Oitenta anos depois, a história começa de novo. Nesta noite (7/1), a partir das 22h (horário de Brasília), tem início a cerimônia da 81ª edição do Globo de Ouro. Quem acompanha a temporada de premiações da indústria norte-americana sabe como é. Os Globes, como são chamados lá fora, marcam a abertura da temporada de distribuição de troféus – que culmina com o Oscar, neste ano em 10 de março.


Também se sabe que como cerimônia a do Globo de Ouro sempre teve muita visibilidade e pouca importância. Ficou conhecida como uma festa em que astros e estrelas ficam à vontade no The Beverly Hilton (a bebida sem economia é regra), um contraponto diante da sisudez estudada do Oscar. Mas não custa lembrar que o número de votantes sempre foi mínimo. Ou seja, um Globe nunca garante uma outra estatueta dourada na temporada. A festa sempre serviu como uma promoção para os filmes que estão em campanha para o Oscar.

 



 


Pois a noite deste domingo quer ser diferente, um recomeço depois de um escândalo que expôs a Associação dos Correspondentes Estrangeiros de Hollywood (HFPA), organização responsável pelo prêmio.


RACISMO E SUBORNO


Em reportagem publicada em fevereiro de 2021, o Los Angeles Times mostrou que não havia diversidade entre os membros votantes (entre as menos de 100 pessoas que integravam a HFPA, não havia sequer um jornalista negro). Mais: havia casos de favorecimento a determinados filmes mediante suborno de parte dos votantes do grupo. E um ex-presidente, Phillip Berk, atacou o movimento Black Lives Matter em conversa num grupo privado.


A repercussão foi grande, de celebridades que foram a público criticar o racismo da HFPA, à rede NBC, que cancelou a transmissão da edição de número 79 do prêmio. As mudanças foram enormes ao longo dos dois últimos anos. E a noite de hoje poderá mostrar se foram (ou não) efetivas.


A premiação foi vendida para a Dick Clark Productions e Todd Boehly’s Eldridge. Com os novos "donos", a HFPA simplesmente acabou. O número de votantes foi amplamente ampliado – dos 87 do passado, hoje são cerca de 300, de 76 países. A rede CBS se tornou a responsável pela transmissão.
A edição de 2022 não foi televisionada. A de 2023 sim, mas não houve transmissão no Brasil. Neste ano, voltaremos a assistir à festa – por aqui, será exibida no canal pago TNT e na plataforma HBO Max. A conferir se as mudanças de ordem corporativa vão afetar a cerimônia, deixando-a mais comportada (e menos interessante para o voyeurismo do telespectador).


ESTREIA NA APRESENTAÇÃO

 

A premiação, com duração prevista de três horas, será comandada pela primeira vez pelo comediante Jo Koy. Nunca ouviu falar? Não é o único, pelo menos nessas plagas. Aos 52 anos, é nome de ponta do stand up nos EUA. No cinema, sua participação mais notada é no recente "Mansão mal-assombrada" (2023). Na Netflix, lançou quatro shows de comédia nos últimos cinco anos, o último deles "Jo Koy: Ao vivo em Los Angeles" (2022). Assinou contrato com a plataforma para mais dois.


Mesmo que Jo Koy não seja um nome muito conhecido, não faltarão celebridades no palco do Beverly Hilton. Já foram confirmados, para apresentar as diferentes categorias, Ben Affleck, Jodie Foster, Naomi Watts, Kevin Costner, Matt Damon, Oprah Winfrey, Michelle Yeoh, Will Ferrell, Jared Leto, Dua Lipa e Keri Russell.


CAMPEÕES DE INDICAÇÕES

 

A noite terá 27 prêmios, 15 para cinema e 12 para televisão. Além das categorias tradicionais, a de cinema contará com uma novidade: a do prêmio de bilheteria. Ou seja, só participam campeões de público – no caso, para se qualificar em uma das oito vagas, a produção teve que ter arrecadado mais de US$ 150 milhões ou tido uma audiência no streaming comparável. São oito concorrentes, três a mais do que os das demais categorias.


Salvo exceções, via de regra os preferidos da crítica não estão entre os mais populares. Com a nova categoria, blockbusters que não têm tanto valor artístico poderiam sair com seu Globo de Ouro (o que chamaria a atenção de uma audiência que não está muito preocupada com questões estéticas).


Mesmo assim, alguns dos campeões de indicações vão concorrer à do prêmio de bilheteria. Quem dispara na frente neste Globo de Ouro é, obviamente, o arrasa-quarteirão de 2023. "Barbie", de Greta Gerwig, o filme mais visto do ano que passou (atingiu US$ 1,4 bilhão), foi nomeado em nove categorias (isto inclui, é claro, o do prêmio de bilheteria). Nove foi ainda o número de indicações do campeão na categoria de TV – no caso, a quarta e última temporada de "Succession", da HBO.


SWIFTIES NA TORCIDA

 

Voltando ao cinema, o segundo colocado em número de indicações, "Oppenheimer", de Christopher Nolan, vem logo em seguida, com oito nomeações. A cinebiografia sobre o inventor da bomba atômica é um dos concorrentes da nova categoria.


Um dos títulos que chama a atenção entre os campeões de bilheteria é o documentário “Taylor Swift: The eras tour”. Com a inclusão, espera-se que os "swifties", como são chamados os integrantes do exército de fãs que a cantora tem mundo afora, assistam à cerimônia. Seria um novo público para o Globo de Ouro, um prêmio que, repaginado, tem que provar que é relevante – e o que os escândalos ficaram no passado. 

 

GLOBO DE OURO
A cerimônia será transmitida neste domingo (7/1),
a partir das 22h, no canal TNT e na HBO Max.

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