horas antes da atividade. Número de vagas: 15. Informações: (31) 3409-8350.