Visitantes observam exposição realizada na edição 2023 do evento, cujo tema foi

Visitantes observam exposição realizada na edição 2023 do evento, cujo tema foi "Outros outros"

crédito: Eugenio Savio/Divulgação

No começo era um grupo de amigos fotógrafos e muita vontade de dar certo. Em 2011, o Festival de Fotografia de Tiradentes nasceu a partir do Foto em Pauta, então um evento mensal realizado em Belo Horizonte, que abordava, a cada edição, a obra de um artista. Treze edições mais tarde, o evento se tornou o maior e mais importante de seu segmento no Brasil.


A partir desta quarta-feira (6/3) até o próximo domingo (10/3), a 13ª edição do evento vai apresentar, em vários espaços da cidade histórica, uma série de iniciativas. Com a Terra como tema central, o festival vai se desmembrar em exposições, encontros com artistas, debates, apresentação de portfólios, lançamentos de livros e projeções.

 


 

"O evento é muito amplo e diverso. O tema Terra nasceu como uma continuidade dos últimos anos, que mostrou uma preocupação com tudo relacionado a ele. Neste ano, encerramos uma trilogia iniciada com 'Cosmopolítica' (tema de 2022) e 'Outros outros' (nome da principal exposição da edição do ano passado)", afirma o fotógrafo Eugênio Sávio, idealizador e diretor artístico do festival.


Como a fotografia traz muito da capacidade que cada um tem de olhar para o mundo, a temática geral será desmembrada de diferentes maneiras. "Tem tanto a nossa relação com a Terra, com a história, com a própria Serra de São José (que contorna Tiradentes), com a exuberância na natureza", diz Sávio.


A principal exposição, "Extetika da Terra", com curadoria de João Castilho e Pedro David, vai levar até o Centro Cultural Yves Alves trabalhos de fotógrafos brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas – entre eles, Marc Ferrez, principal fotógrafo brasileiro do século 19, à dupla suíça Peter Fischli e David Weiss, que atuou de 1979 a 2012, quando da morte de Weiss.


Trabalho local


Outras mostras vão tratar da temática de outro modo: "Serra de todos nós" (no Largo das Fôrras), vai reunir imagens de moradores locais sobre a já citada Serra de São José; "Poéticas da floresta" (no Museu de Sant'Anna) apresenta imagens dos povos do Xingu a partir do encontro dos fotógrafos Renato Soares e Piratá Waurá.


O festival criou nesta edição a convocatória "Diálogos da Terra", que vai resultar em uma projeção no Largo das Fôrras com trabalhos de 200 fotógrafos. "Esse formato digital, que fizemos no início (do evento), voltou agora mais amadurecido. Mais de 500 artistas mandaram seus trabalhos para a convocatória, que acabou se tornando mais generosa", comenta Sávio.

 


A seleção das imagens ficou a cargo de Glaucia Nogueira e Mônica Maia – as projeções, com duas horas de duração, na sexta e no sábado, terão trilha tocada ao vivo por Marcos Souza e convidados. “Impermanências do visível” é outra projeção que será realizada no festival – a iniciativa veio da UFMG.


A partir da programação criada pela organização do evento, outras ações foram desenvolvidas. "Nós vamos produzir quatro exposições, mas o evento vai ter 22. Temos uma história incrível de adesão de coletivos e também de pessoas individuais que encontram espaços na cidade e os ocupam de forma muito orgânica", diz Sávio.


Apresentação de portfólios é uma iniciativa comum em eventos dedicados às artes visuais. Neste ano, foram mais de 200 fotógrafos e 20 selecionados, que irão fazer uma apresentação de sua obra para o público. Desta vez, todos os participantes serão remunerados, segundo afirma o diretor artístico.


Outro viés que ele destaca é o lançamento de livros. Serão aproximadamente 60. "Não é uma coisa nova, mas os fotolivros têm crescido muito. A fotografia se adapta muito bem ao formato, e um livro não é só para mostrar imagem, mas para construir um discurso, contar uma história. Agora, a maior parte é de obras de pequenas editoras ou autopublicadas. Hoje, a exposição demanda um investimento caro. Já o livro, não: com uma baixa tiragem, ele se torna uma ferramenta atraente do ponto de vista do custo", aponta Sávio.

Ações futuras

Ao longo do ano, haverá outros dois eventos produzidos pelo mesmo grupo em torno da fotografia. De maio a outubro, o Foto em Pauta realiza sua temporada de 20 anos, no Cine Santa Tereza. Os encontros em Belo Horizonte que geraram o evento em Tiradentes apresentam, a cada edição, a obra de um fotógrafo. Já no segundo semestre a cidade de Araxá recebe pelo terceiro ano seu festival, também realizado em vários espaços.

 

13º FESTIVAL DE FOTOGRAFIA DE TIRADENTES – FOTO EM PAUTA
Desta quarta (6/3) até domingo (10/3), na cidade histórica mineira. Programação completa no site. Entrada franca.