"Succession", com trama sobre dinheiro e poder, foi dos títulos mais comentados do ano

crédito: hbo/divulgação

É fato: o brasileiro adora o streaming. Pela primeira vez, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística incluiu o serviço pago na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua.

 

Os dados, apresentados no final deste ano, são referentes a 2022. Dão conta de que o streaming de vídeo (plataformas como Netflix, Prime Video e Disney+) está presente em 43,4% das residências com aparelhos de TV (algo como 31 milhões de domicílios).

Ou seja, quando uma série se torna sucesso, a discussão em torno dela entra na ordem do dia. E “Succession” (HBO), em seu sexto e último ano, conseguiu extrapolar o debate – sua influência chegou ao universo da moda, e o comportamento errático dos personagens passou a ser analisado até pela psicologia.

“Succession” acompanhou uma das mais poderosas famílias do mundo e sua incansável (e suja, para não dizer imunda) briga pelo poder. Shakespeare (“Ricardo III”), a “Bíblia” (com a parábola do filho pródigo) e também a vida real (com destaque para o magnata da mídia Rupert Murdoch) estão entre as inspirações da trama, cuja reviravolta na temporada final virou um divisor de águas na roteirização de séries.

Séries estreantes

Entre as estreantes, outra da HBO que está entre as melhores da última safra é “The last of us”. A adaptação do game homônimo conseguiu manter fidelidade ao produto de origem e emocionar plateias que passam longe dos jogos, ao acompanhar a jornada de um homem (Pedro Pascal). Cheio de ódio pela perda da filha no início de um apocalipse, ele se torna o cuidador de uma adolescente, a única que pode salvar a raça humana da destruição total.

A comédia “Na mira do júri” (Prime Video) brinca com os limites entre ficção e realidade. Em formato de falso documentário, acompanha um julgamento nos EUA. Todo mundo em cena é ator, menos o presidente do júri – o único a não saber disto. O formato garante boas risadas e surpresas, já que o elenco teve que improvisar durante as gravações para que o protagonista não descobrisse a verdade.

Nem toda grande série arregimenta multidões. Nesta seara, a segunda temporada de “O urso” (Star+) é uma pequena pérola sobre as relações humanas. Um chef transforma um restaurante em obras em uma panela de pressão disfuncional. O elenco, formidável, é capitaneado por Jeremy Allen White.

Gol argentino

Também do Star+, a argentina “Nada” é outro achado. São cinco episódios sobre um crítico gastronômico impiedoso que, chegado aos 80, tem que lidar com a vida real quando se vê sozinho em Buenos Aires. A cereja do bolo é Robert de Niro, em sua estreia numa série.

Da produção nacional, duas séries estreantes foram exemplares ao mostrar a diversidade do país e da produção nacional. “Os outros”, do Globoplay, mira nos privilégios e nas distorções da sociedade, a partir da briga entre dois adolescentes de um condomínio no Rio.

Já “Cangaço novo”, do Prime Video, vai para o sertão do Ceará para acompanhar uma disputa de poder. Banditismo, vingança, drama familiar e ação são os ingredientes deste western nordestino, com direção e elenco muito seguros. “Os outros” e “Cangaço novo” garantiram uma segunda temporada.