Membros do SAG-AFTRA, o sindicato dos atores, protestam por melhores condições contratuais e proteção contra o uso da inteligência artificial na indústria audiovisual -  (crédito: Frederic J. BROWN/AFP)

Membros do SAG-AFTRA, o sindicato dos atores, protestam por melhores condições contratuais e proteção contra o uso da inteligência artificial na indústria audiovisual

crédito: Frederic J. BROWN/AFP

Os atores de Hollywood, em greve desde julho, disseram que estavam em desacordo em pontos como o que se refere à inteligência artificial (IA) na "última, melhor e definitiva" proposta dos estúdios. "Há vários pontos essenciais nos quais ainda não temos um acordo, incluindo a inteligência artificial", disse o sindicato dos atores SAG-AFTRA, em comunicado na última segunda-feira (6/11) e divulgado na noite de terça (7/11).

A associação, que representa cerca de 160 mil artistas que vão desde figurantes até grandes astros da tela grande, disse que "está determinada a garantir o acordo correto e, portanto, terminar esta greve de forma responsável".

Os estúdios, representados pela Associação de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP), enviaram no último sábado (4/11) sua "última, melhor e definitiva" proposta de acordo com o SAG-AFTRA, cujos negociadores responderam na manhã de segunda.

O sindicato só disse que as divergências continuam, sem oferecer detalhes adicionais. "Vamos mantê-los informados na medida em que os eventos se desenvolvem."

O codiretor-executivo da Netflix, Ted Sarandos, disse à reportagem, também na segunda-feira, que estava convencido de que um acordo estaria próximo. "Estamos trabalhando muito duro para consegui-lo. Acho que estamos muito perto", comentou. "Mas estes são acordos complicados e estamos navegando por águas difíceis."

Sarandos enfatizou o impacto econômico da paralisação. "Nosso objetivo é que a gente volte a trabalhar. Foi realmente um peso para todos... 20% da economia da Califórnia está amarrada a esta greve."


PRESSÃO POR TODO LADO

Os membros do SAG-AFTRA abandonaram os sets de gravação em julho, em protesto por melhores condições contratuais e proteções contra o uso da inteligência artificial na indústria. A paralisação já se estende por quase quatro meses colocando ambas as partes sob pressão.

De um lado, os atores enfrentam as dificuldades econômicas da greve, enquanto do outro os estúdios, que tiveram que ajustar seu calendário de lançamentos, não veem a hora de retomar as produções e alimentar suas plataformas com conteúdo.

Os atores começaram a paralisação em julho, emulando o sindicato de roteiristas que tinha iniciado uma greve também por diferenças contratuais.

Uma paralisação simultânea não se via em Hollywood desde 1960, quando o ator e futuro presidente americano, Ronald Reagan, liderou as ações de protesto.

Os estúdios e os roteiristas chegaram a um acordo em setembro e puseram fim à paralisação que durou quase 150 dias. A resolução trouxe otimismo a Hollywood, com estúdios e atores voltando à mesa de negociação. Mas as conversas fracassaram novamente.

Assim como os roteiristas, os atores pedem aumentos salariais, transparência sobre o lucro na era do streaming e medidas de proteção contra a inteligência artificial (IA), que é um dos principais pontos de atrito.

A paralisação representando um enorme golpe econômico para Hollywood estimado em 6,5 bilhões de dólares (R$ 31,8 bilhões), de acordo com especialistas.