A arquitetura das moradias ribeirinhas é um dos pontos de destaque da mostra, idealizada pelo designer paraense Carlos Alcantarino -  (crédito: Carlos Alcantarino/Divulgação)

A arquitetura das moradias ribeirinhas é um dos pontos de destaque da mostra, idealizada pelo designer paraense Carlos Alcantarino

crédito: Carlos Alcantarino/Divulgação

Depois de passar pelos estados do Pará e São Paulo, a mostra “Caboclos da Amazônia: Arquitetura, design e música” desembarcou em Minas Gerais. Concebida pelo designer paraense Carlos Alcantarino, com destaque para a produção de seu estado, a exposição fica em cartaz até março, no Museu Inimá de Paula.

Divididas nos três eixos temáticos do título, as mais de 300 peças buscam recriar e ressaltar a rica atmosfera cultural própria dos caboclos que habitam a floresta.

Carlos Alcantarino é nascido em Belém do Pará e radicado no Rio de Janeiro desde 1982. Designer autodidata, formado em engenharia civil com mestrado pela PUC-Rio, ele fundou o Estúdio Alcantarino em 1996 e se concentrou na área do design sustentável.

"Comecei a fotografar, viajei para diferentes partes do Pará para fazer essas fotos. A ideia inicial seria fazer um livro de arte, mas o acervo cresceu muito e então resolvi fazer uma exposição mais completa sobre esse modo de viver do ribeirinho", afirma.

A exposição traz imagens de Alcantarino que dão destaque à arquitetura local. "A arquitetura ribeirinha é muito simples, mas muito bem executada. Isso me chamou muito a atenção. Conheço muitos arquitetos e, mesmo eles fazendo lindos e mirabolantes projetos, existe um saber aqui que é único e faz esse trabalho totalmente integrado à natureza", comenta.


Pintura

Para receber a mostra, as paredes do museu foram pintadas nas cores características dessas habitações. "É interessante observar que, muitas vezes, o exterior das casas é muito simples, mas, quando abrimos a porta, é todo um novo universo. Os ribeirinhos não seguem esse padrão minimalista cheio de tons de bege. As cores e texturas aqui são superexuberantes", afirma o idealizador da exposição.

Outro destaque são os barcos com seus nomes estampados na proa. As inscrições nas embarcações são confeccionadas pelos talentosos artistas conhecidos como “abridores de letra”, e o ofício é passado de geração a geração.

A música paraense é outro pilar da cultura que ganha holofotes na exposição. A expografia procurou criar uma atmosfera que evoca os bares à beira da estrada do interior amazônico, com destaque para a trilha sonora, que inclui os ritmos de carimbó, guitarrada e festa de aparelhagem. Também estão presentes três instalações de vídeo que trazem uma imersão neste universo.

"A música paraense embala essa história toda, então fizemos vídeos explicando o que são esses ritmos – carimbó, guitarradas e tecnobrega", diz Alcantarino.

O núcleo objetos apresenta instalações feitas a partir de objetos típicos da vida cotidiana paraense, como carrinho de raspa-raspa, garrafas com ervas do Mercado Ver-o-Peso, brinquedos feitos de miriti e pipas.

“CABOCLOS DA AMAZÔNIA – ARQUITETURA, DESIGN, MÚSICA”
Exposição em cartaz no Museu Inimá de Paula (Rua da Bahia, 1.201, Centro). Às terças, quartas, sextas e sábados, das 10h às 18h30; às quintas, das 12h às 20h30, domingos, das 10h às 16h30. Até 31/3. Entrada gratuita. Mais informações: (31) 3213-4320.