Carlos Herculano Lopes trabalhou por 25 anos no jornal Estado de Minas, onde publicou coluna semanal de crônicas -  (crédito: Dsette/divulgação)

Carlos Herculano Lopes trabalhou por 25 anos no jornal Estado de Minas, onde publicou coluna semanal de crônicas

crédito: Dsette/divulgação

O jornalista e escritor Carlos Herculano Lopes, de 67 anos, é o novo integrante da Academia Mineira de Letras (AML). Ele vai ocupar a cadeira nº 37, que pertencia a Olavo Romano, morto em novembro do ano passado. Disputou com sete candidatos e se elegeu com 27 votos no colégio eleitoral formado por 35 acadêmicos. Dois deles votaram em branco.


Nascido em Coluna, no Vale do Rio Doce, Carlos Herculano lançou 15 livros, entre romances, crônicas e contos. Trabalhou 25 anos no jornal Estado de Minas, onde conquistou leitores fiéis com crônicas publicadas durante 14 anos.

 

Cinema e TV

 

O escritor tem obras adaptadas para o cinema. O filme “Sombras de julho”, dirigido por Marco Altberg, foi lançado em 1995. “O vestido”, com direção de Paulo Thiago, estreou em 2007. “Poltrona 27”, sob direção de Paulo Thiago, foi transformado em minissérie do Canal Brasil em 2017.

 


O primeiro livro, “O sol nas paredes”, de contos, foi publicado por conta própria, em 1980. “A dança dos cabelos” rendeu ao mineiro os prêmios Guimarães Rosa e Lei Sarney, em 1987. Carlos Herculano foi finalista do Prêmio Jabuti, finalista do Prêmio Portugal Telecom, recebeu o prêmio da 5ª Bienal de Literatura Brasileira e o Prêmio Especial do Júri da União Brasileira de Escritores.

 


“Carlos Herculano Lopes chega à Academia Mineira de Letras com três principais credenciais. A primeira, de ficcionista, com contos e romances em que, a par da sofisticação estilística, explora o mar de histórias de Minas Gerais. A isso se soma a atuação como jornalista, numa produção como cronista extensa e variada. Finalmente, não se pode esquecer sua atuação como roteirista para o cinema. Sua eleição enriquece a Academia em todas essas dimensões”, afirma Jacyntho Lins Brandão, presidente da AML, em comunicado à imprensa.

 


“Sempre tive ótima relação com a Academia Mineira de Letras. Quando comecei a trabalhar no EM, em 1979, levado por Carlos Felipe e Geraldo Magalhães, uma das primeiras entrevistas que fiz foi com Vivaldi Moreira, então presidente da casa, do qual me tornei amigo. Na ocasião, ele me presenteou com o seu livro de memórias, 'O menino da mata e o seu cão piloto'”, relembra Carlos Herculano.

 


“No correr dos anos, tive a oportunidade, como repórter, de estar presente no dia a dia da AML, seja em lançamentos de livros ou entrevistando escritores. Tantos anos depois, tantas águas passadas, tantos livros escritos, tantas mudanças no país, ter o privilégio de ser eleito para a cadeira 37, que pertenceu ao meu querido amigo e grande escritor Olavo Romano, o último ocupante, é uma grande alegria”, afirma o novo acadêmico.

 

 

Jornalismo e literatura

 

Carlos Herculano ressalta também a importância de sua vivência na imprensa. “Repórter e cronista, assinei crônica semanal, após convite feito por Josemar Giménez, e tive grandes mestres, amigos que muito me ensinaram: Carlos Felipe, Geraldo Magalhães, Roberto Drummond e João Paulo Cunha, meu editor durante 15 anos no EM Cultura, uma das mentes mais brilhantes que já conheci. Nossas conversas, as dicas que ele me deu sobre livros, como conduzir uma matéria, foram fundamentais no desenvolvimento de minha trajetória como repórter e ficcionista”, diz.


Colegas saudaram o novo acadêmico. “Nosso Carlos Herculano é um mestre da ficção. Seus contos e romances delineiam fatos e personagens em alta tensão, pelo que são facilmente levados, e com sucesso, para a televisão e para o cinema”, diz Antoineta Cunha, vice-presidente da AML.

 


“Carlos Herculano é um intelectual de múltiplas dimensões. Em primeiro lugar, é um jornalista, um homem da imprensa, alguém que dedicou sua vida às redações e à reportagem”, observa Rogério Faria Tavares, ex-presidente da AML.

 


“Em segundo lugar, como até desdobramento da sua função de jornalista, ele é um grande cronista, um grande observador da vida cotidiana. Sucedeu Roberto Drummond em seu posto de cronista do EM, quando Roberto Drummond faleceu. Carlos Herculano Lopes é o cronista da vida cotidiana, que vê o encanto, que vê o fascínio, que vê o mistério e a beleza do banal, do trivial, do cotidiano. Tem muito de repórter no Carlos Herculano cronista”, destaca Tavares.

 


“Em terceiro lugar, ele é um romancista de fôlego, de qualidade e de pleno domínio da técnica do romance. É alguém que ergueu uma obra sólida. Finalmente, é uma pessoa de trato ameno, cordial, elegante e suave. Não conheço ninguém que não goste de Carlos Herculano Lopes”, diz Tavares.

 

Volume de crônicas


O escritor e jornalista é casado com a médica Adrianne Mary Leão Sette e Oliveira, com quem vive em Belo Horizonte. Duzentas de suas crônicas, selecionadas entre cerca de 1,5 mil publicadas no Estado de Minas, serão lançadas em um único volume este ano, sob organização do escritor Jacques Fux.

 


“Agora em abril, pela Record, sai a oitava edição do romance 'O último conhaque'. No segundo semestre, pela mesma editora, será lançada a 17ª edição de 'Sombras de julho'”, informa o novo integrante da AML.