Alícia Duarte Penna conta que escreveu os poemas de

Alícia Duarte Penna conta que escreveu os poemas de "origem-destino" entre 2012 e 2023

crédito: IMPRESSÕES DE MINAS/DIVULGAÇÃO

 

 
O olhar sensível e atento de Alícia Duarte Penna ao falar da cidade deixa escapar a sua relação de uma vida dedicada aos estudos de urbanismo. Professora de arquitetura e urbanismo na PUC Minas, sua trajetória acadêmica também transita pelo curso de geografia. Na literatura, a escritora usou dos mesmos recursos, mas desta vez com as palavras.

"Minha poesia se relaciona muito com minha área de formação. Quando defendi meu doutorado em geografia, a banca me acusou de ser muito literária. Lembro-me de responder que não há como me partir ao meio, apesar de eu ser tão múltipla, sou uma pessoa só", contou.

 

SEGUNDO SENTIDO

 E Alícia, a escritora, lança "origem-destino" (Impressões de Minas), neste sábado (25/11), na Livraria Scriptum. Com poemas escritos de 2012 a 2023, o trabalho minucioso de organizar a obra foi feito pela própria escritora, que, conforme diz, percebe este momento como um segundo ato sobre seu novo livro.

"Eu vou encaixando um poema no outro de forma a criar um eco. Acredito que o poema funcione melhor em conjunto com o que está atrás e na frente dele, então um poema é muito diferente sozinho do que em um livro. E, juntos, ganham um segundo sentido." diz a poetisa.

 

"origem-destino" é o nome do livro homônimo ao poema que o encerra. As duas palavras – "origem" e "destino" – são escritas assim mesmo, sem maiúsculas e aproximadas pelo hífen. A proposta é fazer com que o leitor reflita sobre o tempo, não diante de uma determinação, tampouco de um começo e de um fim. Juntas, as duas palavras se propõem a formar uma só, que pode remeter tanto a herança quanto a projeto.

 

EIXOS URBANOS

Foi em meio à pandemia de COVID que Alícia Penna começou seu trabalho de organização. O livro é dividido em três eixos. Nas palavras da autora, a primeira parte é uma visão cinematográfica de cenas e personagens urbanos, encontros na cidade. A segunda parte é mais sobre encontros amorosos, a linguagem da família, algo mais íntimo. Já a terceira vem em outro tom, mais saltitante, um humor modernista.

Foi no isolamento imposto pela pandemia que muitos artistas se conectaram com novos projetos, e com Alícia não foi diferente. Embora sua relação com a literatura não seja de agora – ela escreve poemas desde os 15 anos e já teve dois livros publicados: "Duo terno e gravata" e "Quarenta poemas e dez" –, o desejo de alcançar as pessoas com sua poesia ressurgiu forte no contexto pandêmico.

"Durante a pandemia, a impressão que tive era de ter 15 peles sobre a minha. Minha intenção inicial era de me aproximar do leitor através da minha obra. Então o livro, a princípio, seria feito manufaturado, em cadernos, com poemas manuscritos, e eu os enviaria pelo correio, gravaria os poemas e soltaria nas redes. Era uma tentativa de aproximação daqueles corpos isolados pela pandemia."

 

 CARTA PARA CARLOS

Alícia, entretanto, não concluiu o projeto durante a pandemia. "Só depois da vacina que consegui me concentrar para finalizá-lo", ela contou, mas o desejo de afetar as pessoas com sua poesia se conservou e se traduz no lançamento de "origem-destino" neste sábado.

"Quando eu era adolescente escrevi uma carta para Drummond, e ele me respondeu dizendo: 'Pra quem lança palavras ao vento, a maior recompensa é ser conhecido como alguém próximo por quem as leu.'"

"origem-destino"
De Alícia Duarte Penna
Editora Impressões de Minas
136 págins
Preço sugerido: R$ 55

Lançamento neste sábado (25/11), das 11h30 às 14h30, na Livraria Scriptum (Rua Fernandes Tourinho, 99, Savassi).