O carioca Paulinho Moska, de 56 anos, se diz um artista apaixonado pela canção -  (crédito: Karime Franca/divulgação)

O carioca Paulinho Moska, de 56 anos, se diz um artista apaixonado pela canção

crédito: Karime Franca/divulgação


A bordo de uma sonoridade mais pop rock que remonta ao início de seu percurso na música, Paulinho Moska chega a Belo Horizonte com a turnê que marca seus 30 anos de trajetória solo, nesta sexta-feira (1/12), às 21h, no Grande Teatro do Sesc Palladium. O show deriva de seu mais recente álbum, “Beleza e medo”, lançado em 2018, mas não se concentra no repertório deste trabalho – trata-se de uma retrospectiva de carreira.

 

Sucessos autorais, como “Pensando em você” e “Namora comigo”, compõem o roteiro ao lado de canções de outros compositores, como “Metamorfose ambulante”, de Raul Seixas, “Um girassol da cor de seu cabelo”, de Lô e Márcio Borges, e “A idade do céu”, versão dele para “La edad del cielo”, do uruguaio Jorge Drexler.

 

O repertório mudou bastante desde a estreia da turnê, no ano em que “Beleza e medo” foi lançado. “Em 2018, eu tocava cinco músicas do disco mais recente, hoje só toco uma, o resto são todas canções mais antigas. A turnê de 'Beleza e medo' foi se transformando na turnê de 30 anos de carreira solo”, diz.

 

Permanece no show a pegada mais roqueira que marca “Beleza e medo” com a qual, há mais de 30 anos, ele despontou como cantor e compositor, primeiramente integrando o grupo Inimigos do Rei.

 

 

Moska, de 56 anos, deu os primeiros passos na carreira com 20. “Já gostava muito de música, tocava violão, compunha, mas criamos o Inimigos do Rei como uma aventura de humor. Uma gravadora se interessou e rapidamente nos tornamos sucesso no rádio e na TV. Foi uma experiência fantástica, mas o que estou comemorando agora é o período a partir de quando saí do grupo”, pontua.


Lenny Kravitz

 

Seu primeiro disco solo, “Vontade”, de 1993, manteve, em certa medida, o tom roqueiro da banda que ele tinha acabado de deixar. “É um trabalho bem distorcido, com sonoridade anos 1970, gravado em equipamento analógico. Era uma época em que eu estava apaixonado por Lenny Kravitz. Depois é que fui enveredando pela MPB, gravei algumas coisas eletrônicas, fui me descobrindo cantautor que podia vestir a roupa que quisesse”, recapitula.

 

A presença de Rodrigo Suricato, vocalista e guitarrista do Barão Vermelho, como diretor musical do show ajuda a fechar o arco temporal da turnê. “Ele tocou comigo por alguns anos, no início, e por conta da pegada roqueira de 'Beleza e medo' o chamei para a direção musical. Ele escreveu arranjos e ajudou a montar uma banda coesa como se fosse um grupo novo – não apenas meros músicos acompanhantes”, destaca.

 

Moska conta que quando deixou o Inimigos do Rei se inspirou em expoentes da MPB, seus ídolos, como Caetano, Gil, Milton Nascimento e Djavan, para dar início à sua caminhada solo. Diferentemente do que havia ocorrido com seu ex-grupo, o processo de conquistar espaço e reconhecimento foi mais lento.

 

“O Inimigos do Rei subiu e desceu muito rápido, como ainda hoje acontece com milhões de bandas e artistas. Eu pensava em algo mais longevo, estruturado, e sabia que isso não viria pelo sucesso rápido, guiado pelo mercado. Foi uma decisão tomada há 30 anos de apostar no trabalho autoral, com letras mais elaboradas. A comemoração que esta turnê representa diz respeito a essa tarefa que me impus”, ressalta.

 

Ele celebra o fato de, hoje, ter várias músicas conhecidas pelo público que o acompanha, o que lhe dá mais liberdade e maleabilidade para montar o roteiro de um show. Moska lembra que, no início da carreira solo, tinha de abrir suas apresentações com a canção que estava tocando no rádio e fechar com a mesma música – pelo simples fato de que ainda não tinha repertório de sucessos. “Hoje, posso explorar minha obra. Saber, em um show, o que funciona, onde e como funciona”, diz.

 

“O que se mantém, desde o início, é meu interesse pela canção. Nunca fiz trilha, nunca trabalhei com música instrumental, nunca compus sem letra. Minha paixão é a combinação da música com a letra, é daí que sai tudo”, diz, chamando a atenção para o fato de, durante 11 anos, ter capitaneado no Canal Brasil a série “Zoombido”, de trocas musicais e de ideias com outros cantautores – foram mais de 270 participações.

 

Com relação ao que mudou, ele aponta o fato de amadurecer artisticamente e emocionalmente. “A gente vai criando um filtro, fica cada vez mais difícil compor. Eu compunha com muita facilidade e em grande quantidade; hoje não, exijo mais de mim mesmo. Então, é uma peneira que vai ficando mais fina. Comecei gravando meus álbuns com intervalos de um ano e meio. Meus três discos mais recentes de inéditas saíram com intervalos de sete anos. Hoje, escolho mais meu trabalho, onde vou e como vou”, ressalta.

 

“BELEZA E MEDO”


Show de Paulinho Moska. Nesta sexta-feira (1/12), às 21h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Plateia 2: R$ 140 (inteira) e R$ 70 (meia). Plateia 3: R$ 130 (inteira) e R$ 65 (meia). À venda na plataforma Sympla e na bilheteria do teatro. Ingressos para a plateia 1 estão esgotados. Informações: (31) 3270-8100